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quinta-feira, 19 de abril de 2012

Novo escândalo abala mais uma vez a imagem do Serviço Secreto norte-americano


Barack Obama, presidente dos EUA, cercado por agentes do Serviço Secreto americano

Para uma agência que há muito é conhecida como clube um "dos velhos amigos", o escândalo de prostituição envolvendo 11 membros do Serviço Secreto fez ressurgir uma imagem que a agência parecia ter superado.

O Serviço Secreto cultivava uma fama de austeridade e correção, de protetores do presidente -com agentes parecidos com Clint Eastwood, dispostos a morrerem por seu país- mas era arrastado por denúncias de comportamentos impróprios. Houve agentes advertidos ou processados por sexo com menores de idade, por direção embriagada, brigas de bar, uso de drogas e outros problemas fora do expediente que colocaram em questão sua aptidão profissional.

Na última década, porém, houve menos manchetes picantes sobre a agência, o que gerou uma sensação que sua cultura mudara, em parte por ter contratado mais funcionárias do sexo feminino. Hoje, o Serviço Secreto enfrenta um escândalo embaraçoso de acusação de delitos envolvendo prostituição em Cartagena, na Colômbia.

"Alguns dos agentes mais velhos diziam que, quando chegavam nos hotéis, logo perguntavam 'onde é o bar?' Hoje, eles dizem que os agentes chegam e perguntam 'onde é a sala de ginástica?'", disse Daniel Bongino, agente do Serviço Secreto de 1999 a 2011 e candidato republicano ao Senado pelo Estado de Maryland.

Ele acrescentou: "Esta é uma vergonha nacional para nosso governo e para o Serviço Secreto".

Na última segunda-feira (16), o deputado Darrell Issa, presidente republicano do comitê de fiscalização da Câmara deu prosseguimento às críticas à agência que começara no final de semana. Em entrevista ao programa "CBS This Morning", ele disse que era comum os agentes fazerem "festas de partida", ao final de uma viagem presidencial, mas que, neste caso, os agentes fizeram uma "festa de chegada".

Os 11 funcionários do Serviço Secreto envolvidos tiveram suas licenças revogadas até o final da investigação, segundo um porta-voz da agência.  "Ainda há uma investigação rigorosa em curso", disse Max Milien, porta-voz. "Isso os coloca, como declaramos, em licença administrativa, e eles não podem entrar nas instalações do Serviço Secreto".

Em um memorando aos funcionários do Serviço Secreto, o diretor, Mark J. Sullivan, disse que o episódio era "embaraçoso", mas que a agência tinha "agido de forma rápida e decisiva, imediatamente após o incidente ter vindo à tona", de acordo com uma cópia obtida pelo "New York Times".

"O Serviço Secreto dos Estados Unidos tem uma história longa e respeitada de observar níveis muitos altos de comportamento profissional ético", disse Sullivan. "A maioria esmagadora dos homens e mulheres do Serviço Secreto cumprem esses padrões a cada momento do dia. Tenho um orgulho extraordinário de vocês e por isso e fico honrado em servir em sua companhia. É por causa desse e de outros aspectos vitais de nossa agência que uma 'maioria esmagadora' não é suficiente".

Ronald Kessler, que escreveu um livro sobre o Serviço Secreto, disse que não pensava que o tipo de comportamento visto na Colômbia prevalecia na agência. Em vez disso, ele disse que refletia uma "atitude relaxada" em relação à disciplina que permitia que os agentes burlassem as regras sem sérias repercussões.

"Há uma atitude de aceno e aceitação" em relação a uma variedade de violações, disse ele, desde problemas na aptidão física dos agentes e capacidade de manuseio de armas de fogo até o fracasso do Serviço Secreto em impedir a entrada de penetras em um jantar de Estado em 2009 na Casa Branca.

Segundo Kessler, a chefia não apoiou os agentes que tentaram apontar os problemas de comportamento e disciplinares. "Que tipo de mensagem isso envia ao sujeito no portão da Casa Branca?", perguntou.

Parte do problema, segundo as autoridades, é que os membros do Serviço Secreto passam boa parte de seu tempo viajando em grupos grandes para lugares estrangeiros.

"Após a missão, as pessoas gostam de se divertir, e muitas vezes estão em lugares muito interessantes em torno do mundo, com muito tempo disponível", disse um ex-funcionário da Casa Branca que trabalhou em equipes avançadas do Serviço Secreto. A maior parte mantém a linha, disse ele, "mas há pessoas sem discernimento".

Por anos, membros do Serviço Secreto criaram problemas que a agência classificou como episódios isolados e rebateu as críticas como injustas e exageradas.

Funcionários da agência ficaram particularmente revoltados com um artigo investigativo de 2002, no "U.S. News and World Report". O artigo retratou uma agência em que as pessoas festejam muito, bebem pesado, têm laços sexuais pouco apropriados e onde outros problemas fora de Serviço eram comuns. Um agente teve relações sexuais e compartilhou metanfetamina com uma menina de 16 anos, enquanto outro agente do destacamento do presidente Bill Clinton teria tido um caso com uma prima do presidente.

Como no caso do jantar de Estado de 2009, os problemas algumas vezes respingaram para questões de proteção. Durante a estratégia de segurança da agência nas Olimpíadas de 2002 em Salt Lake City, um agente foi comprar lembranças em uma loja e esqueceu-se de um plano de segurança detalhado para o vice-presidente Dick Cheney e sua família, um episódio que envergonhou a agência quando se tornou público.

Na medida em que, nos últimos anos, as manchetes negativas se tornaram menos frequentes, o Serviço Secreto atacou a questão de diversidade e lutou para recrutar mais mulheres e membros de minorias.

O número de mulheres no Serviço Secreto "não era um número para se orgulhar, era algo que tínhamos que melhorar", disse W. Ralph Basham Jr., diretor do Serviço Secreto de 2003 a 2006.

Durante seu mandato como diretor da agência, disse Basham, as mulheres compunham entre 11 a 15% de seus funcionários. De acordo com a Comissão de Emprego e Oportunidade Igual, no ano fiscal de 2010 cerca de 25% dos funcionários do Serviço Secreto eram mulheres.

Basham, que hoje é diretor do Command Consulting Group, uma firma de consultoria, disse que a proporção de mulheres no Serviço Secreto não era muito diferente de outras agências policiais, mas que a quantidade de viagens no ramo pode ser vista como impedimento por certas mulheres.

"É muito difícil equilibrar a carga de trabalho e a vida familiar", disse ele. As consequências do episódio da Colômbia continuam a reverberar por Washington, enquanto os militares continuam a investigar o papel que vários membros do Serviço tiveram.

Em uma conferência com a imprensa do secretário de defesa Leon E. Panetta, o chefe do Estado Maior das Forças Armadas General Martin E. Dempsey, disse que estava envergonhado que membros do Serviço tivessem associados ao escândalo.

"Decepcionamos o chefe, porque ninguém está falando sobre o que aconteceu na Colômbia além desse incidente", disse ele.

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