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quarta-feira, 16 de maio de 2012

Importante general reformado apoia grande redução nuclear pelos EUA


General James E. Cartwright
O general James E. Cartwright, vice-chefe reformado do Estado-Maior das Forças Armadas e ex-comandante das forças nucleares americanas, está somando sua voz às daqueles que pedem por uma redução drástica no número de ogivas nucleares, abaixo dos níveis estabelecidos pelos acordos com a Rússia.

Cartwright disse que o poder de dissuasão nuclear dos Estados Unidos poderia ser garantido com um arsenal de 900 ogivas, e com apenas metade delas posicionada. Mesmo as posicionadas em campo seriam retiradas dos gatilhos de pressão mínima, exigindo de 24 horas a 72 horas para lançamento, para reduzir a chance de uma guerra acidental.

Esse arsenal representaria uma redução significativa em relação ao atual acordo para limitar a Rússia e os Estados Unidos a 1.550 ogivas posicionadas cada, em vez de 2.200, em seis meses. Segundo o acordo Novo START, milhares de ogivas adicionais podem ser mantidas armazenadas como força de apoio, e as restrições não se aplicam às centenas de armas nucleares de curto alcance nos arsenais americano e russo.

“O mundo mudou, mas o arsenal atual carrega a bagagem da Guerra Fria”, disse Cartwright em uma entrevista. “Há a bagagem dos números significativos na reserva. Há a bagagem do estoque nuclear além da nossa necessidade. O que estamos realmente tentando dissuadir? Nosso arsenal atual não responde às ameaças do século 21.”

As propostas estão contidas em um relatório que será divulgado nesta quarta-feira (16) pela Global Zero, uma organização de política nuclear, assinado por Cartwright e várias importantes figuras da segurança nacional, incluindo Richard Burt, um ex-negociador chefe de armas nucleares; Chuck Hagel, um ex-senador republicano do Nebraska; Thomas R. Pickering, um ex-embaixador na Rússia; e o general John J. Sheehan, que ocupou importantes cargos na Otan antes de se aposentar do serviço ativo.

O importante papel de Cartwright no estudo deve dar peso às propostas: ele serviu como mais alto oficial no Comando Estratégico dos Estados Unidos, supervisionando todo o arsenal nuclear. As propostas do relatório também podem ajudar a moldar o debate em torno da segurança nacional neste ano eleitoral.

O presidente Barack Obama anunciou uma meta de eliminação das armas nucleares, mas medidas específicas e prazos permanecem indefinidos.

Autoridades do Pentágono apresentaram opções ao presidente, variando de um arsenal que permanece nos níveis do Novo START até um com 300 a 400 ogivas. Mas as autoridades enfatizaram que essa revisão interna ainda está em andamento e que nenhuma decisão foi tomada.

Em março, os republicanos criticaram Obama depois que ele foi ouvido dizendo ao seu par russo, durante uma conferência sobre terrorismo nuclear na Coreia do Sul, que teria mais flexibilidade para tratar das preocupações de Moscou sobre controle de armas após a eleição de novembro.

Entre as propostas surpreendentes da Global Zero está uma para eliminar completamente os mísseis nucleares intercontinentais fixos, baseados em terra, que formam uma das três partes do arsenal nuclear, contando exclusivamente com os submarinos, que são quase impossíveis de detectar, e os bombardeiros de longo alcance, que podem ser chamados de volta de um ataque caso a crise passe. A proposta pede pelo emprego de 360 ogivas em submarinos e 90 bombas de gravidade a bordo de aviões de ataque.

Diante da baixa probabilidade de um grande conflito nuclear com a Rússia e a China ao estilo da Guerra Fria, disse Cartwright, essas grandes reduções no arsenal americano são necessárias caso os Estados Unidos queiram credibilidade para pedir restrições aos programas nucleares de potências nucleares menores como Índia e Paquistão – e em Estados nucleares potenciais como Irã e Coreia do Norte.

Cartwright disse que países como a Índia e o Paquistão viam suas armas mais como um escudo para proteção de sua soberania do que como uma espada para ser usada em um conflito. Eles e algumas potências nucleares potenciais ignoram os pedidos de Washington para coibir suas aspirações nucleares, dizendo que os Estados Unidos são culpados de hipocrisia ao manterem um arsenal imenso.

“Um número significativo de países não participa do diálogo” sobre redução de armas nucleares, ele disse. E à medida que mais países têm armas nucleares - e cujos arsenais não são protegidos por várias camadas de sistemas de segurança de alta tecnologia como nos Estados Unidos– cresce a oportunidade para que elas caiam nas mãos de terroristas, notou Cartwright.

O estudo da Global Zero também diz que grandes reduções fazem sentido em um momento de contenção de gastos no Pentágono. As ogivas no arsenal nuclear americano estão se aproximando do final de sua vida útil quase ao mesmo tempo, representando uma conta de centenas de bilhões de dólares em um momento em que o Departamento de Defesa precisa cortar gastos.

Bruce Blair, que dirigiu o estudo e é cofundador da Global Zero, disse que decisões deverão ser tomadas em breve sobre as reduções de armas nucleares, para que dinheiro não seja desperdiçado em programas de armas que devem ser eliminados.

Blair disse que os mísseis intercontinentais baseados em terra “não têm mais um papel”. Nos silos fixos, eles são alvos vulneráveis. E o estudo inclui mapas que mostram que a força americana de mísseis baseados em terra teria que sobrevoar a Rússia para atingir adversários nucleares potenciais como a Coreia do Norte ou o Irã. Essa rota “corre o risco de confundir a Rússia com indicações ambíguas de ataque e provocar uma retaliação nuclear”, ele disse.

O relatório enfatiza a importância da defesa antimísseis no reforço da dissuasão americana, em uma era de arsenais nucleares ofensivos menores.

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