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quinta-feira, 2 de dezembro de 2010

Relatórios divulgados por site explicam a libertação de Mandela e a revolução islâmica

Nelson Mandela (esq.) e Frederik Willem de Klerk, o último presidente do apartheid
na África do Sul; documentos revelam dados sobre a libertação do líder negro
O conjunto de documentos vazados inclui vários cujo valor principal é a luz que projetam sobre acontecimentos históricos cujas consequências, em alguns casos, se prolongam até hoje. Os dois primeiros são os mais antigos do pacote que é publicado: foram enviados em 1966 e 1972 da Argentina e do Irã. O terceiro também procede do Irã, mas oito anos depois, em plena revolução islâmica. O quarto, de 1986, faz referência à libertação de dois terroristas xiitas por parte da Espanha. E o último, de 1990, informa sobre a iminente libertação do líder sul-africano Nelson Mandela, o princípio do fim do "apartheid".

- Argentina e as Malvinas. Em 28 de dezembro de 1966, seis meses depois do golpe de Estado do general Juan Carlos Onganía e 15 anos antes da guerra que Reino Unido e Argentina disputaram pelas ilhas Malvinas (Falklands), a embaixada de Buenos Aires alerta que a Argentina planeja aumentar substancialmente suas águas territoriais nas próximas semanas, envolvendo em sua nova configuração as Malvinas. "A imprensa informa e diversas fontes da embaixada confirmam que a nova legislação argentina, que muda de forma unilateral a jurisdição marítima, está em avançado estado de revisão", diz o documento, que atribui a urgência da decisão ao alarme provocado nas Forças Armadas do país pelo aparecimento em águas argentinas de navios cubanos e soviéticos. A embaixada explica que tentou frear a decisão informando aos oficiais argentinos que a mudança não solucionaria o problema e poderia criar "novas fontes de mal-entendidos e conflitos".

- Esquadrões para o xá. Em 25 de fevereiro de 1972, o embaixador no Irã informa que o xá da Pérsia, através de seu ministro da Defesa, pediu aos EUA que façam um esforço e acelerem a entrega de 16 esquadrões de caças F-4. O motivo da urgência do monarca Reza Pahlevi é sua preocupação pelas "ambições da União Soviética e pelo recente acordo de amizade assinado pela URSS e o Iraque". O embaixador recomenda que se atendam os pedidos do xá e que deem ao Irã a prioridade na entrega de esquadrões.

- Os persas e seu "egoísmo desenfreado". Aqui há um exemplo de telegrama de conteúdo "psicológico". Em 13 de agosto de 1979, em plena revolução islâmica, a embaixada de Teerã envia uma análise do modo de ser dos persas - de suas "limitações" - dirigido a representantes do governo e a executivos de empresas que tenham de negociar com eles. A análise inclui descrições como as seguintes: "Talvez a única característica dominante da psique persa seja o egoísmo desenfreado". "Sua longa história de instabilidade e insegurança impulsiona a autopreservação." "Preocupam-se consigo mesmos e deixam pouco espaço para entender os pontos de vista dos demais." "Sua mentalidade é de bazar ... ignoram seus interesses em longo prazo a favor de vantagens imediatas." "Têm pouca visão e usam táticas de assédio." "São incapazes de compreender causa e efeito." "Devido ao islã e sua ênfase na onipotência de Deus, inclusive os persas educados ao estilo ocidental têm problemas para entender a interrelação dos acontecimentos." Depois da descrição há uma série de reflexões: "Não se deve supor que um iraniano entende as vantagens de uma relação em longo prazo baseada na confiança." "[Nas negociações, o iraniano] tentará maximizar os benefícios próprios." "As negociações podem se romper a qualquer momento."

- Espanha liberta dois terroristas. Em 12 de julho de 1986, o governo espanhol indultou dois terroristas xiitas libaneses, Mohamed Rahal e Mustafá Ali Jalil, que tinham sido condenados a 23 anos de prisão por tentar assassinar, dois anos antes, um diplomata líbio em Madri. Traz a assinatura do embaixador Thomas Enders e a data de 14 de julho de 1986. Para forçar sua libertação, seus parentes sequestraram durante algumas horas em Beirute o embaixador da Espanha e mais tarde um policial e dois funcionários da embaixada. "Ninguém aqui tem qualquer ilusão de que a libertação de Rahal e Jalil não se deva à libertação há cinco meses dos reféns espanhóis", conclui Enders.

- Mandela informa sobre sua própria libertação. Um documento de 17 de janeiro de 1990 anuncia um momento histórico: a libertação de Nelson Mandela depois de 27 anos na prisão. A fonte não é outra que o próprio Mandela, que, através do advogado Essa Moosa, informa que em 2 de fevereiro o presidente De Klerk anunciará no Parlamento sua libertação, assim como a suspensão do estado de emergência, a legalização do Congresso Nacional Africano (CNA) e o retorno dos exilados políticos. O cônsul na Cidade do Cabo apoia a preocupação do governo sul-africano pelas relações do CNA com o Partido Comunista da África do Sul. Mandela pede que se transmita ao reverendo Jesse Jackson, cuja visita se espera, que ao regressar aos EUA não defenda o levantamento das sanções, pois poderia ser contraproducente. O telegrama traz a opinião de Mandela sobre De Klerk: "Tenho uma boa opinião dele ... embora o considere o líder do Partido Nacional e pouco mais". O cônsul também informa que Mandela quer fazer seu primeiro discurso em Paarl, perto da prisão. "Politicamente tem pouco sentido", opina o cônsul. "Joanesburgo parece de longe o lugar mais adequado." Finalmente, Mandela fez em 11 de fevereiro de 1990 na Cidade do Cabo seu primeiro discurso em liberdade.

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