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quinta-feira, 31 de maio de 2012

Paquistão realiza teste com o Hatf-VIII, míssil de cruzeiro subsônico

O Paquistão realizou nesta quinta-feira (31) um exitoso disparo de teste com o míssil de cruzeiro subsônico Hatf-VIII (Ra'ad), míssil esse que é capaz de portar tanto ogivas convencionais quanto nucleares, informou o site paquistanês Dawn.com.

Desenvolvido inteiramente por engenheiros paquistaneses, o Paquistão realizou nesta quinta-feira (31) um exitoso disparo de teste com o míssil de cruzeiro subsônico Hatf-VIII tem alcance superior a 350 km e se destaca pelo alto grau de manobrabilidade. O mesmo incorpora tecnologias furtivas e pode seguir o perfil do terreno a voar a baixa altitude para evitar que os radares inimigos o detectem.

quarta-feira, 30 de maio de 2012

Fabricante do AK-47 planeja desenvolver novo fuzil de assalto


O fuzil de assalto mais famoso da história, o AK-47, tornou-se sinônimo de guerra no século passado. Mas agora, a Izhmash, fabricante do lendário fuzil, luta por um lugar ao sol e tenta evitar a falência por completo.

O AK-47, também conhecido como fuzil Kalashnikov, teve seu processo de desenvolvimento finalizado pouco depois da Segunda Guerra Mundial, em 1947 para ser mais preciso. No entanto, o fuzil continua em uso em mais de 70 exércitos no mundo. Em alguns países, principalmente os africanos, o AK-47 pode ser comprado a preço de banana, enquanto em outros países o fuzil é superestimado a ponto de ilustrar bandeiras e brasão de armas de alguns países, caso de Moçambique, Zimbábue e Burkina Faso. O fuzil se faz presente nas bandeiras do Hizbollah e outros grupos de resistência islâmica, bem como da Guarda Revolucionária Iraniana.

O fuzil deu fama mundial as armas russas por sua simplicidade, rusticidade e fiabilidade. A arma ganhou tamanha fama internacional que se estima que foram produzidas 70 milhões de unidades do AK-47 e mais 30 milhões de variantes. Apesar da fama mundial do seu produto mais conhecido, a Izhmash encontra-se em estado deplorável depois que uma recente auditoria revelou que a mesma tem uma dívida de US$ 650 milhões.  Com um sistema de gestão complicado em vários níveis, instalações obsoletas e baixa capacidade de produção, a empresa se tornou inútil.

Mas a Izhmash não tem a intenção de cruzar os braços. A nova gestão pretende mudar essa situação, através de uma nova entidade jurídica através dos ativos da empresa falida.

“O modelo que tomei é da General Motors, que passou por uma reestruturação em um caso de falência e com a criação de uma nova empresa, ela ficou com os ativos bons e vendeu os ruins”, disse Maxim Kizuk, presidente da Izhmash.

“Estamos lidando com a quebra de todos os ativos atuais, uma empresa nova foi criada, a divida foi consolida e agora estão transferindo os negócios da empresa antiga para a nova”, disse Kizuk.

A Izhmash irá gastar cerca de US$ 70 milhões ao longo dos próximos 3 anos para modernizar suas instalações, isso inclui a modernização da linha de produção. Kizuk disse que a Izhmash vai arrecadar fundos em ativos com sua própria produção, com sistemas de financiamento e com a ajuda direta do Estado Russo.

A Izhmash pretende finalizar sua reestruturação no começo de 2013 e espera desenvolver 10 novos produtos no próximo ano.

“Todo este negócio trata-se de novos produtos. Neste momento, a demanda do mercado exige muitos novos produtos com um volume muito menor. Precisamos mudar a eficiência da produção”, salienta Kizuk. “Teremos lucro já nesse ano”, complementa.

A empresa planeja aumentar sua exportação para a Ásia e América Latina. A Izhmash também está de olho no mercado civil americano, que corresponde por cerca de dois terços do mercado global de produção civil.

A produção civil atualmente corresponde a 50% da produção da Izhmash.

Obs.: Esse texto da Russia Today é datado de 09/05/2012. Não postei o mesmo anteriormente porque não estava tendo tempo para tal. 

terça-feira, 29 de maio de 2012

Marinha Iraniana “rejuvenesce” um de seus submarinos da classe Kilo

Submarino iraniano "Yunes"
A Marinha Iraniana trouxe de volta ao serviço ativo um submarino de origem russa depois de uma grande modernização, afirmou nesta terça-feira a rádio estatal iraniana, IRIB.

Cerca de 18 mil componentes, incluindo hélices e radares foram substituídos no submarino Tareq (classe Project 877EKM Paltus), um dos três submarinos iranianos da classe Kilo. O submarino que entrou em operação 1992, agora tem mais de 90% de seus componentes de origem iraniana.

Os outros dois submarinos iranianos dessa classe são o Nooh (1993) e oYunes (1997).

Rússia produzirá em breve 4 novos sistemas de armas para seus atiradores de elite


A Rússia começará em breve a produção de 4 novos conjuntos de armas para seus atiradores de elite, disse recentemente Dmitry Rogozin, vice-primeiro-ministro da Rússia.

“Nós vamos produzir 4 conjuntos de franco-atiradores”, disse Rogozin, pessoa incumbida de supervisionar a indústria bélica da Rússia.

“O armamento vai ser parte de um conjunto de equipamentos, que inclui também ferramentas de vigilância e detecção, meios de supressão e proteção ativa para os atiradores.

O primeiro conjunto é projetado para propicia ao atirador um excelente disparo a uma distância superior de 800 metros, o segundo conjunto propiciará um excelente disparo a uma distância superior a 1.500 metros, o terceiro conjunto será destinado às forças policias urbanas e o quarto será usado na formação de novos atiradores.

Os conjuntos estão sendo desenvolvidos por uma equipe especial do Centro de Pesquisas de Tochmash. O time é composto de instrutores das Forças Especiais Russas, esses supervisionam acompanham de perto o processo de desenvolvimento para garantir que as exigências estão sendo cumpridas.

Os militares russos estão planejando implantar até 2016 pelo menos 1.000 atiradores nas brigadas de rifle motorizado e nas brigadas de tanque. Esses atiradores serão capazes de abater um inimigo a distância entre 1 a 2 km de distância.

Leia também: Rússia vai adestrar atiradores para atingirem “alto nível”





EUA nega o envio de paraquedistas à Coréia do Norte

Militares americanos negaram hoje, de forma categórica, o envio de um comando aerotransportado à Coréia do Norte para uma missão de reconhecimento, em afirmar que a mídia deturpou uma citação a este respeito.

A revista de atualidade “The Diplomat”, baseada em Tóquio, capital do Japão, escreveu anteriormente que soldados americanos e sul-coreanos foram lançados de paraquedas em território norte-coreano, supostamente para obter informação sobre as bases norte-coreanas subterrâneas. A revista citava o chefe das Forças Especiais Americanas na Coréia do Sul, o general-de-brigada Neil Tolley.

O coronel Jonathan Withington, porta-voz do contingente americano na Coréia do Sul, disse entretanto que “as citações que foram atribuídas ao general Tolley foram maquiadas e fogem do contexto”. “Unidades de operações especiais nunca foram enviadas ao norte (Coréia do Norte) para missão de reconhecimento especial”, assegurou Withington.

Reportagem da The Diplomat sobre o assunto: U.S. Forces Spy on North Korea

A ciência russa está a quatro passos de um robô antropoide imortal

Cientistas russos estão caminhando para a criação dos substitutos robóticos para os humanos; Projeto “Rússia 2045” nos faria “imortais”

Um mundo em que os sósias robóticos combinaram a solidez das máquinas com a elegância e a beleza do corpo humano está cada vez mais próximo. Ao menos é o que creem os cientistas russos, pesquisadores do Projeto “Rússia 2045”.

A empresa russa Neurobotics está desenvolvendo um robô que com o tempo não só poderá ocupar o lugar de uma pessoa, mas também poderá se converter em um novo corpo humano muito menos vulnerável que o biológico.

O “pai” (do projeto), o empresário russo Dmitri Itskov, prevê quatro etapas para a criação do substituto das pessoas: desde um robô humanoide controlado à  distância, até um avatar-holograma.

“Viemos em outro corpo, mas nos acostumaremos porque nossa personalidade seguirá sendo a mesma, com uma diferença: evoluirá em um corpo que oferecerá muito mais possibilidades. Seremos imortais”, disse Itskov. Na lista de interessados em obter sua réplica, Steven Seagal, um conhecido ator de Hollywood, já se faz presente.

Se o projeto realmente der certo, o mesmo mudaria drasticamente a sociedade. “Vejo um problema neste tipo de sociedade e, é de comunicação. O homem se comportará de maneira diferente quando se encontrar ante outro robô. Não se comportará igual ante outro homem”, diz o sociólogo Igor Obraztsov.

Em contrapartida, os cientistas do “Rússia 2045” se mostram mais otimistas. Não creio que as pessoas desapareceram e está claro que elas seguirão tendo filhos, mas os adultos disporão de uma alternativa para prolongar sua vida: Poderão usar um corpo artificial”, explica o diretor da Neurobotics, Vladmir Konyshev.

De fato, a tecnologia de criar robôs de aspecto muito natura já existe. Assim comprova o “geminoide” do professor japonês de Osaka, Hiroshi Ishiguro. Em uma ocasião o cientista levou seu sósia artificial a uma cafetaria e 50% dos clientes se quer notaram a presença do androide.

Ao superar o desafio de imitar os aspectos físicos das pessoas, os cientistas se perguntará o que se passa com o interior do corpo humano, mas encontraram um grande problema. “Os japoneses sempre creram que a alma pode existir em qualquer elemento. Assim não temos nenhuma dúvida que um robô pode ter uma alma,” considera o professor Ishiguro."

Conheça o site do "Rússia 2045" clicando aqui

Helicóptero 100% nacional deve sair do papel até 2020


Acima três  helicópteros EC 725 

O sucesso da Embraer no lançamento de aviões serve de espelho para a única fabricante brasileira de helicópteros, a Helibras. O plano mais audacioso da empresa é o lançamento de um helicóptero 100% nacional até 2020. O país ainda não possui nenhum modelo com tecnologia totalmente brasileira.

Um acordo de € 1,8 bilhão (cerca de R$ 4,5 bi) com as Forças Armadas, para a fabricação de 50 helicópteros do modelo EC725, deu um grande impulso nos planos da empresa. O modelo também é utilizado pela Petrobras para o transporte de funcionários para plataformas de petróleo.

A contratação de novos engenheiros – passando de 9, em 2010, para 54, em 2012- e acordos de transferência de tecnologia com a francesa Eurocopter (dona de 50% da empresa brasileira) dão esperanças de que o “sonho” do helicóptero brasileiro possa finalmente sair do papel.

“Nosso objetivo é transformar a Helibras na Embraer de asas rotativas. A transferência de tecnologia vai nos possibilitar desenvolver uma aeronave 100% nacional”, disse o diretor do centro de engenharia da Helibras, Walter Filho.

Ainda segundo o diretor, os investimentos na empresa brasileira são um dos focos do grupo Eurocopter.

“Em cinco anos, o Brasil será a 4ª filial mais importante do grupo em todo o mundo, ficando atrás apenas de França, Alemanha e Espanha”, declarou Filho.

Fábrica dobra de tamanho
Em fase final de obras, a nova fábrica de helicópteros da Helibrás, em Itajubá (MG), dobrou de tamanho com a construção de novos prédios para a fabricação do EC725.

Um dos destaques é a nova área de testes para as caixas de transmissão dos helicópteros. Antes, esse tipo de reparo tinha que ser feito em outros países, como a França ou os Estados Unidos.

A preocupação com a sustentabilidade das novas áreas deve trazer até 50% de economia no uso de energia.

“Fizemos um projeto sustentável, seguindo as normas internacionais. Estamos pensando lá na frente, na importância do mercado nacional e no crescimento do setor”, afirmou o gerente de infraestrutura da Helibras, Carlos Moraes.

Helicóptero será usado por Dilma
Um dos 50 modelos do contrato da Helibras com as Forças Armadas será utilizado pela presidente Dilma Rousseff. A presidente utiliza atualmente um modelo Super Puma que deverá ser substituído até o final do ano.

As outras unidades serão dividas entre Exército, Aeronáutica e Marinha para missões de resgate e patrulhamento. Dentro de um EC725 configurado para as Forças Armadas cabem mais de 30 passageiros.

sexta-feira, 18 de maio de 2012

Primeiro lote de caças de quinta geração T-50 chegará à VVS em 2013


A Força Aérea Russa (VVS) receberá no próximo ano, 2013, um lote experimental de caças T-50, de quinta geração, informou nesta sexta-feira (18) o coronel-general  Alexander Zelin, assessor  de Defesa e, até pouco tempo, comandante da própria VVS.

Zelin afirmou que o projeto do T-50 avança conforme o cronograma. “O terceiro caça (protótipo) se incorporou às provas e logo chegará o quarto”, disse em uma conferência organizada na cidade de Voronezh em comemoração aos 100 anos da VVS.

Anteriormente foi informado que o número de caças implicados no programa de provas se elevaria de 3 para 14.

O primeiro caça T-50 fabricado em série chegará à VVS em 2015. De inicio, a VVS espera adquirir 60 aeronaves desse modelo.


quinta-feira, 17 de maio de 2012

Rússia planeja compra até 72 UAV israelenses


UAV Orbiter 2

A Rússia estuda importar de Israel até 72 aparatos não-tripulados, revelou hoje um executivo da indústria bélica russa.

A fonte precisou que o “Ministério da Defesa examina a possibilidade de adquirir junto a empresa israelense Aeronautics Defense Systems, para testes, até 24 estações de controle terrestre para drones  Orbiter 2, Aerostar e Skystar, oito de cada tipo”.

Cada estação controla de dois a três UAVs, por isso o “número total de UAVs que a Rússia deve importar de Israel  deve girar entorno de 48 a 72 unidades”, disse a fonte.

O valor do contrato pode ascender, segundo a fonte, o valor de US$ 53 milhões.

Se o acordo foi fechado, os novos aparatos reforçarão consideravelmente a capacidade defensiva do Exército Russo e estimulará os fabricantes russos a produzir em série aparatos similares na Rússia.

quarta-feira, 16 de maio de 2012

Nos chamamos SPETSNAZ!

Homem é acusado de repassar informações secretas do ICBM Bulava

Um funcionário de uma empresa russa situada na região dos Urais foi acusado de repassar informações classificadas do ICBM Bulava para um serviço de inteligência estrangeiro, escreveu nesta segunda-feira (12) o jornal russo Kommersant.

As informações repassadas dizem respeito ao sistema de controle e orientação do míssil, disse o jornal citando uma fonte policial.

“Não há provas conclusivas de sua culpa (do suspeito)”, disse a fonte, acrescentando, porém, que não forneceria maiores detalhes, pois envolve segredos de Estado.

Especialistas suspeitam que essa empresa citada, que fica nos montes Urais, é a empresa Yekaterinburg, empresa essa que fica baseada na Avtomatika Science and Production Association. Essa empresa foi incumbida de desenvolver o sistema de controle e orientação do Bulava.

O homem deverá ir à julgamento em um Tribunal da região de Sverdlovsk. O julgamento acontecerá a portas fechadas devido a natureza sensível do caso.

Rússia venderá os caças Su-30K devolvidos pela Índia


Acima um caça Su-30K recém chegado à Força Aérea Indiana 

A Rússia planeja vender os caças Su-30K devolvidos pela Índia, declarou hoje o subdiretor geral do Serviço Federal de Cooperação Técnico-Militar da Rússia, Alexandr Fomin.

“São 18 caças no total que a Índia havia devolvido. Convidamos qualquer comprador potencial. Pode-se comprar todo o lote ou uma parte”, disse Fomin aos meios de imprensa locais.

A Rússia forneceu 18 caças Su-30K à Índia na segunda metade dos anos 90. Mais tarde Rússia e Índia assinaram um contrato de compra e venda de novos caças Su-30MKI e a Índia decidiu devolver os Su-30K pagando a diferença dos Su-30MKI.

Fomin disse que a Rússia pretende reparar e possivelmente modernizar os Su-30K se assim o futuro comprador desejar. Assim mesmo, Fomin apontou que a Rússia está buscando compradores também com a ajuda da empresa Beltechexport, a maior importadora e exportadora de armas da Bielorrússia.

E aí pessoal, vocês acham que a aquisição dessas aeronaves seria interessante para o Brasil para manter o equilibro do poder aéreo na América Latina, pelo menos até a chegada de algum caça do FX-2?

Se eu não me engano, a versão Su-30K, é a primeira versão realmente operacional do Su-30. Portanto, o caça tem que passar por uma profunda modernização para daí passar a ser interessante a sua aquisição. 

Rússia testa “tanque destróier” italiano


B1 Centauro

A Rússia iniciou uma série de testes visando a aquisição da licença italiana para a produção local do “tanque destróier” B1 Centauro, comunicou recentemente um porta-voz da Oto Melara, a empresa fabricante deste modelo em conjunto com a Iveco Fiat.

“Os primeiros dois veículos com canhões de 105mm e 125mm já chegaram à Rússia e foram submetidas a testes em uma área de testes próxima a Moscou”, disse a fonte.

A fonte agregou que outros dois veículos, esses dotados de canhões de 120mm e 30mm, estarão na Rússia dentro de seis semanas e também participarão do programa de testes: de laboratório, de tração e prática de tiro.

Uma vez concluídos os testes, no final deste ano, a parte russa decidirá se convém estabelecer uma empresa binacional para produzir este modelo sob licença.

Um alto funcionário da Rosoboronexport, empresa russa que gere a importação e exportação de material bélico, confirmou em declarações à RIA Novosti que Moscou poderia comprar a licença para produzir o B1 Centauro localmente, talvez, nas instalações industriais da KAMAZ, em Naberezhnye Chelny, na República Tartaristão.

O Exercito Italiano contam atualmente com 400 B1 Centauro, veículo blindado de oito rodas, que pesa 24 toneladas, é tripulado por quatro pessoas, tem autonomia de 800 km e uma velocidade de até 110 km/h. Além do canhão com arma primária, o B1 Centauro tem uma metralhadora de 7.62×51mm.

O que me chama a atenção é que a Rússia é um dos maiores fabricantes/desenvolvedores de veículos blindados de todos os tempos. Nos tempos de URSS, a Rússia foi um dos primeiros países a fazer uso deste tipo de veículos.  Os russos poderiam propor o desenvolvimento de um “tanque destróier” inovador, às bases do BTR-80. Esse veículo poderia ter uma blindagem ativa e mísseis ATGM de longo alcance.

Importante general reformado apoia grande redução nuclear pelos EUA


General James E. Cartwright
O general James E. Cartwright, vice-chefe reformado do Estado-Maior das Forças Armadas e ex-comandante das forças nucleares americanas, está somando sua voz às daqueles que pedem por uma redução drástica no número de ogivas nucleares, abaixo dos níveis estabelecidos pelos acordos com a Rússia.

Cartwright disse que o poder de dissuasão nuclear dos Estados Unidos poderia ser garantido com um arsenal de 900 ogivas, e com apenas metade delas posicionada. Mesmo as posicionadas em campo seriam retiradas dos gatilhos de pressão mínima, exigindo de 24 horas a 72 horas para lançamento, para reduzir a chance de uma guerra acidental.

Esse arsenal representaria uma redução significativa em relação ao atual acordo para limitar a Rússia e os Estados Unidos a 1.550 ogivas posicionadas cada, em vez de 2.200, em seis meses. Segundo o acordo Novo START, milhares de ogivas adicionais podem ser mantidas armazenadas como força de apoio, e as restrições não se aplicam às centenas de armas nucleares de curto alcance nos arsenais americano e russo.

“O mundo mudou, mas o arsenal atual carrega a bagagem da Guerra Fria”, disse Cartwright em uma entrevista. “Há a bagagem dos números significativos na reserva. Há a bagagem do estoque nuclear além da nossa necessidade. O que estamos realmente tentando dissuadir? Nosso arsenal atual não responde às ameaças do século 21.”

As propostas estão contidas em um relatório que será divulgado nesta quarta-feira (16) pela Global Zero, uma organização de política nuclear, assinado por Cartwright e várias importantes figuras da segurança nacional, incluindo Richard Burt, um ex-negociador chefe de armas nucleares; Chuck Hagel, um ex-senador republicano do Nebraska; Thomas R. Pickering, um ex-embaixador na Rússia; e o general John J. Sheehan, que ocupou importantes cargos na Otan antes de se aposentar do serviço ativo.

O importante papel de Cartwright no estudo deve dar peso às propostas: ele serviu como mais alto oficial no Comando Estratégico dos Estados Unidos, supervisionando todo o arsenal nuclear. As propostas do relatório também podem ajudar a moldar o debate em torno da segurança nacional neste ano eleitoral.

O presidente Barack Obama anunciou uma meta de eliminação das armas nucleares, mas medidas específicas e prazos permanecem indefinidos.

Autoridades do Pentágono apresentaram opções ao presidente, variando de um arsenal que permanece nos níveis do Novo START até um com 300 a 400 ogivas. Mas as autoridades enfatizaram que essa revisão interna ainda está em andamento e que nenhuma decisão foi tomada.

Em março, os republicanos criticaram Obama depois que ele foi ouvido dizendo ao seu par russo, durante uma conferência sobre terrorismo nuclear na Coreia do Sul, que teria mais flexibilidade para tratar das preocupações de Moscou sobre controle de armas após a eleição de novembro.

Entre as propostas surpreendentes da Global Zero está uma para eliminar completamente os mísseis nucleares intercontinentais fixos, baseados em terra, que formam uma das três partes do arsenal nuclear, contando exclusivamente com os submarinos, que são quase impossíveis de detectar, e os bombardeiros de longo alcance, que podem ser chamados de volta de um ataque caso a crise passe. A proposta pede pelo emprego de 360 ogivas em submarinos e 90 bombas de gravidade a bordo de aviões de ataque.

Diante da baixa probabilidade de um grande conflito nuclear com a Rússia e a China ao estilo da Guerra Fria, disse Cartwright, essas grandes reduções no arsenal americano são necessárias caso os Estados Unidos queiram credibilidade para pedir restrições aos programas nucleares de potências nucleares menores como Índia e Paquistão – e em Estados nucleares potenciais como Irã e Coreia do Norte.

Cartwright disse que países como a Índia e o Paquistão viam suas armas mais como um escudo para proteção de sua soberania do que como uma espada para ser usada em um conflito. Eles e algumas potências nucleares potenciais ignoram os pedidos de Washington para coibir suas aspirações nucleares, dizendo que os Estados Unidos são culpados de hipocrisia ao manterem um arsenal imenso.

“Um número significativo de países não participa do diálogo” sobre redução de armas nucleares, ele disse. E à medida que mais países têm armas nucleares - e cujos arsenais não são protegidos por várias camadas de sistemas de segurança de alta tecnologia como nos Estados Unidos– cresce a oportunidade para que elas caiam nas mãos de terroristas, notou Cartwright.

O estudo da Global Zero também diz que grandes reduções fazem sentido em um momento de contenção de gastos no Pentágono. As ogivas no arsenal nuclear americano estão se aproximando do final de sua vida útil quase ao mesmo tempo, representando uma conta de centenas de bilhões de dólares em um momento em que o Departamento de Defesa precisa cortar gastos.

Bruce Blair, que dirigiu o estudo e é cofundador da Global Zero, disse que decisões deverão ser tomadas em breve sobre as reduções de armas nucleares, para que dinheiro não seja desperdiçado em programas de armas que devem ser eliminados.

Blair disse que os mísseis intercontinentais baseados em terra “não têm mais um papel”. Nos silos fixos, eles são alvos vulneráveis. E o estudo inclui mapas que mostram que a força americana de mísseis baseados em terra teria que sobrevoar a Rússia para atingir adversários nucleares potenciais como a Coreia do Norte ou o Irã. Essa rota “corre o risco de confundir a Rússia com indicações ambíguas de ataque e provocar uma retaliação nuclear”, ele disse.

O relatório enfatiza a importância da defesa antimísseis no reforço da dissuasão americana, em uma era de arsenais nucleares ofensivos menores.

Na Líbia, aldeia vítima de erro da Otan espera por justiça


Nove meses se passaram, mas os cascalhos não saíram do lugar. Bombardeada pela Otan em uma noite de agosto de 2011, a casa da família Gafez, em Majer, cidade 150 quilômetros a leste de Trípoli, ainda lembra um suflê murcho. Uma massa de concreto e aço. Quatorze pessoas perderam a vida na explosão. Outras vinte morreram alguns minutos depois em dois novos ataques à fazenda dos vizinhos, os Jaroud. Homens, mulheres e crianças, pegos em plena véspera de ramadã. Limpar o entulho? Reconstruir? Haj Ali, o patriarca da família Gafez, um pequeno homem afável e de bigode, nunca pensou nisso, por questões de saúde, de dinheiro e principalmente de honra. Isso porque a Otan não quer ouvir falar nos mártires de Majer.

A organização insiste em afirmar que as bombas lançadas nesse dia 8 de agosto visavam “alvos militares legítimos”. Já as organizações internacionais de defesa dos direitos humanos acham o contrário. Entre elas a Human Rights Watch (HRW), que publicou na segunda-feira (14) um relatório bem documentado sobre os erros cometidos pela Otan durante a campanha da Líbia, na primavera e no verão de 2011. Segundo seus autores, os sete meses de bombardeio que culminaram na queda do regime de Muammar Gaddafi causaram a morte de 72 civis. Esse balanço “relativamente pouco elevado mostra as precauções tomadas pela Otan” ao longo de sua operação, afirma o relatório. No entanto, a HRW lamenta que a organização militar não tenha reconhecido seus erros, não tenha aberto nenhuma investigação e não tenha oferecido nenhuma indenização às vítimas de seus tiros.

Foi para lutar contra essa negação que os membros da família Gafez transformaram as ruínas de sua casa em um Museu da Lembrança. O visitante é recebido por uma frase raivosa, escrita no portão de entrada: “São isso os direitos humanos?” Uma alusão ao princípio de “proteção dos civis” que o ministro francês das Relações Exteriores, Alain Juppé, havia invocado diante do Conselho de Segurança da ONU, para obter a votação da resolução 1973 que desencadeou a intervenção da Otan. Na sala do térreo, cujo teto resistiu ao desabamento dos dois andares superiores, foi estendida uma faixa coberta exclusivamente por fotos de crianças e de moças usando véus. “Muitas famílias que fugiam dos combates vieram se refugiar em nossa casa”, explica Amr, filho de Haj Ali. “Nossas tradições mandam que, nesses casos, os homens deixem a casa para as mulheres e as crianças. Estávamos instalados no campo ao lado. Foi isso que nos salvou”.

Os chinelos de plástico dos defuntos, ainda recobertos pela poeira dos escombros, foram reunidos em um canto. Ao lado, um relógio amassado, uma bicicleta de criança com a roda torta e uma máquina de costura. A ideia desse bricabraque funesto é tanto honrar a memória das vítimas quanto provar que elas não mereciam estar na mira da Otan. “Você imagina que eu teria recebido todo esse pessoal em minha casa, se soldados de Gaddafi estivessem nas proximidades?”, pergunta Haj Ali. Os especialistas da HRW, que foram inspecionar o local por quatro vezes, inclusive no dia seguinte à tragédia, lhe dão razão. Fora uma camiseta militar, uma vestimenta apreciada por muitos líbios, eles não encontraram nenhum indício que pudesse corroborar as alegações da Otan, segundo a qual as fazendas de Majer serviriam de base de repouso para as forças regulares.

No quarto ao lado, o mausoléu vira um museu de horrores. Fotos de cadáveres despedaçados recobrem as paredes. “É meu irmão”, diz Adel Absaat, um jovem de 30 anos, apontando um corpo deformado, empapado de sangue. “Ele estava na mesquita quando uma primeira explosão devastou a casa da família Jaroud. Ele correu para prestar socorro às vítimas, com uma dezena de seus colegas. Foi nesse momento que aconteceu o segundo ataque. Todos morreram”. Os habitantes recolheram nos escombros fragmentos de bomba, que eles juntaram em uma mesa de madeira. Um deles foi identificado pela HRW como um pedaço de GBU-12, um projétil guiado a laser, “que deveria ter indicado ao piloto a presença de um grande número de pessoas em solo”, diz o relatório.

No dia seguinte ao massacre, 9 de agosto, as autoridades líbias levaram dezenas de jornalistas até o local. Levado pela perspectiva de atrapalhar a Otan, ou até de forçá-la a suspender sua operação, o porta-voz do regime, Moussa Ibrahim, se revoltou contra esse “crime que desafia qualquer entendimento”, aproveitando para inflar o número de mortos, que ele apresentou como 85. A mídia, já tendo pegado os partidários de Gaddafi em falsificações, relatou essas declarações com circunspecção. Divididos entre a raiva, a dor e a repugnância em fazer o jogo de Trípoli, os habitantes se calam. É preciso esperar o fim do conflito para que os ânimos se acalmem e que o calvário de Majer seja reconhecido.

Só que o Conselho Nacional de Transição (CNT), a instância de direção da revolução líbia, hesita em tomar partido. Alguns de seus membros consideram inoportuno incriminar a Otan, aliada cujo apoio foi determinante. “Eles alimentam a ideia de que isso foi feito pelas forças de Gaddafi, para desacreditar os ocidentais”, lamenta Khaled Shakshik, um membro do CNT em Zlitan, cidade grande próxima de Majer. “E quando eles reconhecem o erro da Otan, eles não querem que o status de mártir seja atribuído às vítimas, afirmando que nem todos eram necessariamente anti-Gaddafi”. Esses pequenos interesses irritam Milad Tawil, um engenheiro que perdeu o irmão na tragédia. “Mais do que indenizações, queremos uma assistência moral”, ele diz. “Pagamos caro pela liberdade. É preciso reconhecer isso”.

Isolando-se cada vez mais dos vizinhos árabes, Israel se transforma em uma fortaleza murada


Muro israelense na Cisjordânia (uma piada!)

Os blocos de cimento vão se encaixando uns nos outros como peças de dominó. Em algumas semanas estará pronto este trecho do muro de concreto com que Israel quer reforçar sua fronteira norte e proteger-se de possíveis ataques procedentes do Líbano.

Com essa nova barreira, Israel fica quase todo murado; isolado fisicamente de seus vizinhos ao norte, sul e oeste. Aço, cimento e arame farpado são o cartão de visita que Israel oferece a seus vizinhos --Síria, Jordânia, Líbano e Egito--, ocupados em revoluções internas de potenciais consequências externas. Israel lhes mostra a face mais assustadora de um país forte por fora e temeroso por dentro. A chamada Primavera Árabe só fez exacerbar esse nervosismo e acelerar a construção de um muro na fronteira com o Egito.

Do outro lado da fronteira norte, no lado libanês, alguns curiosos sobem em um edifício para olhar como avançam as obras. A base do exército israelense está praticamente colada a Kfar Kila, um povoado libanês no qual junto da bandeira nacional ondula outra, a do arqui-inimigo Hizbollah, o partido-milícia xiita. Esta semana, o líder máximo do Hizbollah, Hasan Nasralah, voltou a ameaçar Israel com um ataque no caso de uma nova incursão por parte de seu vizinho do sul. No verão de 2006 Israel realizou uma intensa campanha de bombardeios no Líbano que deixou 1.200 mortos em pouco mais de um mês.

Uma das casas de Kfar Kila está praticamente colada à cerca coberta de plástico laranja que até agora marcava a fronteira. Uma patrulha da Unifil, composta em parte por espanhóis, também controla as obras contra qualquer fagulha que possa saltar devido à nova manobra israelense. "Estamos muito próximos e trata-se de reduzir a tensão. Às vezes nos atiram pedras. Quando o muro estiver construído não haverá qualquer contato, nem nos veremos", explica o comandante Eran, responsável pelo exército israelense na obra de Metula. Ele também detalha que o muro medirá de 5 a 7 metros de altura e terá cerca de 1 quilômetro de comprimento.

No último verão, um incidente de fronteira esteve prestes a incendiar esta região. Cinco pessoas morreram depois que a poda de uma árvore junto da fronteira provocou um tiroteio entre os exércitos israelense e libanês. A ideia, dizem agora os militares israelenses, é evitar que se repitam incidentes desse tipo. O novo muro não cobre entretanto todo o limite, tenta separar os núcleos urbanos de um lado e outro da fronteira, e por isso não resolve situações como a do último verão.

O caso de Metula é apenas uma peça de um quebra-cabeça muito mais amplo, de uma extensa trama de barreiras. O Muro com maiúscula é evidentemente o que rodeia os territórios palestinos e confisca 12% do território da Cisjordânia. Essa serpente de concreto, cuja construção começou em 2002 e cujo traçado foi declarado ilegal pelo Tribunal de Justiça de Haia dois anos depois, é uma obra faraônica, da qual ainda falta construir cerca de um terço.

Israel levantou esse muro em um momento em que os homens e mulheres-bombas palestinos explodiam ônibus e mercados, no que ficou conhecido como a segunda Intifada. Sucessivos governos israelenses afirmam que o muro --eles preferem chamá-lo de cerca, já que em alguns trechos é de concreto e em outros de arame-- foi chave na diminuição dos ataques palestinos, praticamente inexistentes hoje.

Os políticos palestinos, entretanto, afirmam que o fim dos atentados obedece a uma decisão política das autoridades da Cisjordânia de manter as facções armadas sob controle e dar uma oportunidade à resistência não violenta e à diplomacia. Os palestinos comuns acrescentam que o muro e sua rede de pontos de controle correspondente dificultam o livre movimento das pessoas, mas também que quem quer cruzar encontra uma maneira de fazê-lo. Prova disso são as hordas de trabalhadores sem documentos que todas as semanas saltam apavorados o muro para voltar a saltá-lo uma semana depois, já com as diárias ganhas.

O muro da Cisjordânia é o mais conhecido, mas não o único. Também há a barreira de dezenas de quilômetros que cerca a Faixa de Gaza, onde qualquer um que se atreva a aproximar-se pelo lado palestino corre o sério risco de receber um tiro. Com essa barreira Israel quer impedir a entrada e saída de supostos terroristas da Faixa, governada com punho de ferro pelo movimento islâmico Hamas. Mas, para o tipo de ataques realizados pelos grupos armados de Gaza --lançamento de foguetes artesanais--, os muros e barreiras não representam obstáculo.

O que separa Israel do Egito é uma nova obra batizada de "relógio de areia", que medirá cerca de 240 quilômetros e cuja conclusão está prevista para o final do ano. Vai separar o deserto do Sinai do de Neguev. Haverá trechos que serão uma parede de aço e outros que serão uma cerca eletrificada. A ideia é impedir a entrada de africanos sem papéis que encontraram na fronteira sul de Israel a porta para uma economia do Primeiro Mundo.

A barreira também pretende impedir a entrada de supostos terroristas procedentes do Sinai egípcio, uma zona em que reina o caos e na qual a autoridade de um governo egípcio em transição não se faz sentir. A construção avança em marcha forçada.

Na semana passada o exército percebeu, entretanto, que a nova barreira é mais permeável do que pensava e de que cercar o deserto é quase como pôr diques no mar. Um grupo de supostos criminosos armados com serras elétricas cortou a cerca e o arame farpado e entrou em Israel através do Egito. Apesar de os infiltrados serem supostos criminosos de baixa periculosidade, o exército insistiu que o perigo era que o vazadouro poderia ser utilizado no futuro por verdadeiros terroristas.

Para completar o cerco nacional, Isabel pretende construir um muro na fronteira com a Jordânia, outro país árabe, junto com o Egito, com o qual Israel tem assinado um acordo de paz. A ideia é novamente impedir a entrada de trabalhadores sem documentos, segundo anunciou o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, há alguns meses.

"De forma muito irracional, Israel está fazendo o possível na última década para não ser aceito no Oriente Médio e para depois se queixar de todos os perigos e riscos e cercar-se de muros. Eu não tenho nada contra os muros, mas Israel deveria se abrir para a região", afirmou há pouco Gideon Levy, colunista do jornal israelense "Haaretz" na rede Al-Jazira.

Yigal Palmor, porta-voz do Ministério das Relações Exteriores, afirma que a proliferação de barreiras "não é um projeto político, mas obedece a circunstâncias concretas", e dá como exemplo a transição política no Egito e o caos que reina no Sinai.

Yosi Alpher, analista israelense e coeditor da página de informação regional Bitterlemons, também pensa que as infraestruturas correspondem a ameaças concretas, mas explica que, no caso do muro da Cisjordânia, há um motivo político. "A agenda oculta de Israel é apropriar-se de terrenos palestinos e marcar as fronteiras do novo Estado." No caso egípcio, considera que a instabilidade do país após a Primavera Árabe foi o catalisador.

Alpher lembra que "outros países, inclusive a Espanha, têm cercas para proteger-se da entrada de imigrantes". É verdade que os muros não caíram em muitas partes do mundo. O caso israelense, porém, é diferente, porque se encontra murado quase em sua totalidade e cada vez mais isolado na região. "Sim, é verdade que, se olharmos o mapa, estamos cercados", diz Alpher.

Partido Comunista Chinês estuda adiar congresso devido à instabilidade política


Bo Xilai, líder do Partido Comunista chinês em Chongqing, foi demitido do cargo em março

A realização dos congressos do Partido Comunista Chinês (PCCh) é sempre um período delicado na China, e o deste ano se apresenta como um dos mais importantes das últimas décadas. O conclave quinquenal dará entrada a uma nova geração de líderes, encabeçada pelo atual vice-presidente, Xi Jinping, e o vice-primeiro-ministro Li Keqiang, que terão de dirigir um governo que deverá abordar, segundo os especialistas, importantes reformas: desde questionar seu papel nas empresas estatais à liberalização da propriedade do solo e a resposta à crescente demanda por liberdades políticas, em um país cuja sociedade está cada vez mais informada e reclama um papel mais ativo nas decisões governamentais.

A mudança ocorre quando a China já é a segunda potência econômica do mundo e seu peso político a transformou em um fator imprescindível na hora de enfrentar qualquer das grandes questões internacionais, seja a crise nuclear norte-coreana ou o Irã.

Os líderes chineses gostariam que 2012 fosse um ano tranquilo para poder alcançar com a discrição, o silêncio e o sigilo habituais o equilíbrio entre as diversas facções de poder dentro do partido e chegar ao conclave no final do ano com as cartas bem distribuídas. Mas em março eclodiu o maior escândalo que o país viveu desde as lutas internas no PCCh durante as manifestações de Tiananmen em 1989, que desembocaram na expulsão do Birô Político (órgão integrado por 25 membros) de Bo Xilai, ex-secretário do partido no município de Chongqing e o líder da ala mais esquerdista e conservadora.

A demissão de Bo, que aspirava a entrar na cúpula dirigente no congresso, ocorreu em meio a suspeitas de corrupção, de que espionou o presidente chinês, Hu Jintao, e ao mesmo tempo de que sua mulher, Gu Kailai, era acusada do homicídio de um cidadão britânico com o qual, segundo diversas informações, havia se enfrentado depois que este pediu uma porcentagem maior para ajudá-la a evadir uma grande soma de dinheiro da China.

Em pleno escândalo político, Pequim teve de enfrentar uma crise diplomática com os EUA, devido à fuga do ativista cego Chen Guangcheng de sua prisão domiciliar, que voltou a deixar claras as tensões que marcam as relações entre os dois países.

"A situação política na China agora é febril devido aos problemas colocados pelos casos Bo e Chen e à necessidade de o partido demonstrar união diante do congresso. O tema de Bo é claramente a pior divisão pública na direção do PCCh desde 1989. Os líderes ainda devem estar refletindo como administrar a situação, levando em conta que Bo Xilai parece ter sido popular inclusive longe de Chongqing", afirma Roderick MacFarquhar, professor da Universidade Harvard especializado em China.

Para Pequim, a prioridade é acalmar as águas o quanto antes e continuar negociando com as diferentes alas do partido, com vistas ao congresso. Segundo algumas informações, está considerando adiar a realização do conclave, previsto para setembro ou outubro, para alguma data entre novembro e janeiro do próximo ano. Isso daria mais tempo para definir o tamanho do comitê permanente do Birô Político - atualmente de nove membros -, distribuir seus assentos e sobretudo reduziria o prazo entre a nomeação dos líderes e a posse em seus cargos no governo em março de 2013, durante a sessão anual da Assembleia Popular Nacional.

O primeiro-ministro, Wen Jiabao, insiste desde 2011 que a China tem de realizar reformas políticas de forma "urgente" se quiser aprofundar as conquistas obtidas nas últimas três décadas e evitar o caos. "A reforma atingiu uma fase crítica. Sem o êxito da reforma política não é possível levar a cabo reformas econômicas. As conquistas que alcançamos poderiam se perder", disse em março passado.

MacFarquhar defende a necessidade de transformação. Mas Pequim dará esse passo? "A China precisa se desenvolver politicamente, mas se este é um momento chave (de mudança) ou não é algo que só pode ser decidido por seus líderes", afirma.

Alemanha deverá julgar aposentadorias por trabalho forçado para os nazistas


Bundesverfassungsgericht (Tribunal Constitucional Federal da Alemanha)

Há anos, os trabalhadores nos guetos da era nazista lutam para conseguir a aposentadoria que a lei alemã lhes garante ostensivamente. Uma interpretação estrita dessa legislação, entretanto, fez com que a vasta maioria dos pedidos fosse rejeitada. Agora foi depositada uma queixa na Suprema Corte da Alemanha.

Elijahu Zicher tinha apenas 9 anos quando começou em seu primeiro emprego. Os nazistas tinham invadido a Polônia, matando sua mãe e sua irmã mais velha e obrigando o resto da família a viver no gueto da cidade de Wlodowa, no leste da Polônia, onde o menino judeu encontrou trabalho nos esgotos do gueto. Em relação à situação geral, as condições eram razoavelmente boas. Zicher não era mantido sob guarda enquanto trabalhava e até recebia um modesto pagamento.

Dezenas de milhares de judeus que viveram nos guetos sob o regime nazista tiveram experiências semelhantes, trabalhando em empregos mais ou menos normais. Alguns desses guetos tinham seus próprios centros de empregos e alguns empregadores alemães até pagavam fundos de aposentadoria. Sobreviventes como Zicher não recaem na categoria de trabalhadores forçados, por isso uma lei adicional aprovada em 2002 pelo Parlamento alemão, ou Bundestag, lhes garantiu o direito de receber uma pensão da Alemanha.

Pelo menos no papel. Na prática as coisas foram um pouco diferentes. Desde 2002, cerca de 70 mil sobreviventes recorreram a essa lei, conhecida como "Pensões Alemãs por Trabalho nos Guetos" ou pela sigla em alemão, ZRBG. Entretanto, mais de 90% desses pedidos foram inicialmente rejeitados, pois as autoridades alemãs optaram por uma interpretação excessivamente rígida da lei.

Os provedores de seguros do Estado muitas vezes alegaram que os antigos moradores de guetos teriam trabalhado voluntariamente e receberam algum tipo de "remuneração" por seu trabalho, duas condições estipuladas pela ZRBG. As seguradoras afirmaram em muitos casos que esses sobreviventes haviam alegado às autoridades alemãs nos anos 1950 que foram trabalhadores forçados, e mais tarde mudaram sua história para que também pudessem receber "pensões do gueto". Na realidade, é claro, muitos judeus sofreram as duas coisas: o gueto e mais tarde trabalho forçado --assim como Zicher. Os sobreviventes levaram esses casos ao tribunal, mas na maioria deles a Justiça alemã decidiu a favor do fundo de pensão.

Zicher também fez sua solicitação em 2002, como é necessário para receber a pensão completa retroativa a 1997, que lhe é devida segundo a lei. O fundo de pensão recusou seu pedido. Zicher, hoje um cidadão israelense, levou o caso ao tribunal e perdeu. Em 30 de abril de 2009, o Tribunal Social Federal da Alemanha decidiu que não seriam permitidas novas apelações.

Resistência do Ministério das Finanças
Agora, arquivos internos mostram que não apenas os tribunais foram rígidos --o governo federal também. Especialmente o Ministério do Trabalho, que supervisiona essa questão, desempenhou um papel nada simpático, com sua preocupação básica de não sobrecarregar os que atualmente financiam o sistema. O Ministério das Finanças, entretanto, se recusou a financiar a indenização aos trabalhadores do gueto pelo orçamento federal. "A opção mais eficiente foi escolhida, porque qualquer outra coisa não parecia factível diante da resistência do ministério", conclui Stephan Lehnstaedt, do Instituto Histórico Alemão de Varsóvia, que estudou os processos. "Os envolvidos na decisão claramente nada sabiam sobre as condições históricas", ele escreve em um artigo ainda não publicado.

Isso ficou evidente nas deliberações ao redor da lei de pensões do gueto. Depois que o Tribunal Social Federal decidiu em 1997 que o trabalho realizado nos guetos deve ser reconhecido como emprego sob os termos das leis de aposentadoria alemãs, as autoridades de Berlim decidiram determinar quantos potenciais solicitantes poderiam esperar. Correspondências internas revelam que o Ministério do Trabalho previu no máximo 3.000 solicitantes, e em correspondência com membros da comissão de orçamento do Parlamento chegaram a calcular o número em apenas 700 --um erro de cálculo embaraçoso diante do fato, conhecido mesmo então, de que os nazistas tinham estabelecido mais de 400 guetos judeus em todos os territórios que ocuparam durante a Segunda Guerra Mundial. Somente o gueto de Varsóvia tinha uma população de cerca de 500 mil pessoas em 1941.

O governo alemão também foi avaro desde o início quando se tratou de estabelecer o valor dessas pensões. "Uma 'grande solução' não é factível diante da atual situação financeira do fundo de pensão", escreveu o departamento de aposentadorias do país em maio de 2001 para Walter Riester, o ministro do Trabalho social-democrata da época. Até a solução apresentada como "financeiramente administrável" encontrou resistência, quando o Ministério do Trabalho assumiu a posição de que não seria possível financiar pensões para esses trabalhadores dos guetos somente com as contribuições pagas pelos atuais empregados. Como sugeriu um projeto de lei sobre o assunto, esse era um "dever da sociedade como um todo", cujo custo deveria ser reembolsado pelo governo federal.

Mas o Ministério das Finanças se recusou a aceitar. Afinal, a lei foi formulada de uma maneira que tornou excessivamente difícil se mover um processo. Qualquer pessoa que pedisse uma pensão deveria ter sido "obrigada" a viver em um gueto, por um lado, mas pelo outro ter trabalhado lá "por sua própria vontade". Esta clara contradição permitiu que o fundo de pensão adotasse uma abordagem restritiva.

"Empecilhos irracionais"
As autoridades criaram questionários complicados, nos quais muitos solicitantes se emaranharam. Recentemente, a Agência Federal Antidiscriminação interferiu para exigir que os formulários fossem reavaliados. "Algumas perguntas incluídas no formulário de pensão poderiam na nossa opinião impedir racionalmente alegações daqueles que têm direito às pensões", escreveu o órgão em uma carta de 19 de abril de 2012.

O Ministério do Trabalho, que é o responsável final por essa questão, há muito tempo não se preocupa com as críticas. Em 2006, o ministro das Relações Exteriores, Frank-Walter Steinmeier, levantou a possibilidade de modificar a lei durante uma visita a Jerusalém, mas o Ministério do Trabalho o freou. As vítimas não ficariam satisfeitas até que 90% das solicitações fossem concedidas, escreveram especialistas internos para altos membros do ministério em 24 de fevereiro de 2006. Isso significaria pagamentos atrasados de cerca de 2,5 bilhões de euros (US$ 3,3 bilhões), assim como pensões mensais de cerca de 270 milhões de euros, advertiram essas autoridades. "Como estava curto em verbas para pensões, o Ministério do Trabalho decidiu ganhar tempo", acredita Lehnstaedt, do Instituto Histórico Alemão de Varsóvia.

Enquanto isso, Berlim põe parte da culpa pelo baixo índice de aprovação de solicitações nos próprios sobreviventes, escrevendo em uma resposta a uma solicitação de 26 de junho de 2006 do grupo parlamentar do Partido de Esquerda que o alto número de solicitações rejeitadas se devia em parte à falta de conhecimento "dos solicitantes" sobre essa complexa situação jurídica, "difícil de entender à primeira vista".

O governo também derrubou várias iniciativas de juízes do Tribunal Social do Estado de Renânia do Norte-Vestfália, por exemplo, ou de parlamentares de Berlim. Os legisladores já "forçaram os limites do que é possível dentro do sistema de aposentadorias oficial" em 2002, escreveu o Ministério do Trabalho para o Ministério de Serviços Sociais estadual da Renânia do Norte-Vestfália em outubro de 2008, acrescentando que "o governo federal expressou diversas vezes que não está planejada qualquer emenda à ZRBG".

As mudanças só vieram quando duas decisões do Tribunal Social Federal, em junho de 2009, reviram a lei existente e facilitaram o acesso às pensões. Com velocidade surpreendente, em cerca de uma semana, as autoridades de Berlim calcularam o peso que essa decisão colocaria sobre o fundo de pensão nacional. "Com base em estimativas grosseiras, devemos esperar que isto representará pagamentos retroativos de 2 a 3 bilhões de euros pelo fundo de pensão, assim como despesas anuais de até 200 milhões de euros", diz seu relatório para o então ministro do Trabalho, Olaf Scholz (SPD).

Apelando à Suprema Corte
Isto se chocou com a promessa de Angela Merkel de reduzir os prêmios do fundo de pensão, então o Ministério do Trabalho quis que os custos adicionais fossem financiados por impostos. Mas também não deu em nada.

Para a maioria dos solicitantes que haviam sido recusados anteriormente, a decisão do Tribunal Social Federal pareceu uma boa notícia de início, e eles reapresentaram seus pedidos. Desta vez, Elijahu Zicher em Israel recebeu uma pensão, mas retroativa a apenas quatro anos, e não a 1997 como estipula a lei de pensões para os trabalhadores dos guetos. Aqui, o fundo de pensão alemão invocou um trecho da lei social alemã que declara que a remuneração por uma decisão errônea é paga retroativamente por no máximo quatro anos, e o Tribunal Social Federal decidiu a favor do fundo de pensão em fevereiro passado.

A advogada de Zicher em Berlim, Simona Reppenhagen, agora entrou com uma apelação ao Tribunal Constitucional da Alemanha, o mais elevado órgão jurídico do país, e escolheu uma data altamente simbólica para fazê-lo: 8 de maio, o aniversário do fim do regime nazista na Alemanha. Reppenhagen quer que sua apelação pressione o governo alemão a finalmente encontrar uma solução.

Mas Berlim está resistindo. Uma proposta da oposição de modificar a lei sobre as pensões dos trabalhadores dos guetos encontrou pequeno apoio do atual governo. A ministra do Trabalho, Ursula von der Leyen (da União Democrata Cristã, da chanceler Angela Merkel), uma política muitas vezes envolvida em outras questões sociais, não demonstrou interesse por chegar a uma conclusão mutuamente satisfatória no que é provavelmente o último capítulo da reparação da Alemanha.

O raciocínio do Ministério do Trabalho é que ainda não houve uma decisão conclusiva no caso jurídico com os ex-trabalhadores dos guetos --por isso ainda não há motivo para se tomar uma medida.

Um ano após morte de Bin Laden, relações entre Paquistão e Estados Unidos continuam frias


Paquistaneses queimam bandeira dos Estados Unidos durante protesto que marca o primeiro aniversário da morte de Osama Bin Laden, no último dia 2 de maio

Washington e Islamabad mal estão dialogando depois que forças militares dos Estados Unidos mataram Osama Bin Laden no ano passado. Mas como as tropas norte-americanas e da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) deverão deixar o vizinho Afeganistão em breve, o Paquistão, um país que possui armas nucleares, tem pouca motivação para melhorar as relações com Washington. O ódio pelos Estados Unidos está aumentando no país.

Sheikh Rashid Ahmed inclina-se para trás na sua cadeira enquanto dá vários telefonemas no seu escritório mal iluminado. O televisor está ligado, mas sem som, e na frente dele está um revólver envolto por um coldre. Ele pega a arma, sorri, e a coloca de volta no mesmo lugar. Ele anda com o revólver desde que pistoleiros em motocicleta, contratados por alguém, tentaram matá-lo dois anos atrás.

Ahmed, 61, é um veterano da política paquistanesa. Ele atuou em diversos cargos ministeriais durante o governo do presidente Pervez Musharraf – o presidente do Paquistão de 2001 a 2008 –, dos quais o mais recente foi o de Ministro das Ferrovias. Quando Musharraf foi obrigado a renunciar há quatro anos, Ahmed também deixou o cargo. Depois disso, ele voltou-se para a religião e fundou o seu próprio partido, a “Liga Muçulmana Awami do Paquistão”, e declarou formalmente uma jihad contra os Estados Unidos.

Há semanas Ahmed viaja pelo país com um grupo de militantes religiosos e instiga as massas contra os Estados Unidos. Juntos, os integrantes do grupo ficam de pé em torno do microfone, com os dedos indicadores erguidos, e dizem que, por vontade de Alá, a superpotência perderá a guerra no Afeganistão, e que o Paquistão precisa também agir. Eles pregam o ódio.

O grupo itinerante consiste de líderes de 44 grupos religiosos que se uniram há cerca de seis meses para formar o “Conselho de Defesa do Paquistão”. Fazem parte do grupo mulás ortodoxos e jihadistas, líderes de seitas muçulmanas e membros de movimentos muçulmanos revivalistas. Ahmed é integrante das forças mais moderadas, ao contrário de Hafiz Saeed, que é considerado o mentor do ataque mortífero contra dois hotéis e uma estação de trem em Bombaim, em novembro de 2008, que resultou na morte de 166 pessoas.

O governo dos Estados Unidos, que acredita que Saeed seja um dos terroristas mais perigosos do mundo, anunciou recentemente que está oferecendo uma recompensa de US$ 10 milhões (7,7 milhões de euros) pela captura dele. Isso pareceu divertir Saeed, que realizou imediatamente uma entrevista coletiva à imprensa em Rawalpindi, onde ele deu várias declarações a respeito das suas excelentes conexões com os serviços de segurança paquistaneses e fez piada sobre a recompensa: “Eu estou aqui, estou visível. Os Estados Unidos deveriam dar o dinheiro da recompensa para mim. Eu estarei em Lahore amanhã. Os Estados Unidos podem entrar em contato comigo quando bem desejarem”. Nenhum juiz paquistanês pretende ordenar a prisão de Saeed. Na sua terra natal, ele é um herói, e não um vilão.

Ruptura nas relações
O Paquistão é um país conturbado, que foi lançado em uma situação caótica devido à guerra no Afeganistão. Lideranças religiosas militantes assumiram a hegemonia cultural no país. Eles ficaram furiosos devido à arrogância da superpotência norte-americana, aos ataques com veículos aéreos não tripulados nas regiões fronteiriças e ao assassinato de Osama Bin Laden um ano atrás. Esses líderes contam também com o apoio da classe média urbana.

O Paquistão ainda não perdoou os norte-americanos pela invasão do país por uma unidade de elite da marinha dos Estados Unidos, os Navy Seals, em 2 de maio de 2011, que resultou no assassinato de Osama Bin Laden. E as imagens da Casa Branca, onde o presidente Barack Obama monitorava a operação por vídeo, não foram esquecidas. Washington não deu nenhum aviso ao governo ou aos militares paquistaneses, de forma a não colocar a missão em risco. Assim, os Estados Unidos humilharam o seu aliado ao manifestar uma profunda desconfiança em relação ao Paquistão.

A operação, conhecida como “Neptune's Spear” (“Lança de Netuno”), provocou uma ruptura nas relações entre os Estados Unidos e o Paquistão que não se consegue superar.

Normalmente as forças armadas dos Estados Unidos e o exército do Paquistão pelo menos fingem trabalhar juntos, e diplomatas e oficiais militares de alta patente dos dois países visitam-se com regularidade. Mas há meses vê-se uma falta de comunicação entre o general James Mattis, chefe do Comando Central dos Estados Unidos, encarregado de administrar a guerra no Afeganistão, e Ashfaq Parvez Kayani, comandante do exército paquistanês. Ao mesmo tempo, o parlamento paquistanês criou um comitê que dedica grande parte do seu tempo à discussão de novos parâmetros para as relações do Paquistão com a superpotência.

O afastamento entre os dois países também afeta a guerra no Afeganistão. O Paquistão recusa-se desde novembro do ano passado a permitir que o seu território seja utilizado para reabastecer as tropas da Otan no Afeganistão. Naquele mês, helicópteros da Otan dispararam acidentalmente contra dois postos militares paquistaneses de fronteira, matando 24 soldados. Desde então, a Otan tem sido obrigada a utilizar uma rota através da Ásia Central, que se constitui em um desvio extremamente dispendioso.

O conflito revela uma estratégia dupla ensaiada. Embora o Paquistão divulgue com estardalhaço a suspensão do trânsito de tropas norte-americanas pelo seu território, ele na verdade gostaria de reabrir as rotas de reabastecimento das tropas dos Estados Unidos, já que isso é muito lucrativo. O Paquistão está exigindo o pagamento de uma taxa de US$ 1.500 (1.150 euros) pela passagem de cada contêiner de alimentos, combustíveis ou equipamentos militares que chegam à cidade portuária de Karachi e são a seguir transportados de caminhão até Cabul ou Kandahar. Os Estados Unidos aceitam pagar essa conta enorme em troca de uma isenção de pedágios. Até recentemente, os norte-americanos eram obrigados a pagar um adicional de US$ 1.500 em propinas por cada contêiner que passa pela rota montanhosa. O dinheiro seguia para o Taleban e para os corruptos funcionários da alfândega paquistanesa. Mas, como as propinas são comuns e ninguém acredita que a situação vá se modificar, a única opção da Otan é aceitar o novo preço até a retirada em 2014 ou continuar utilizando as rotas de reabastecimento da Ásia Central.

“O aliado do inferno”
As relações entre o Paquistão e os Estados Unidos foram contaminadas por interesses maliciosos dos dois lados, desde o início. As causas para as suspeitas mútuas são muitas, e elas só aumentaram no decorrer dos anos. A secretária de Estado Hillary Clinton repetiu recentemente a sua solicitação enérgica ao exército paquistanês para que este comece finalmente a combater a rede Haqqani.

Segundo as avaliações da Otan, o clã pashtun dos Haqqani, localizado no noroeste do Paquistão, representa uma grave ameaça às tropas da organização ocidental no Afeganistão. Mais de 40 pessoas morreram em sete ataques simultâneos no distrito diplomático de Cabul em meados de abril. Na semana após, pouco depois de Obama ter concluído a sua visita não anunciada ao Afeganistão, 11 pessoas foram mortas em um atentado suicida a bomba. Um pouco após, houve três atentados a bomba no noroeste do Paquistão, que resultaram na morte de 25 pessoas, incluindo vários membros idosos de tribos que se pronunciaram contra o Taleban.

Sob o ponto de vista do exército paquistanês e da principal agência de inteligência do país, a ISI, há menos motivos do que nunca para reprimir grupos terroristas. O Ocidente pretende retirar-se do Afeganistão até o final de 2014, e até lá o Paquistão espera exercer a sua influência sobre os acontecimentos no país vizinho. Para isso, ele mantém aliados em todos os níveis, incluindo junto ao clã Haqqani e ao Taleban. Os Estados Unidos também desejam manter a sua influência na região após 2014, e o Paquistão continua sendo uma base ideal para as operações norte-americanas. Além disso, o instável Paquistão é uma potência nuclear, e um dos maiores temores do Ocidente é o de que terroristas possam ter acesso às armas nucleares do país.

Em dezembro, um artigo publicado na respeitada revista norte-americana “The Atlantic” provocou furor tanto nos Estados Unidos quanto no Paquistão. O artigo, intitulado “O Aliado do Inferno”, começa da seguinte forma: “O Paquistão mente. Ele abriga jihadistas radicais e um grande e crescente arsenal nuclear. Com amigos como esse, quem precisa de inimigos?”

Os dois autores do artigo descreveram detalhadamente como o maior medo das forças armadas paquistanesas é verem-se privadas das suas armas nucleares. Mas eles observam que os medos dos generais paquistaneses não dizem respeito à Al Qaeda, conforme se poderia pensar, mas sim aos Estados Unidos. Segundo a “The Atlantic”, o aparato de segurança paquistanês viu o ataque contra Bin Laden como uma indicação de que “os Estados Unidos desenvolveram os meios técnicos para lançar ataques simultâneos contra as instalações nucleares paquistanesas”.

As medidas de segurança utilizadas pelo Paquistão para proteger o seu arsenal também foram mencionadas. As ogivas ou componentes das armas nucleares têm às vezes que ser atualizados e, para que isso seja feito, eles precisam ser levados para instalações apropriadas. Às vezes os transportes são feitos com helicópteros, mas em certas ocasiões “com veículos de estilo civil, sem nenhuma defesa notável, em meio ao tráfego rodoviário regular”, disseram os autores.

Ogivas nucleares sendo transportadas em furgões de entrega de encomendas em meio ao caos reinante nas grandes cidades paquistanesas. Essa é uma ideia singular, um fruto da mentalidade paranoica dos Estados Unidos.

O presidente acidental
O Paquistão é uma potência nuclear, mas ele é também um país pobre que pouco faz no sentido de reduzir a pobreza e o analfabetismo que afligem a sua população. Cerca da metade dos seus 190 milhões de habitantes não sabe ler nem escrever. Assim, o fato de o Paquistão ser uma democracia, pelo menos de acordo com a sua constituição, não não é lá muito significativo. Na realidade, o feudalismo, especialmente nas áreas rurais, se constitui na base da sociedade, e famílias antigas, como o clã Bhutto, ainda controlam o país, como sempre fizeram.
Há dois meses houve novos boatos sobre um golpe, o tipo de rumor que surge frequentemente quando um governo desagrada os militares.

Mas desta vez não houve golpe. O exército hesitou porque, segundo os críticos, ele perdeu a sua aura de autoridade ao permitir que os Estados Unidos o controlassem. O antiamericanismo prevalecente também enfraquece o exército, que, até recentemente, ainda era tido como a única instituição confiável do país.

O presidente Asif Ali Zardari acabou sendo poupado. Ele é um presidente acidental, o viúvo de Benazir Bhutto, que foi primeira-ministra em duas ocasiões, e que foi duas vezes deposta por corrução. Em dezembro de 2007, ela foi assassinada quanto se preparava para disputar o cargo pela terceira vez.

Zardari é um dos políticos mais odiados do país. O apelido antigo dele é “Mister Dez Porcento”, já que ele teria embolsado rotineiramente 10% do valor dos contratos governamentais quando foi ministro do Investimento no gabinete da sua mulher. Ele foi condenado por corrupção em 1999 e passou cinco anos na prisão. Depois disso, ele seguiu com a mulher para o exílio e retornou com ela em 2007, depois que o então presidente Musharraf concedeu uma anistia ao casal.

Essa é a situação no Paquistão que faz com que os paquistaneses, em um desespero cínico, chamem o país de uma “terra arrasada”.

Justiça absurda
Existem muitas brigas dentro do sistema político, e no momento apenas os juízes do Supremo Tribunal gozam de algum respeito. Durante décadas, os juízes foram apenas agentes a serviço das forças armadas, concedendo aprovação constitucional aos golpes militares. Mas eles parecem estar rompendo com essa relação dependente. De fato, recentemente eles começaram a investigar o “Mister Dez Porcento”, o presidente Zardari, e as antigas irregularidades que este praticou.

No início, os juízes declararam a anistia de 2007 nula, já que ela baseou-se em um decreto presidencial e não em uma lei. A seguir eles procuraram revisar os casos envolvidos com a anistia, que envolviam milhões de dólares que Zardari supostamente teria lavado e depositado em contas em bancos suíços.

O caso era ao mesmo tempo complicado e claro. Ele era complicado porque os juízes queriam obrigar o governo paquistanês a escrever uma carta às autoridades suíças pedindo que o caso fosse reaberto. Paradoxalmente, Zardari não poderia fazer o pedido, já que o presidente goza de imunidade e, portanto, é intocável. Os juízes recorreram ao primeiro-ministro Yousuf Raza Gilani, pedindo a este que fizesse um pedido à Suíça para que o processo fosse reaberto. Mas Gilani recusou-se, transformando uma disputa legal em um espetáculo.

O caso era claro porque o desrespeito ao judiciário constitui-se em crime. Se Gilani tivesse sido condenado, ele teria perdido o seu cargo e novas eleições teriam sido necessárias. O Supremo Tribunal também ameaçou várias vezes impor uma punição, mas ele acabou se esquivando de uma decisão nesse sentido e anunciou um veredicto absurdo: os juízes sentenciaram simbolicamente o réu Gilani a uma pena de prisão de somente alguns segundos, já que essa pena foi considerada cumprida “no momento em que os juízes se levantassem”.

Esse foi o desfecho de um conflito democrático simbólico no qual, sob a ótica paquistanesa, todos as partes se beneficiaram: os juízes, que indiciaram o primeiro-ministro, e Gilani, que pôde permanecer no cargo.

O status quo foi preservado e, como resultado, a peculiar equipe Zardari/Gilani poderá possivelmente durar até 2013, quando terá concluído o mandato. Isso seria uma novidade na história do Paquistão, um país no qual os governos civis são depostos por golpes militares ou obrigados a renunciar devido a escândalos de corrupção.

domingo, 13 de maio de 2012

Rodina Mat' Zovyot!/Mãe Pátria/The Motherland Calls/Родина-мать зовёт!


A Grande Guerra Patriótica (termo usado pelos russos para a Segunda Guerra Mundial) uniu fortemente o povo soviético e o símbolo que reflete a coragem e o orgulho de seus homens pode ser encontrado na cidade Volgogrado (antiga Stalingrado). Milhares de combatentes descansam eternamente aos pés da "Mãe Pátria", monumento que foi erguido no topo da colina Mamayev Kurgan em memória dos combatentes da Batalha de Stalingrado. Veja nesse documentário a história desse lindo monumento.

quinta-feira, 10 de maio de 2012

Jordânia demonstra interesse no sistema de artilharia russo TOS-1 Buratino

TOS-1 Buratino
A Rosoboronexport, empresa russa que gere a exportação de armamento, ofereceu à Jordânia o lançador de foguetes múltiplos TOS-1 Buratino, afirmou nesta quinta-feira (10) a agência noticiosa russa Newsru.com.

Uma delegação da Rosoboronexport, chefiada por Valery Varlamov, participa da Sofex-2012 (Special Operations Forces Exhibition & Conference), em Amã, capital da Jordânia.

“Temos notado que muitas delegações na exposição tem expressado um grande interesse no sistema de lança-foguetes múltiplos pesado. Em particular, estamos trabalhando em um projeto com a Jordânia, sobre a implantação desse sistema no chassis do tanque de origem americana M-60”, disse Varlamov.

O TOS-1 Buratino é um sistema de foguetes múltiplos de artilharia, capaz de lançar até 30 foguetes de 220mm. O sistema é montado sob o chassis do tanque de batalha russo T-72.  O TOS-1 Buratino pode disparar seus 30 foguetes em 15 segundos.

A Força Terrestre Real Jordaniana conta atualmente com o seguintes sistema de artilharia de foguetes:  AB-19,  HIMARS, WM-120 e LOGIR.

Novo parceiro de Netanyahu é menos linha-dura em relação à questão nuclear iraniana


Yuval Diskin

Há menos de duas semanas, Yuval Diskin, o recém-aposentado chefe da agência de segurança interna de Israel, lançou um forte ataque verbal contra o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu e seu ministro da Defesa, Ehud Barak, questionando o julgamento deles na forma de lidar com o que consideram como sendo a ameaça nuclear iraniana e os acusando de tomar decisões “baseadas em sentimentos messiânicos”. Na terça-feira, quando Netanyahu apareceu lado a lado com Shaul Mofaz, um ex-ministro da Defesa e chefe do Estado-Maior das Forças Armadas e atualmente líder do partido centrista Kadima, dando-lhe as boas-vindas à coalizão do governo, foi como se o primeiro-ministro estivesse oferecendo uma resposta, especialmente para um público israelense nervoso, em geral contrário à ideia de um ataque solitário israelense contra as instalações nucleares do Irã.

Enquanto Netanyahu e Barak apresentam uma posição agressiva contra o Irã, Mofaz é considerado uma voz mais moderada, que é contrário a qualquer ação militar apressada. Após se tornar líder da oposição em março, ele disse em uma entrevista na televisão que um ataque preventivo contra o Irã poderia ser “desastroso” e obter “resultados limitados”.

Condenando o que via como uma política do governo centralizada no Irã, em detrimento do processo de paz com os palestinos, Mofaz, que é nascido no Irã, também disse, em uma entrevista em abril, que “a maior ameaça ao Estado de Israel não é um Irã nuclear”. Ao ser perguntado em uma coletiva de imprensa na terça-feira (8) sobre suas divergências em relação ao Irã, Netanyahu, falando para seu público doméstico em hebraico, disse que as discussões deles “são sérias, e serão sérias e responsáveis”. Referindo-se frequentemente a si mesmo e Mofaz como sendo pessoas judiciosas, ele falou com ar de seriedade.

Muitos políticos e analistas disseram que, longe de sinalizar alguma mudança na política israelense em relação ao Irã, a inclusão de Mofaz e do Kadima na coalizão fortaleceria a posição de Netanyahu.

Yisrael Katz, o ministro dos Transportes, disse para a “Rádio Israel” que, se ele fosse o presidente Mahmoud Ahmadinejad, do Irã, ficaria preocupado, “porque a partir de agora o Estado de Israel estará mais unido, tanto em sua capacidade de dissuasão como também, se necessário, em sua capacidade de agir”.

Ayoob Kara, o vice-ministro do Partido Likud, disse que um governo forte era necessário para lidar com o Irã. “Se estivermos em consenso em Israel”, ele disse, “isso nos dará mais poder”.

Einat Wilf, uma legisladora da pequena facção Independência, liderada por Barak, disse que é essencial manter a ameaça de ação militar na mesa e que, com um maior consenso israelense, “a credibilidade é maior”.

Apesar de o Irã insistir que seu programa de enriquecimento de urânio é para fins civis, autoridades israelenses, americanas e europeias dizem acreditar que os iranianos estão trabalhando para obter capacidade de produzir armas nucleares.

Netanyahu, ao expandir sua coalizão e assim evitar eleições antecipadas, ganhou mais tempo e estabilidade para o governo. Como a facção de Barak pode não conquistar nenhuma cadeira no próximo Parlamento, a ampliação é a forma mais certa de Netanyahu manter seu ministro da Defesa.

“Eu acho que isso permite que ele mantenha o Irã na linha de frente”, disse David Makovsky, diretor do Projeto para o Processo de Paz do Oriente Médio do Instituto Washington para Políticas do Oriente Próximo, em uma entrevista por telefone.

“Isso de repente lhe compra tranquilidade por um ano e meio”, ele disse, acrescentando que “ele pode unir o país mais facilmente em relação ao curso de ação caso incorpore seu principal partido de oposição”.

Mas, com as pesquisas apontando que o Kadima de Mofaz poderia perder mais da metade de suas 28 cadeiras parlamentares em uma eleição antecipada, sua influência no governo provavelmente será restrita.

“Essa fragilidade”, disse Meir Javedanfar, um professor sobre políticas iranianas no Centro Interdisciplinar em Herzliya, “significa que seu impacto sobre as políticas e narrativa do governo em relação ao Irã provavelmente será limitado”.

Apesar de Netanyahu ter recentemente usado quase toda plataforma para alertar sobre os supostos riscos para Israel e para o mundo de um Irã nuclear, nem ele e nem Mofaz trataram diretamente do assunto na terça-feira, enquanto apresentavam sua parceria em uma coletiva de imprensa no prédio do Parlamento.

Mofaz também não fez menção ao Irã em sua reunião com os parlamentares do Kadima sobre seu acordo surpresa com Netanyahu, disse Nachman Shai, um legislador que participou. Mas, ele acrescentou, “está sempre lá, em algum lugar no horizonte”.

Wilf, da facção de Barak, disse que ataques pessoais e diferenças de linguagem à parte, há um amplo acordo em Israel sobre o que é necessário ser feito em relação ao Irã, que já é alvo de sanções internacionais.

“Todo mundo diz preferir que as sanções funcionem”, apoiadas pela ameaça de uma opção militar crível, ela disse. Apenas se tudo mais fracassar, ela disse, Israel deveria agir por conta própria. “Todo mundo está dizendo a mesma coisa”, disse Wilf, “apesar de poder haver uma diferença de tom”.

Itinerário de um jihadista libanês morto na Síria e a "internacionalização" da rebelião


Abdel Ghani Jawhar 

Na foto mostrada pelo pai em seu vilarejo natal de Bebnine (norte do Líbano), Abdel Ghani Jawhar aparece criança posando como emir árabe diante de um cenário de estúdio, vestido com um casaco bordado de ouro e um keffieh branco. Alguns anos mais tarde, esse libanês se tornou “Abou Hajar”, um jihadista entre os mais procurados, especialista em explosivos. Acusado de atos terroristas no Líbano e alvo de mandados de prisão, ele partiu para combater na Síria, nesta primavera, com vários de seus colegas, onde morreu, aos 29 anos.

Abdel Ghani Jawhar pertencia ao grupo jihadista sunita Fatah al-Islam, que ficou conhecido pelo sangrento combate (mais de 400 mortos) de vários meses contra o exército libanês no acampamento palestino de Nahr al-Bared (região de Trípoli, norte) em 2007, bem como por vários atentados mortíferos no mesmo ano. Esse grupo, que tinha em suas fileiras ex-combatentes do Iraque e reunia sírios e palestinos, mas também libaneses, passou para a clandestinidade depois do verão de 2007. Alguns de seus membros foram presos ou mortos. O Fatah al-Islam nunca obteve o endosso da Al-Qaeda, apesar de suas tentativas.

A morte de Abdel Ghani Jawhar em Qusair (vilarejo sírio próximo do Líbano e de Homs) foi anunciada no fim de abril por vários veículos de comunicação. Diversos relatos foram apresentados para explicar sua morte: um acidente fatal durante uma manipulação de explosivos, um confronto com o exército sírio... Seu falecimento foi confirmado ao “Le Monde” por uma fonte segura no início de maio.

A notícia fora recebida com cautela por várias autoridades da área de segurança: o indivíduo já havia sido dado como morto no passado. E o caso traz de volta para primeiro plano um partido cuja origem continua sendo um enigma até hoje. Criação de Damasco para desestabilizar o Líbano? Esforços libaneses e estrangeiros para conter o Hezbollah xiita? Extremistas alvos de manipulações diversas?

Junto com Abdel Ghani Jawhar, outros membros do Fatah al-Islam se juntaram ao jihad na Síria. Um deles, Walid Boustani, que fugiu da prisão no Líbano em 2010, foi morto pelos rebeldes após um “julgamento” sumário, consequência de uma discussão, segundo a mídia libanesa. “Abou Hajar”, formado em química, teria ido até a Síria para ali distribuir seu conhecimento em matéria de fabricação de bombas. Os dois homens foram embora do acampamento palestino de Ain el-Heloue (sul do Líbano), onde eles haviam se refugiado --o acesso a ele é proibido para as forças de segurança libanesas.

Esse caso confirma uma “internacionalização” em andamento da rebelião na Síria. Outro exemplo: a nacionalidade líbia, segundo uma fonte fidedigna, de um ferido hospitalizado em abril em Trípoli, cujo quarto era vigiado por membros das forças de segurança libanesas como o “Le Monde” pôde constatar. Mas, embora tenha se revelado que jihadistas estrangeiros têm dado reforços aos insurgentes, seu número permanece limitado. Esses combatentes podem seduzir parte dos rebeldes, por sua experiência; mas também suscitam constrangimento e rejeição entre eles.

No Líbano, ninguém quer falar em ligações passadas com Abdel Ghani Jawhar. Entre os sunitas da região de Trípoli --de onde este último é originário--, a Jamaa Islamiya (braço libanês da Irmandade Muçulmana) e os salafistas desmentem as informações segundo as quais ele teria pertencido a seus movimentos. Nabil Rahim, figura salafista de Trípoli, ex-intermediário entre jihadistas do Fatah al-Islam e emissários da Al-Qaeda, se mantém distante.

Segundo esse religioso, detido em 2008 e preso durante mais de três anos, o combatente era “muito próximo de Chaker al-Abssi”, o fundador do Fatah al-Islam dado como desaparecido no final de 2008.

“Foi sob suas ordens que ele atacou o exército libanês [em vários atentados no ano de 2008], afirma Rahim. Para nosso interlocutor, Abdel Ghani Jawhar entrou para o Fatah al-Islam em 2008. Segundo os sírios, ele também foi o responsável por um atentado perpetrado em Damasco no mesmo ano. Muito inteligente, ele teve um papel importante dentro do Fatah al-Islam.”

Que interesse tinha esse jovem libanês em combater na Síria? “Não é uma questão de interesse, mas de crença e de convicção”, responde Rahim. “Ele queria estar próximo dos inocentes”. Próximo dos inocentes, não é assim que o descreveria nossa fonte, que afirma que o jihadista falecido “tinha as mãos sujas de sangue desde a batalha de Nahr al-Bared, da qual ele participou”. Em Bebnine, o pai do combatente, Ali Saad Jawhar, de silhueta longilínea e emaciada, se diz “aliviado que Abdel Ghani, vítima da pobreza, tenha morrido como mártir pela causa síria”.

Banco de dados de soldados alemães mortos ainda localiza 40 mil corpos por ano


O presidente da Rússia, Vladimir Putin, participa de cerimônia no Tumúlo do Soldado Desconhecido, em Moscou, na terça-feira (8), comemorado o dia da vitória, em comemoração ao fim da 2ª Guerra Mundial
A Comissão de Sepulturas de Guerra alemã iniciou uma campanha na terça-feira (8), o 67º aniversário do fim da Segunda Guerra Mundial, para promover seu banco de dados on-line como forma de parentes encontrarem soldados desaparecidos. Cerca de 40 mil corpos são localizados e reenterrados por ano pela Europa Oriental e Rússia --onde suas equipes ainda encontram hostilidade dos moradores que se lembram da ocupação assassina.

Cerca de 3 milhões de soldados alemães morreram na União Soviética e Europa Oriental na Segunda Guerra Mundial, e o destino de centenas de milhares deles permanece desconhecido de seus parentes e descendentes. Na terça-feira, 67º aniversário da capitulação da Alemanha Nazista e o fim da guerra na Europa, a Comissão de Sepulturas de Guerra alemã lançou uma campanha convidando as pessoas a consultarem seu banco de dados online, que contém informações sobre cerca de 4,6 milhões de soldados mortos ou desaparecidos.

“As pessoas até hoje procuram por parentes desaparecidos”, declarou Martin Dodenhoeft, diretor de comunicação da organização. “Por isso começamos uma campanha nas rádios para dizer ao público maior sobre essa possibilidade oferecida pela internet."

O fim da Guerra Fria, há mais de duas décadas, permitiu que a organização começasse a localizar os locais dos túmulos, a identificar corpos e a reenterrá-los em novos cemitérios na Rússia e em países da Europa Oriental invadidos pelo exército alemão.

Cerca de 716 mil alemães mortos na guerra foram encontrados e reenterrados desde então, e esse número cresce em torno de 40 mil por ano, disse a comissão. O banco de dados processa cerca de 20 mil buscas por mês. “Estamos concentrando os cemitérios. Não podemos preservar todas as centenas de milhares de locais onde os soldados são enterrados, então construímos novos cemitérios maiores ou expandimos os existentes", disse o porta-voz da comissão, Fritz Kirchmeier, ao “Spiegel Online”.

“Ainda nos deparamos com enorme ressentimento”
“Esperamos reduzir nossas atividades em 2017 ou 2018 porque estamos encontrando menos corpos e está se tornando mais caro recuperá-los. Estamos ficando sem dinheiro”. A comissão, em grande parte custeada por doações, espera encontrar outros 250 mil corpos até lá.

Os soldados muitas vezes foram enterrados apressadamente no próprio local onde caíram ou perto de enfermarias ou hospitais onde morreram dos ferimentos.

A maior parte das sepulturas não está marcada e algumas vezes são valas comuns, disse Kirchmeier. “Nós reunimos muitos registros da guerra e usamos esses documentos para localizar os cemitérios. Aí nosso pessoal vai até lá para tentar identificá-los. Dependemos da ajuda de testemunhas oculares, que é outro aspecto que nos coloca sob pressão, porque essas pessoas é claro estão muito velhas e não vamos poder perguntar a elas daqui a dez anos. Muitas vezes chegamos tarde demais, e as sepulturas frequentemente já foram pilhadas por pessoas que procuravam itens de valor”.

Algumas vezes, as equipes da comissão são recebidas de forma hostil. “Algumas pessoas ficam satisfeitas quando os mortos são tirados de suas terras, mas ocasionalmente ainda nos deparamos com enorme ressentimento dos moradores”, disse Kirchmeier. “A memória da ocupação pelos alemães e os crimes de guerra ainda está muito viva”.

A guerra levou 20 milhões de vidas na União Soviética e 6 milhões só na Polônia. As forças da Alemanha nazista destruíram grandes trechos das terras que conquistaram, em uma guerra de aniquilação que tinha civis como alvo desde o início. Muitas vezes, as equipes de busca não conseguem chegar aos túmulos porque estradas ou prédios foram construídos por cima.

Somente locais com pelo menos 50 corpos são investigados
"Se os corpos estiverem em uma fazenda, temos que lidar com o proprietário e normalmente fazemos a exumação após a colheita”, disse Kirchmeier. “Depois devolvemos tudo a seu estado original, o que torna a busca ainda mais cara”.

Desde o início dos anos 90, a comissão restaurou ou reconstruiu mais de 300 cemitérios da Segunda Guerra Mundial e 190 da Primeira Guerra na Europa Central, Oriental e Sudeste, assim como na Rússia.

Sepulturas individuais e até coletivas contendo dezenas de soldados são consideradas insignificantes demais para merecerem uma exumação, disse Kirchmeier. “Só pesquisamos locais com um ou dois corpos em casos excepcionais, quando os membros da família nos pedem, mas é improdutivo, porque o custo é muito alto. Em geral, tentamos não rastrear locais que contêm menos de 50 corpos, pelos menos por enquanto”.

Os soldados são identificados por suas plaquetas de identificação ou com a ajuda dos registros do exército original, que mostram a distribuição das sepulturas. “Se conseguimos identificar um soldado, às vezes é possível identificar os outros corpos até sem as plaquetas de identificação, se tivermos os registros de quem foi enterrado onde”, disse Kirchmeier.

A comissão administra um total de 824 cemitérios em 45 países, contendo um total de 2,4 milhões de cadáveres. Ela emprega cerca de 9.000 voluntários e tem uma equipe de 582 funcionários pagos.