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sábado, 28 de janeiro de 2012

Pentágono propõe redução de aumentos salariais e fechamento de bases militares


O Pentágono deu o primeiro passo para reduzir o seu déficit após uma década de guerras, tendo anunciado na última quinta-feira (26) que deseja limitar o pagamento de aumentos salariais para as tropas, aumentar o preço do seguro saúde para militares da reserva e fechar bases das forças armadas nos Estados Unidos.

Embora a redução dos aumentos salariais tenha sido descrita como modesta, e não vá ser implementada antes de 2015, isso certamente provocará uma briga política no congresso, que, desde os ataques terroristas de 11 de setembro de 2001, concedeu aumentos salariais aos militares superiores aos que foram recomendados pelo Pentágono.

O aumento dos preços pagos pelo seguro saúde dos militares da reserva e o fechamento de bases militares também são medidas que implicam em riscos políticos, especialmente quando os candidatos presidenciais republicanos estão acusando o presidente Barack Obama de debilitar as forças armadas.

No ano que vem o orçamento do Pentágono será de US$ 525 milhões, o que significa uma redução em relação aos US$ 531 milhões do atual ano fiscal. Ainda que o Departamento da Defesa tenha sido ordenado a promover um corte de US$ 259 bilhões nos próximos cinco anos – e de US$ 487 bilhões durante a década –, o seu orçamento básico (sem incluir os custos do Afeganistão e outras guerras) aumentará para US$ 567 bilhões até 2017. Mas, quando se faz um ajuste para a inflação, esse aumento é tão pequeno que representará de fato uma pequena redução de 1,6% do orçamento básico do Pentágono nos próximos cinco anos.

Mesmo assim, o secretário de Defesa, Leon E. Panetta, diz que está trabalhando com cerca de US$ 500 bilhões a menos do que havia antecipado como verba disponível até 2017, o que significa que o Pentágono teve que promover cortes no seu quadro de pessoal e em alguns dos seus programas favoritos de armamentos avançados. “Isso tem sido uma tarefa dura”, desabafou Panetta durante uma entrevista coletiva à imprensa.

Ele disse que nos próximos cinco anos o exército sofrerá uma redução de contingente de 570 mil soldados para 490 mil, e que o número de fuzileiros navais diminuirá dos atuais 202 mil para 182 mil (mesmo assim, as forças terrestres ainda serão um pouco maiores do que eram antes do 11 de setembro). Inicialmente o Pentágono comprará uma quantidade menor de caças de tecnologia stealth (que dificulta a detecção por radares) F-35 Joint Strike Fighter, que só deverão começar a operar na melhor das hipóteses em 2017 e que se constituem em um dos programas de armamentos mais caros da história. Na marinha, 14 belonaves serão retiradas de serviço ou passarão a ser construídas em ritmo mais lento.

Panetta e o general Martin E. Dempsey, comandante do Estado Maior Conjunto, que também falou durante a coletiva à imprensa, disseram várias vezes que os Estados Unidos continuarão sendo a maior potência militar do mundo, uma afirmação que pareceu ser endereçada aos republicanos e aos adversários do país. “Capacidade é mais importante do que tamanho”, afirmou Dempsey. “Esse orçamento não provocará nenhum declínio militar. As nossas forças armadas podem vencer qualquer conflito, em qualquer lugar”.

Embora todas as tropas de combate dos Estados Unidos tenham saído do Iraque em meados de dezembro do ano passado e o governo Obama esteja dando início à retirada de mais de 100 mil soldados norte-americanos do Afeganistão, o orçamento do Pentágono inclui uma solicitação de US$ 88,4 bilhões no ano que vem, além do orçamento básico de US$ 525 bilhões, para cobrir os custos das operações de combate no exterior. Panetta afirmou que o Afeganistão, onde ainda se encontram 90 mil soldados dos Estados Unidos, responde pela maior parte desse gasto. Neste ano o orçamento para operações de combate no exterior é de US$ 115 bilhões.

As autoridades do Pentágono não especificaram quais serão os limites para os aumentos salariais das forças armadas em 2015 e nos anos posteriores, quando as tropas norte-americanas deverão retornar do Afeganistão. Elas disseram que a mudança será gradual – em um reconhecimento dos riscos políticos existentes ao se fazer com que os membros das forças armadas, da ativa ou da reserva, arquem com a maior parte dos cortes orçamentários. “Eu serei bem claro: o salário de ninguém será reduzido”, afirmou Panetta.

Porém, o secretário de Defesa disse também que os custos com os membros das forças armadas são “insustentáveis”. Atualmente o Pentágono gasta US$ 181 bilhões por ano, ou quase um terço do seu orçamento básico, com despesas com pessoal: US$ 107 bilhões para salários e benefícios, US$ 50 bilhões com serviços de saúde e US$ 24 bilhões com aposentadorias.

Os salários militares aumentaram constantemente desde os ataques de 11 de setembro de 2001, e os oficiais em muitos casos se beneficiaram mais do que os praças ou graduados.

Um cabo com três anos de experiência em zona de combate e que possui família recebia US$ 27 mil por ano (após o desconto de impostos) em 2001. Hoje em dia um militar da mesma patente e na mesma situação recebe US$ 36 mil – o que representa um aumento de 11% acima da inflação. Já um tenente-coronel com família e que tem 20 anos de experiência na mesma zona de combate recebia um salário anual líquido de US$ 84 mil em 2001, comparado ao salário atual de US$ 120 mil – um aumento de 16%.

Um outro potencial problema político foi o anúncio feito por Panetta de que o presidente ordenará o fechamento e a reformulação de mais bases – uma medida que jamais foi popular junto aos membros do congresso, que procuram preservar os gastos e os empregos militares nos seus distritos eleitorais. Autoridades do Pentágono disseram que a economia advinda do fechamento de bases não faz parte do orçamento de cinco anos que Panetta está enviando à Casa Branca.

Na manhã da quinta-feira já havia objeções, horas antes de Panetta ter feito a sua apresentação pública. O senador Carl Lewin, democrata pelo Estado de Michigan, e que é presidente da Comissão do Senado para as Forças Armadas, disse aos jornalistas que enquanto os Estados Unidos não fecharem algumas das suas bases militares na Europa ele não seria “capaz de apoiar” o fechamento de bases nos Estados Unidos.

Panetta declarou que duas brigadas blindadas do exército – representando um total de até 10 mil soldados – voltarão da Europa durante a próxima década, deixando para trás duas brigadas e alguns tropas de apoio.

Embora Obama tenha se comprometido a reduzir o arsenal nuclear dos Estados Unidos para um nível próximo a zero, não havia nada na declaração da quinta-feira a respeito dessa meta. Todos os três alicerces do tripé nuclear – bombardeiros, mísseis lançados por submarinos e mísseis situados em bases terrestres – serão mantidos. O programa para substituir o submarino da classe Ohio, que transporta mísseis nucleares, sofrerá um atraso de dois anos.

Panetta afirmou várias vezes que preservará as forças de Operações Especiais, as estruturas de guerra cibernética e de inteligência e os sistemas de vigilância e reconhecimento, e a declaração dele à imprensa sobre o orçamento pareceu confirmar isso.

O Pentágono não disse qual será o aumento das taxas de seguro saúde – os detalhes serão revelados no início de fevereiro. Atualmente as famílias de militares pagam US$ 520 por ano, o que é bem menos do que os civis pagam às seguradoras privadas.

Críticas ao orçamento proposto não tardaram a ser feitas por lideranças republicanas no congresso.

“Esses cortes refletem uma visão do presidente Obama segundo a qual os Estados Unidos são enfraquecidos – e não fortalecidos, como seria de se esperar – pelos nossos militares”, atacou Howard P. McKeon, da Califórnia, que é o presidente da Comissão da Câmara para as Forças Armadas. “A verdade é que os impactos desses cortes são bem mais profundos do que o Congresso esperava”.

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