Social Icons

https://twitter.com/blogoinformantefacebookhttps://plus.google.com/103661639773939601688rss feedemail

terça-feira, 31 de julho de 2012

[FOTO] Fuzil Steyr AUG em mãos rebeldes na Síria

(clique na foto para ampliá-la)
Varrendo a internet atrás de notícias para o blog acabei me deparando com uma foto muito intrigante. A foto que me refiro mostra um rebelde sírio de pose de um fuzil austríaco Steyr AUG. A foto faz suscitar uma dúvida: Quem forneceu o fuzil Steyr AUG para os rebeldes? Eu fomente a tese que fora a Arábia Saudita que forneceu fuzis desse tipo para os rebeldes via Jordânia. Afinal, todos nós sabemos que os sauditas não estão medindo esforços para apoiar os rebeldes.

TV saudita diz que o Exército Sírio tem tanques T-80 e T-90


O apresentador de um telejornal do canal saudita Al Arabiya disse que o Exército Sírio dispõe de mais de 4700 tanques de batalha (minhas fontes dizem que são 6100 tanque se colocarmos na conta aqueles que estão na reserva). Quem se interessa pelo assunto sabe que a Síria tem tanques de batalha de T-55, T-62, T-72, mas nunca dispôs de tanques T-80 e T-90. Será que os sauditas tem informações que ninguém tem ou será que eles erram? Obs.: Prestar a atenção a partir do minuto 1:40.

Forças Sírias e rebeldes se enfrentam em Al-Marja, Aleppo

Projetista-chefe do AK-12 fala um pouco do novo fuzil

Acima o primeiro protótipo do AK-12
Quem acompanha o blog já algum tempo sabe que a Izhmash está a desenvolver um novo fuzil de assalto, o AK-12.  Pois bem, recentemente Vladimir Zlobin, projetista chefe do projeto AK-12, concedeu em uma entrevista a “TV Expert” para falar um pouco mais do AK-12. Segundo Zlobin, o AK-12 começou a ser desenvolvido em meados de 2011 e já no final do mesmo eles já tinham um protótipo pronto. Os protótipos do AK-12 estão em constante evolução e novas versões do novo rifle serão desenvolvidas em breve para pré-testes da Izhmash. Zlobin disse que o novo fuzil tem um novo mecanismo de gatilho e o design do mesmo é modular.

O layout do AK-12, como descrito por Zlobin, continuará ser clássico. O manejo do AK-12 continuará a ser tão simples como nas versões anteriores dos fuzis Kalashnikov. Ao mesmo tempo, o AK-12 irá ser bastante diferente dos seus antecessores no que tange a forma e ergonomia.

O novo fuzil tem um novo sistema de freio de boca, o qual permite a redução do récuo do fuzil. Esse sistema também impede que o fuzil ‘suba na linha de tiro’ de modo significativo em modo automático.  Nesse sentido, o AK-12 conseguir melhor em 20% a precisão de disparo com relação a família Kalashnikov anterior, a família AK-100.

Devido a redução de peças móveis, a Izhmash conseguiu aumentar a precisão com o AK-12. De acordo com Zlobin, o AK-12 tem desempenho muito parecido com o AK-107 em termos de tecnologia. Mas melhorar a precisão do AK-107 seria muito custoso, mais do que desenvolver um novo fuzil e isso poderia reduzir a confiabilidade do fuzil.

O AK-12 terá 3 modos de tiro: único, brust de 3 tiros e automático. A recarga do fuzil pode ser feita em tempo recorde e o AK-12 pode ser manuseado tanto por destros, como canhotos. O novo fuzil terá um novo tipo de coronha e poderá ter o cano mudado em um regime modular. O novo fuzil aceitará uma vasta gama de acessórios, uma vez que terá três trilhos Picatinny para a instalação de acessórios.

Tal como acontece nas versões anteriores do Kalashnikov, o AK-12 também poderá receber baionetas . O AK-12 terá carregadores com capacidade para 30, 60 e 100 projéteis, mas será vendido para os civis com carregadores com capacidade para 20 projéteis.

Nos bastidores da “TV Expert”, Zobin disse que os militares russos estão insatisfeitos com os atuais calibres 5,45mm, 5,56mm e 7,62mm e que no futuro o AK-12 poderá ter um novo calibre “intermediário”.

Zobin revelou que ao criar o AK-12, ele colocou em prática conceitos apreendidos com seus mestres Yakovlevich Stechkin, Nikolai M. Afanasyev e German A. Korobov, com os quais trabalhou na Tulsky Oruzheiny Zavod (Fábrica de Arma de Tula).

[VÍDEO]Conheça a Base Aérea russa de Engels

A Base Aérea de Engels, na região do Volga, é casa dos bombardeiros estratégicos russos. Os bombardeiros estratégicos compõe a espinha dorsal da dissuasão nuclear da Rússia. O curioso é que essa base carrega o nome do filósofo comunista alemão Friedrich Engels. No vídeo acima será possível ver os bombardeiros estratégicos Tupolev Tu-160 “Blackjack” (Cisne Branco), Tupolev Tu-95 “Bear” e o Tupolev Tu-22M “Blackfire”.

Romney recebe apoio de israelenses durante caminhada por Jerusalém


Mitt Romney discursa em Jerusalém

Mitt Romney disse no domingo que impedir o Irã de obter capacidades nucleares seria sua “maior prioridade de segurança nacional” se eleito presidente, em um discurso que enfatizou os valores e interesses compartilhados que ele vê entre Israel e Estados Unidos, mas oferecendo poucos detalhes específicos sobre as políticas que adotaria para isso.

“Nós temos o dever solene e um imperativo moral de negar aos líderes do Irã os meios para atingirem suas intenções malignas”, disse Romney, o candidato presidencial republicano, para um público de cerca de 300 pessoas, incluindo um grande contingente de doadores americanos que vieram a Jerusalém para ouvir o discurso. “Nós não podemos nos iludir em pensar que contenção é uma opção.”

Diferentemente do governo Obama, que geralmente fala sobre impedir o Irã de obter uma arma nuclear, Romney repetiu o discurso dos líderes de Israel, que falam em bloquear Teerã de até mesmo ter capacidade de desenvolver uma. Seu principal assessor de política externa, Dan Senor, também foi além das declarações de Obama de que todas as opções devem permanecer na mesa e que Israel tem o direito de se defender, sugerindo que Romney está pronto para apoiar um ataque militar unilateral por Israel.

“Se Israel agir por conta própria”, disse Senor antes do discurso, “o governador respeitaria essa decisão”.

A campanha, no meio de uma visita de sete dias ao exterior que teve início em Londres e prosseguiu na segunda-feira na Polônia, pareceu ao longo de todo o dia ter dificuldade com a diplomacia delicada exigida de um candidato no exterior. Após a publicação dos comentários de Senor, ele emitiu uma declaração dizendo que não mencionou uma ação unilateral e posteriormente disse que não estava necessariamente se referindo a um ataque militar. O próprio Romney manteve sua promessa de não criticar o presidente Barack Obama em solo estrangeiro, apesar de seu discurso ter incluído um ataque vago aos democratas.

“Nós não podemos permanecer em silêncio enquanto aqueles que buscam minar Israel expressam suas críticas”, disse ele. “E certamente não devemos nos juntar a essas críticas. O distanciamento diplomático em público entre nossos países encoraja os adversários de Israel.”

Ele também se referiu claramente a Jerusalém como “capital de Israel”, algo que os integrantes do governo Obama, de acordo com décadas de política americana oficial, não fazem, porque os palestinos também veem a cidade como futura capital de seu esperado Estado. A fala provocou aplausos em pé de algumas pessoas na plateia.

A visita, a quarta de Romney a Israel, coincidiu com o dia solene de jejum de Tisha B’av, que marca a destruição do Primeiro e do Segundo Templo. Entre os encontros com o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu, o presidente Shimon Peres e o primeiro-ministro da Autoridade Palestina, Salam Fayyad, Romney e sua mulher, Ann, juntamente com vários doadores, fizeram uma peregrinação até o Muro das Lamentações, o local mais sagrado do judaísmo e um símbolo central do feriado.

Ao lado do rabino chefe no muro, Romney, usando um quipá preto aveludado, recebeu o Salmo 121 --“Eis que não tosquenejará nem dormirá o guarda de Israel”-- e posteriormente inseriu um bilhete de oração em uma fresta entre as pedras, como é a tradição (assessores de campanha se recusaram a revelar seu conteúdo).

A cena mais parecia a de um comício de campanha do que um local solene de oração. Mulheres subiam nas cadeiras para espiar por sobre a cerca que as separa dos homens, muitas das quais aplaudiam e acenavam durante a passagem do candidato e sua comitiva; pessoas que de fato oravam foram empurradas para trás enquanto seguranças isolavam um espaço para o candidato.

“Jerusalém, a capital de Israel”, gritou um homem. “Derrote Obama, governador!” disse outro.

Quem guiou Romney até o muro foi J. Philip Rosen, um advogado de Manhattan que tem casa em Jerusalém e ajudou a organizar um evento de arrecadação de fundos, custando US$ 50 mil por casal, que ocorreu na manhã de segunda-feira.

Entre aqueles que vieram para cá para o evento estavam o magnata de cassinos, Sheldon Adelson, que prometeu gastar US$ 100 milhões neste período de campanha eleitoral para derrotar Obama e usava um alfinete de lapela dizendo “Romney” em hebraico; Cheryl Halpern, uma republicana de Nova Jersey e defensora de Israel; Woody Johnson, dono do New York Jets; John Miller, presidente-executivo da National Beef Packing Company; John Rakolta, um empreendedor imobiliário de Detroit que liderou o comitê financeiro da candidatura de Romney à presidência em 2008; L.E. Simmons, o proprietário texano de uma empresa de private equity com laços com a indústria do petróleo; Paul Singer, fundador de um fundo hedge de US$ 20 bilhões; e Eric Tanenblatt, um arrecadador de fundos para Romney em Atlanta que nunca tinha visitado Israel. Scott Romney, o irmão do governador, e Spencer Zwick, seu tesoureiro nacional, também estavam presentes.

Eles forem recebidos no opulento King David Hotel aqui na noite de sábado com cestas de presentes que incluíam quipás brancos, muitos deles usados no Muro das Lamentações, e barras de chocolate israelense feitas com Pop Rocks. Alguns passaram a noite de domingo fazendo turismo por Jerusalém, enquanto outros observaram o jejum; após o discurso, Sander Gerber, um financista de fundo hedge, e Rosen estavam entre aqueles que fizeram um miniyan (quorum de dez pessoas) improvisado para o serviço religioso da noite, ficando entre filas de bandeiras americanas e israelenses alternadas com vista para a Cidade Velha.

Como têm feito há meses, Romney e seus assessores reforçaram seu relacionamento com Netanyahu, com quem ele trabalhou nos anos 70 no Boston Consulting Group. Além da reunião deles na manhã, os dois homens e suas mulheres fizeram juntos o jantar pós-jejum na casa de Netanyahu.

Recepção de Mitt Romney por premiê israelense equivale a "abraço político"


Teria ele passado nas provas finais tanto entre Israel quanto entre o eleitorado judeu e protestante americano? A resposta dos editoriais, na segunda-feira (30), enquanto Mitt Romney ia para Varsóvia após uma visita de 24 horas a Israel, foi bem positiva.

Em primeiro lugar porque o candidato republicano à Casa Branca não cometeu nenhuma gafe, como em Londres, sua etapa anterior, onde teve a falta de tato de questionar o estado de preparação da capital britânica para os Jogos Olímpicos. Esmagado pela imprensa do Reino Unido, ele demonstrou em Jerusalém uma grande prudência em suas declarações, ao mesmo tempo em que se mostrava firme em se tratando da “ameaça incomparável e inaceitável” que é, “para Israel, para a região e para o mundo”, o potencial nuclear do Irã, e muito crítico --implicitamente-- sobre a atitude de Barack Obama em relação a Teerã, temerosa, em sua opinião.

Romney tinha um obstáculo a evitar: criticar, em solo estrangeiro, o presidente em exercício, o que teria sido imediatamente explorado na campanha eleitoral americana. Embora em nenhum momento ele tenha pronunciado o nome do ocupante da Casa Branca, ele se esforçou para se diferenciar dele, sem, no entanto, chegar ao ponto de preconizar ataques militares contra as instalações nucleares iranianas. No máximo ele reconheceu que o Estado judaico tinha o “direito de se defender” antes de acrescentar na mesma frase: “estamos ao lado de Israel”.

Foi uma reformulação. Isso porque, algumas horas antes, sua comitiva havia afirmado que o candidato do Grand Old Party (GOP) “apoiaria” uma ação militar de Israel. Dan Senor, seu assessor de política externa, claramente tentou voltar atrás: Romney “respeitaria” tal decisão, mas sua “grande esperança” é de que as medidas diplomáticas e econômicas contra o Irã alcancem seu objetivo.

O primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, que é bastante ativo quanto ao tema, estava visivelmente satisfeito, ainda mais quando Romney fez a referência “Jerusalém, capital de Israel”. Teria sido um engano? No máximo, um deslize calculado: embora a comunidade internacional --os Estados Unidos, inclusive-- não reconheça a decisão do Estado israelense de fazer da Cidade Santa sua capital “una e indivisível”, Romney é somente um candidato à presidência americana e, Barack Obama, em 2008, em condições comparáveis, também havia empregado essa expressão, antes de se retratar uma vez dentro da Casa Branca.

Estatura internacional
A passagem do ex-governador do Massachusetts por Israel quase começou mal: sua programação previa um jantar no hotel King David, destinado a levantar fundos para sua campanha eleitoral. O evento, para o qual foram convidadas cerca de 50 pessoas --a US$ 50 mil (cerca de R$100 mil) cada-- aconteceria mesmo durante a festa de Tisha B’av, na qual os judeus jejuam para rememorar a destruição do Templo.

Como teria parecido algo despropositado, o programa foi alterado: Netanyahu convidou Ann e Mitt Romney para um jantar particular no domingo à noite, e foi durante um café da manhã, na segunda-feira, que o candidato esperava arrecadar, segundo sua comitiva, mais de US$ 1 milhão (cerca de R$2 milhões).

A tarefa de Mitt Romney era delicada, mas esse exercício visando afirmar sua estatura internacional foi realizado diante de um público já ganho de antemão: as relações entre Netanyahu e Obama são notoriamente ruins, e em Israel a maioria política é próxima dos republicanos. Mas o chefe da Casa Branca se esforçou para se antecipar a seu adversário: os emissários de Washington vêm se multiplicando já há algum tempo em Jerusalém, e Obama anunciou na sexta-feira uma ajuda militar extra de US$ 70 milhões ao Estado judaico.

Para o primeiro-ministro israelense, essa visita comportava o risco de dar um apoio excessivamente ostensivo ao candidato republicano, sendo que uma reeleição de Barack Obama é possível. Não há certeza de que Netanyahu tenha evitado isso: “esse jantar privado na casa do primeiro-ministro para um candidato em campanha eleitoral é algo sem precedentes”, notou um diplomata israelense, “isso equivale a um abraço político, e pode ser considerado como uma parcialidade na campanha americana”.

CIA minou combate à pólio no Paquistão


Na busca por Bin Laden, vacinadores colheram DNA

Casa de Bin Laden Abbottabad 
O assassinato de Osama bin Laden pode ter feito uma vítima acidental: a campanha global pela erradicação da pólio.

No Paquistão, a decisão da CIA de usar uma equipe de vacinação para entrar no imóvel de Osama bin Laden e colher informações e amostras de DNA claramente afetou a campanha nacional contra a pólio. A questão é: quanto?

Depois que o ardil do médico Shakil Afridi foi revelado por um jornal britânico, há um ano, vacinadores legítimos foram expulsos de aldeias, acusados de serem espiões.

Em junho, comandantes do Taleban em dois distritos proibiram as equipes de vacinação até que os EUA parassem seus ataques com aviões teleguiados. Um deles citou Afridi, que cumpre pena de 33 anos imposta por um tribunal local, como exemplo de como a CIA poderia usar a campanha para acobertar espionagens.

"Foi um retrocesso, sem dúvida", admitiu Elias Durry, coordenador da Organização Mundial da Saúde para a poliomielite no Paquistão.

Mas ele e outros líderes da guerra global à pólio dizem que já se recuperaram de reveses piores. Nos dois distritos, os montanhosos Waziristão do Norte e do Sul, vivem apenas 278 mil crianças menores de 5 anos de idade -o público-alvo da vacinação. No norte da Nigéria, por outro lado, onde a pólio está sendo vencida após anos de resistência da opinião pública, há milhões e milhões de crianças.

Além disso, disse Durry, os vacinadores atingiram 225 mil crianças no Waziristão antes da proibição. Todas elas irão precisar de várias doses para ficarem protegidas, mas cada dose dada é um tempo ganho. A verdade provavelmente só se revelará após o pico de casos da pólio nos meses de verão.

Em julho de 2011, a indignação atingiu o auge, quando o jornal londrino "The Guardian" expôs a conexão da CIA. Ela foi confirmada em janeiro pelo secretário de Defesa dos EUA, Leon Panetta. Em maio, quando Afridi foi sentenciado, grupos humanitários protestaram junto a David Petraeus, diretor da CIA.

"Dificilmente poderia haver iniciativa mais estúpida e certamente haveria uma reação, especialmente no caso da pólio", disse Zulfiqar Bhutta, especialista em vacinas da Universidade Aga Khan, no Paquistão.

Bhutta, que também dirige o comitê de ética científica do governo, disse que Afridi e a CIA deveriam ser "processados ou algo pior". Para estabelecer sua credibilidade, as equipes vacinaram bairros inteiros em Abbottabad sem permissão.

Os casos de paralisia infantil no mundo todo despencaram de 350 mil, na década de 1980, para cerca de 600, atualmente. O Paquistão teve 198 casos, no ano passado. Para cada caso conhecido, há cerca de 200 portadores sem sintomas, acreditam os especialistas. Desde o começo do ano, foram detectados apenas 22 casos no Paquistão. Mas o vírus permanece nas amostras de esgoto, o que significa que as pessoas continuam a evacuá-lo.

Rumores sobre a vacina da pólio abundam: que é um complô ocidental para tornar as meninas estéreis, que não é considerada limpa perante a lei islâmica, que contém o vírus da Aids.

Há cinco anos, quando partidários do Taleban agrediram vacinadores no Afeganistão, a Unicef e a OMS convenceram o líder do Taleban, mulá Muhammad Omar, a expedir salvo-condutos para as equipes.

Agora as agências querem negociar com comandantes locais no Paquistão.

"Eles sabem que não temos nenhum controle sobre os ataques com aviões teleguiados", disse Bruce Aylward, chefe de erradicação da pólio da OMS. "E ainda não conheci um pai que prefira ter um filho paralisado."

Bhutta disse que ainda acredita que o Paquistão irá eliminar a pólio. "Por mais trágico que seja, estou confiante de que a resistência vai sumir", disse ele. "O 'establishment' religioso racional já está envolvido e a minoria lunática é apenas a minoria lunática."

Projetos apresentados pelo Exército são importantes


Hidrelétrica de Itaipu

O comando do Exército apresentou à presidenta Dilma três projetos necessários ao país: o primeiro, chamado de Sistema Proteger, é voltado para a defesa de hidrelétricas, refinarias e usinas nucleares. O segundo é o Sistema Integrado de Monitoramento de Fronteiras (Sisfron) e o terceiro é o Centro de Defesa Cibernética (CD Ciber). Os três projetos totalizam investimentos da ordem de R$ 23,83 bi. Com exceção do Sisfron, os outros dois já estão sendo implementados.

Como eu escrevi acima, todos são necessários ao país. O problema que não foi tratado até aqui é que sua implementação exige uma modernização do Exército e do cojunto das Forças Armadas. No caso específico do Exército, implica mudar os objetivos e os currículos dos cursos de formação, desde o de cadetes até os cursos de Estado Maior.

Sem uma mudança dessa natureza continuaremos com um ensino baseado em uma doutrina anterior à redemocratização dos país, voltada para um Exército do século XXI. Ao colocarmos em execução projetos como esses, que exigem Forças Armadas modernas, com um elevado grau de atualização, que trata de cibernética e defesa das fronteiras, certamente haverá um choque com a formação que continua sendo dada, voltada para preparar homens e mulheres de um exército para um país e uma realidade sócio-política que já está superada no tempo.

Os três projetos
O Chamado de Sistema Proteger custará R$ 9,63 bi e será instalado em 12 anos. Seu projeto-piloto foi feito para preservar as instalações da usina hidrelétrica de Itaipu, e também atenderá às subestações e linhas de transmissão do oeste do Paraná. O segundo passo do Proteger é reforçar a vigilância sobre a infraestrutura de empresas estratégicas de São Paulo, São José dos Campos e Rio de Janeiro, onde estão as refinarias de Paulínia, Duque de Caxias (Reduc) e as Usinas Nucleares de Angra dos Reis.

O segundo projeto estratégico em adoção, o Sistema Integrado de Monitoramento de Fronteiras (Sisfron), está orçado em R$ 11,9 bi e estará concluído em dez anos. Quanto ao Centro de Defesa Cibernética (CD Ciber), o custo de orçado é de R$ 2,3 bi com o prazo de implantação de quatro anos.

Nesta terça (31.7) será aberta a licitação do projeto piloto do Sisfrom, a ser instalado em Dourados (MS), e que prevê o reforço de 650 quilômetros de fronteiras que dividem Mato Grosso do Sul com Bolívia e Paraguai. Já o CD Ciber, que receberá R$ 120 milhões este ano, passou pelo seu primeiro teste durante a Rio. O Brasil, hoje, é o único país da América Latina a contar com um simulador de defesa cibernético.

Marinha do Brasil recebe novos helicópteros


MH-16 “Seahawk”
Chegaram, hoje, dia 30 de julho, ao Aeroporto Internacional de Cabo Frio, os dois primeiros Helicópteros MH-16 “Seahawk” da Marinha do Brasil (MB).

Os helicópteros vieram desmontados, transportados por aeronave da Força Aérea Norte Americana (C-17). Após serem montados, serão conduzidos, em vôo, por pilotos da empresa Sikorsky Aircraft Corporation, para a Base Aérea Naval de São Pedro da Aldeia, onde permanecerão em testes finais de aceitação. A incorporação definitiva à Força Aeronaval ocorrerá por ocasião do aniversário da Aviação Naval, em 23 de agosto.

Essas aeronaves foram adquiridas junto à empresa Sikorsky, de um lote de seis helicópteros, mediante acordo celebrado em maio de 2008 com o Governo dos Estados Unidos da América, e irão substituir os SH-3A/B “Seaking”, que prestaram bons serviços por mais de 40 anos.

As novas aeronaves MH-16 pertencerão ao Primeiro Esquadrão de Helicópteros Anti-Submarino e serão empregadas em proveito das Forças Navais, na “Amazônia Azul”, com a capacidade de realizar tarefas de detecção, localização, acompanhamento, identificação e ataque a alvos de superfície e submarinos, além de ações de busca e salvamento.

O MH-16 possui características estruturais e de projeto que lhe conferem maior robustez, resistência e confiabilidade, tais como: redundância dos sistemas de controle de voo e sistemas hidráulicos; e tolerância balística das pás do rotor principal para calibres de até 20 mm. Seus equipamentos aviônicos e sensores são última geração e podem ser armados com Metralhadora Lateral, Torpedos Anti-Submarino e Míssil Anti-Navio.

segunda-feira, 30 de julho de 2012

[VÍDEO]Cerimônia de batimento de quilha do submarino estratégico "Knyaz Vladimir”

Hoje aconteceu a cerimônia de batimento de quilha do submarino nuclear estratégico russo "Knyaz Vladimir", a qual contou com a presidente do presidente russo, Vladimir Putin. O Knyaz Vladimir já começou a ser construído há alguns anos, mas não foi realizado a cerimônia oficial do seu lançamento. Seu casco está quase pronto.

Submarino estratégico russo “Novomoskovsk” retorna ao serviço ativo

A Marinha Russa recolocou na ativa o submarino nuclear estratégico Novomoskovsk (K-407), comunicou hoje o estaleiro JSC Zvezdochka.

“A ata de entrega do submarino estratégico Novomoskovsk foi assinada em 27 de julho em Severodvinsk”, diz o comunicado do estaleiro JSC Zvezdochka, que é especializada na reparação de submarinos.

Os trabalhos de manutenção e modernização do Novomoskovsk (K-407) começaram em 2007 e o programa de testes de navegação foi concluído em julho. Espera-se que o submarino cumpra mais 10 anos de serviço.

O submarino Novomoskovsk (K-407) pertencente ao Projeto 667BDRM, foi lançado em fevereiro de 1990 e comissionado em fevereiro de 1992. Os submarinos desse Projeto constituem o núcleo do potencial de dissuasão nuclear das forças nucleares estratégicas russas. Entre 1984 e 1990, a Armada Russa incorporou 7 submarinos desse tipo.

Os submarinos do Projeto 667 deslocam 18.200 toneladas, podem alcançar uma velocidade de 24 nós e mergulhar a uma profundidade de 400 metros. A tripulação é composto por 135 homens, incluindo 40 oficiais.

O armamento do submarino é constituído por 16 mísseis balísticos intercontinentais (ICBM) R-29RM "Sineva", tem 4 tubos para o lançamento de torpedos de 533mm e mísseis antiaéreos Igla.

Até que enfim: Submarino estratégico “Knyaz Vladimir” é posto em quilha


No último dia 25 de julho, o Informante adiantou que o submarino nuclear russo lançador de mísseis “Knyaz Vladimir” (Príncipe Vladimir), quarto submarino da classe Borey do Projeto 955, e primeiro submarino do Projeto 955A, seria posto em quilha.

Pois bem, hoje o Knyaz Vladimir foi posto em quilha em uma cerimônia, a qual contou com a presidente do presidente russo, Vladimir Putin.

Putin recordou que a Rússia terá 8 submarinos da classe Borey até 2020 e destacou a contribuição do estaleiro Sevmash para o desenvolvimento militar do país.

“No total, haveis construído 129 submarinos. É um recorde único. Não se sei se haverá no mundo outra empresa que tenha feito tanto por seu país”, disse Putin acerca do estaleiro Sevmash.

O presidente da Federação Russa ressaltou a necessidade de abordar o quanto antes a construção de navios promissores que “irão determinar a futura fisionomia da Armada e, portanto, hão de ter armas, sistemas de controle, reconhecido e comunicações correspondentes”.

Situado no noroeste da Rússia, o estaleiro Sevmash é o único estaleiro russo que constrói submarinos nucleares. Atualmente, no estaleiro Sevmash, se constrói um submarino do Projeto 955, o submarino Vladimir Monomakh. Outros dois submarinos, o K-535Yuriy Dolgorukiy, navio insígnia da classe Borey, e o K-550Aleksandr Nevskiy tiveram o processo de construção finalizado e atualmente estão passando por testes em mar. Ambos os navios entrarão em serviço na Armada Russa ainda esse ano.

O Knyaz Vladimir já começou a ser construído há alguns anos, mas não foi realizado a cerimônia oficial do seu lançamento. Seu casco está quase pronto.

Os submarinos estratégicos do Projeto 955 “Borey” serão a ponta-de-lança das Forças Navais Estratégicas da Federação Russa depois de 2018, quando na ocasião serão retirados do serviço ativo os submarinos do Projeto 941 (Akula) e 667 BDR e BDRM (Kalmar e Murena, Delta-3 e Delta-4 para na classificação OTAN respectivamente).

O armamento é constituído de torpedos, 6 mísseis de cruzeiro RPK-2 Viyuga, 12 mísseis balísticos navais estratégicos RSM-56 Bulava, que terão o alcance de 8.000 km, os quais podem ser armados com até 10 ogivas de guiamento individual e de reentrada múltipla. A tripulação do submarino é de 107 pessoas, incluindo 55 oficiais.

França: Desfile militar de 14 de julho - Défilé militaire du 14 Juillet (2012)

O complexo jogo de alianças do Hamas


Ismail Haniyeh (à esq.), líder do grupo islâmico Hamas, se reuniu com o presidente do Egito, Mohamed Mursi, no Cairo, na quinta-feira (26)

Ismail Haniyeh, chefe do governo do Hamas em Gaza, foi até o Cairo, na quinta-feira (26), para um primeiro encontro com o presidente egípcio, Mohamed Mursi. Seu antecessor, Hosni Mubarak, nunca havia recebido os líderes do Movimento da Resistência Islâmica, cuja influência ele temia em seu país. O fator simbólico era forte, garantia de uma maior cooperação futura entre Irmandade Muçulmana do Egito e Gaza.

Só que Murad Muafi, chefe do serviço de inteligência egípcio, estava presente, como se para fazer um contrapeso às pressões da confraria sobre Morsi para que se atenue o bloqueio que o Egito impõe à Faixa de Gaza. O sinal é inequívoco: no Cairo, o poder político é dual e, em se tratando de relações com o Hamas, o exército tratará de impor limites.

A data não foi escolhida por acaso: antes de Haniyeh, passaram pelo Cairo Mahmoud Abbas, presidente da Autoridade Palestina, e Khaled Meshaal, líder político do Hamas, a quem atribuíram rápido demais uma perda de fôlego desde que ele foi obrigado a deixar Damasco após sua ruptura com Bashar Assad. Ali, é essencial ser realista: a legitimidade do movimento palestino, tanto para o Egito de Mursi quanto para o de Mubarak, é encarnada pelo presidente Abbas.

Desse ponto de vista, o presidente egípcio está em melhor posição de equilíbrio entre os irmãos inimigos do movimento palestino. Mursi precisa de credibilidade internacional e não seria uma vitória desprezível arquitetar essa reconciliação. O Hamas pode ajudar Mursi demonstrando pragmatismo com Abbas, o que Khaled Meshaal começou a fazer ao adotar o vago conceito de “resistência pacífica”.

Novos patrocinadores
Ismaiel Haniyeh mostra, com sua vontade de manter um cessar-fogo com Israel, que ele também está preocupado em melhorar a imagem da marca internacional do Movimento da Resistência Islâmica. Ele informou que, em caso de ataque israelense contra as instalações nucleares do Irã, o Hamas não se sentiria nem um pouco obrigado a abrir uma nova frente contra o Estado judaico.

Os “padrinhos” históricos do Hamas, a Síria e o Irã, estão começando a deixá-lo na mão. Com Damasco, um capítulo foi encerrado. Meshaal foi o primeiro a sentir a tendência, mas essa “deserção” do presidente sírio custou uma relativa deterioração de suas relações com o Irã. O Hamas perdeu seu monopólio no poder em Gaza desde que Teerã passou a armar o jihad islâmico. O Irã, cada vez mais isolado, precisa continuar a ser o ponta de lança, financeiro e militar, do Hamas. Mas não é mais o que acontece.

Além de armas sofisticadas terem entrado em Gaza provenientes da Líbia, o Hamas encontrou novos patrocinadores. Não foi por acaso que Khaled Meshaal escolheu morar em Doha: o Qatar se tornou o defensor da reconstrução da Faixa de Gaza, e o mesmo vale para a Arábia Saudita.

Para o Hamas, essa reaproximação com países sunitas parece mais natural que a aliança com o Irã e o Hezbollah xiitas. Mas o problema parece mais difícil de resolver: o Hamas quer se apoiar no “novo Egito” e aproveitar as generosidades do Qatar e da Arábia Saudita, sem afastar o apoio militar do Irã...

Em Gaza, as expectativas frustradas dos palestinos em relação aos "irmãos" egípcios


O chefe do Hamas em Gaza, Ismail Haniya, celebra a vitória de Mohamed Mursi, primeiro presidente do Egito desde a queda de Hosni Mubarak, em junho

A obra, inaugurada há um mês, é grandiosa. Em sua fachada encimada por dois arcos geométricos e recoberta de mármore cinza está escrito “Ponto de passagem de Rafah, Autoridade Palestina”, e ninguém pode ignorar que essa opulenta realização foi financiada pelo Banco Islâmico de Desenvolvimento. A entrada é protegida por uma grade, fiscalizada por milicianos do Hamas: é preciso mostrar as credenciais para atravessar a porta que dá para o Egito.

Viajantes que tenham recebido uma autorização do Ministério do Interior (dois meses de espera) se agrupam em uma sala de Khan Younis, a cidade grande mais próxima, antes de poder subir em um ônibus, que segue diretamente para o terminal de Rafah: de maneira alguma se chega sozinho. Uma vez dentro do perímetro fronteiriço, a modernização das instalações salta aos olhos, sinal de que o governo de Gaza, com ajuda de seus patrocinadores árabes, apostou que a revolução egípcia levaria a uma abertura completa da fronteira, ou seja, o fim do bloqueio, do lado egípcio, da Faixa de Gaza.

As salas de embarque e desembarque passaram por reformas luxuosas: cadeiras acolchoadas, ar-condicionado eficiente, cafeteria, mármore onipresente, esteiras rolantes e scanners para as bagagens, agentes alfandegários um pouco ociosos em suas guaritas brilhantes que não ficam devendo em nada ao aeroporto de Riad, não falta nada. Nem mesmo o retrato de Ismail Haniyeh (primeiro-ministro do governo do Hamas), triunfante, de braço erguido, com o seguinte slogan: “Vocês não podem destruir nossas muralhas”. Israel certamente entenderá...

Ayoub Abou Shahar, diretor do ponto de passagem de Rafah, está bastante orgulhoso: a primeira etapa das obras custou US$ 1 milhão (cerca de R$ 2 milhões), e o Banco Islâmico de Desenvolvimento deve pagar entre US$ 3 e 4 milhões no total. Mas Shahar é obrigado a constatar que, por enquanto, o Egito só liberou... 300 viajantes por dia. No dia seguinte à vitória presidencial de Mohamed Morsi, um número recorde de 1.530 habitantes de Gaza conseguiu ir até o Egito, e depois o fluxo diminuiu notavelmente: “Passamos de 600 a 700 pessoas por dia para 900 a mil”, diz, no entanto, o diretor do terminal Rafah.

Logo, o anúncio, no dia 11 de julho, de um aumento de mil para 1.500 passageiros por dia foi precipitado, assim como o feito no dia 23 de julho, do fim da proibição aos homens entre 18 e 40 anos de irem até o Egito. Até prova em contrário, esta última continua, bem como a “lista negra”, que inclui milhares de nomes. Essas restrições são impostas pelo Cairo, e a “cada dia”,diz Ayoub Abou Shahar, “recebemos cerca de 30 novos nomes de pessoas proibidas de entrar”. Será que Ismail Haniyeh, que foi recebido pela primeira vez pelo presidente Morsi, na quinta-feira (26), conseguirá obter mais flexibilizações ou até convencer os egípcios a financiarem seu mirabolante projeto de uma zona econômica e comercial na fronteira?

Os habitantes de Gaza duvidam disso: eles já entenderam que suas esperanças de furar o bloqueio imposto por Israel através de uma abertura das portas para o sul deverão ser reduzidas. “No dia seguinte à eleição de Morsi”, lembra Wesam Afifa, redator-chefe do jornal “Al-Resalah”, “foi como se ele tivesse sido eleito presidente da Palestina! Foi uma explosão de alegria, as pessoas pensavam ‘vai ser como quando houve um governo egípcio em Gaza [até 1967]’”.

Depois, à medida que os dias foram passando, a dura realidade da vida cotidiana prevaleceu. Um sinal dessa ausência de mudanças é o barulho dos geradores de energia que se ouve nas ruas. Os habitantes de Gaza sofrem entre 12 e 18 horas de cortes de eletricidade por dia, o que, no forno desse mês de Ramadã, torna terrível o dia a dia. A única usina elétrica de Gaza costuma sofrer com a falta de óleo combustível, tanto em razão da má vontade de Israel quanto por querelas financeiras entre a Autoridade Palestina e o governo do Hamas.

Desnecessário dizer que o anúncio do “presente” do Qatar, sob forma de um navio-tanque de 30 milhões de litros de combustível para Gaza, foi saudado como a esperança de uma melhoria. Mas as coisas não aconteceram assim. O petróleo qatariano transita pelo ponto de passagem israelense de Kerem Shalom, situado 3 quilômetros a leste de Rafah; o combustível para a usina elétrica, portanto, chega de acordo com a boa vontade do Estado judaico. E também do governo egípcio: o Cairo poderia ter encaminhado esse óleo combustível através de comboios de caminhões por meio de Rafah, mas ele não quis, dando como pretexto a falta de segurança no Sinai. Mas é verdade que no dia 22 de julho o gasoduto que abastece Israel e Jordânia foi alvo de seu 15º atentado em um ano e meio.

As prevaricações egípcias têm provocado decepção e irritação crescentes em Gaza, que não poupam o Hamas, já acusado de ter abandonado a resistência armada contra Israel. A realidade, resume Omar Shaban, diretor do centro de estudos estratégicos PalThink, “é que os egípcios entenderam que não é necessariamente do interesse deles conceder ao Hamas tudo que ele pede, correndo o risco de associar o destino de Gaza ao do Egito e de tornar ainda mais difícil a reconciliação interpalestina”. O presidente Morsi, ele diz, sabe que, ao abrir os braços para o Hamas, “ele provocaria ao mesmo tempo os israelenses e os americanos, e ele não tem nada a ganhar com isso”. A solidariedade entre a Irmandade Muçulmana (o Hamas se originou da confraria) é uma coisa, mas ela não está necessariamente alinhada com os interesses políticos e diplomáticos do Egito.

“Ouvimos belas palavras de amizade por parte do presidente Morsi”, ressalta Wesam Afifa, “mas, na prática, as questões da Faixa de Gaza continuam sob controle dos serviços de inteligência egípcios.” Desse ponto de vista, é provável que o novo governo egípcio não vá adotar uma atitude muito diferente da do ex-presidente Hosni Mubarak: diante da instabilidade política e de uma grave crise econômica, o Egito quer poder continuar controlando a abertura das portas de Gaza, ou seja, manter à distância a pobreza e as carências de 1,7 milhão de seus habitantes, bem como o ativismo islâmico do Hamas.

Hollande diante das armadilhas da História: na França, evocar o passado é exercício de alto risco


A História, para um líder político, é um campo minado. Nicolas Sarkozy sabe uma ou duas coisas a respeito disso. Durante seu mandato, foram raras suas incursões à terra de Clio que não causaram polêmica: vêm à memória, entre outras coisas, debates que se seguiram à sua ideia de implementar nos colégios a leitura da última carta do resistente Guy Môquet, sua proposta de “confiar a cada aluno do CM2 [alunos na faixa dos 11 anos] a memória de uma criança vítima do Holocausto” ou ainda sua vontade de criar uma Casa da História da França que visasse “reforçar a identidade que é a nossa, a identidade cultural”.

Já François Hollande certamente terá uma relação diferente com o passado. Seu estilo, menos  efervescente que o de seu antecessor, prevê um mandato com poucas iniciativas estrondosas nesse domínio. Não importa. Apesar de sua prudência e de seu gosto pela História, especialmente a da Terceira República, o chefe do Estado sabe: evocar o passado, quando se preside a França, é um exercício de alto risco.

Ele pôde perceber isso por duas vezes, já. A primeira foi em 15 de maio, dia de sua posse. Para seu primeiro discurso pronunciado fora do Palácio do Eliseu, Hollande havia optado por prestar uma homenagem a Jules Ferry (1832-1893). Foi uma escolha criticada. Tanto à esquerda quanto à direita, houve quem lembrasse que o pai da escola gratuita, laica e obrigatória também havia sido um defensor ferrenho da colonização, convicto de que “as raças superiores (...) têm o dever de civilizar as raças inferiores”. O presidente ouviu. Em seu discurso, ele mencionou as “aberrações políticas” de Ferry: “Sua defesa da colonização foi uma falha moral e política”, ele diz. A polêmica, dessa maneira, foi cortada pela raiz.

Nos últimos dias, Hollande pôde novamente constatar que a História continua sendo uma “paixão francesa”, como se costuma dizer. Sua decisão de fazer um discurso para a comemoração do episódio do Velódromo de Inverno --desde Jacques Chirac, em 1995, essa foi a primeira vez em que um presidente o fez-- aguçou as expectativas. Duas semanas antes de sua intervenção, Serge Klarsfeld, presidente da Associação dos Filhos de Deportados Judeus da França, perguntou no “Le Monde” se o herdeiro político de François Mitterrand “confirmaria a visão de Chirac”, a saber: o reconhecimento da responsabilidade da França no Holocausto. No domingo (22), Hollande o tranquilizou. Mas, ao dizer que “o crime foi cometido na França, pela França”, ele atraiu a fúria dos arautos do soberanismo, tais como Henri Guaino ou Jean-Pierre Chevènement, para quem a responsabilidade de Vichy não envolve a França inteira.

No entanto, em comparação com o que espera por Hollande, as críticas que acompanharam sua homenagem a Jules Ferry e seu discurso do Velódromo de Inverno provavelmente parecerão brandas. Até 2017, três questões históricas e memoriais bem mais delicadas aguardam o chefe do Estado.

A primeira, por ordem crescente de intensidade, diz respeito à Grande Guerra, cujo centenário será celebrado em 2014. A julgar pela proliferação editorial dos últimos anos, tanto historiográfica quanto literária, pelo número de visitantes que continuam a percorrer os antigos campos de batalha e os museus dedicados ao tema da Primeira Guerra, tudo leva a crer que a comemoração terá uma verdadeira dimensão popular, como aconteceu com o bicentenário da Revolução Francesa, em 1989. Só que esse conflito continua a causar polêmica. Entre os historiadores, as controvérsias redobraram de intensidade nos últimos anos, e, fora do campo acadêmico, um assunto permanece espinhoso: a absolvição dos fuzilados. Só que Hollande sabe que a questão é potencialmente explosiva: ele liderava o Partido Socialista quando, em 1998, Lionel Jospin declarou que os “fuzilados como exemplos” deviam “reintegrar plenamente nossa memória coletiva nacional”. Na época, o primeiro-ministro foi vilipendiado por parte da direita.

Outra questão delicada: o genocídio dos armênios, cujo centenário cairá em 2015, e cuja negação Hollande prometeu criminalizar. Só que, para isso, ele terá de se deparar com três dificuldades. A primeira é jurídica: em fevereiro, o Conselho Constitucional censurou uma lei votada nesse sentido. A segunda é política: tanto à direita quanto à esquerda, não há consenso quanto à conveniência de tal texto. A terceira é diplomática: num momento em que a França vem tentando se reaproximar da Turquia, Hollande deverá empregar muita diplomacia para que tal lei não envenene suas relações com Ancara.

Por fim, a última questão: a guerra da Argélia. É ao mesmo tempo a mais urgente e a mais explosiva. A mais urgente porque 2012 é o ano do cinquentenário da independência e a França, até agora, não comemorou nada oficialmente. A mais explosiva porque o assunto, além de continuar sendo um pomo da discórdia entre a França e a Argélia, interessa diretamente a milhões de pessoas que têm relações às vezes diametralmente opostas com esse passado: como falar ao mesmo tempo aos 1,1 milhão de ex-combatentes franceses, aos pieds-noirs [franceses originários das colônias argelinas], aos harkis [muçulmanos argelinos que lutaram do lado da França] e também aos cidadãos franceses de origem argelina, cujos pais lutaram pela independência?

Diante de uma “fragmentação das memórias que se agravou consideravelmente nos últimos anos”, segundo o historiador Benjamin Stora, Hollande sabe que seus posicionamentos a respeito da guerra da Argélia podem causar polêmica dos dois lados do Mediterrâneo. Para aquele que fez da “reunião” um de seus objetivos, os desafios que o aguardam no cenário histórico-memorial não serão os mais fáceis de encarar.

USS Nimitz recebe biocombustível

O USS Nimitz é o primeiro porta-aviões a usar biocombustível como forma de redução da emissão de gases poluentes e fuga dos derivados do petróleo

USS Nimitz 
O maior consumidor de combustíveis nos Estados Unidos quer ser verde. As Forças Armadas americanas, que gastam quatro vezes mais energia que os demais órgãos do governo somados, fizeram o primeiro teste com um porta-aviões e 71 aeronaves abastecidos com biocarburante durante uma simulação de operação militar. O combustível convencional é misturado a algas e óleo de cozinha em partes iguais. Além do apelo ecológico das mudanças climáticas, o exercício visa minimizar a dependência de óleo importado de nações estrangeiras. A iniciativa causou polêmica pelo alto custo (até quatro vezes maior que o combustível normal), mas pode até mudar radicalmente a política externa americana.

Coube ao porta-aviões USS Nimitz ser o primeiro navio da “Grande Frota Verde”, pacote de metas americanas para cortar o uso de petróleo por equipamentos militares até 2020. Ele se desloca pelo Oceano Pacífico até agosto movido a algas e diesel comum. Já os helicópteros, jatos e naves de apoio adotam o bioquerosene, com óleo de cozinha usado. Os combustíveis são “drop-in”, ou seja, mesclam biomassa ao combustível e dispensam adaptações em motores e estruturas de abastecimento.

Esse projeto de diversificação da matriz energética virou assunto prioritário nas Forças Armadas, afinal aeronaves, navios e veículos terrestres continuam reféns dos derivados do petróleo e as importações forneceram 45% do combustível em 2011. “Estamos empenhados em achar alternativas ao petróleo estrangeiro. Acreditamos que é fundamental para a segurança nacional e nossa capacidade de combate”, afirmou Ray Mobus, secretário da Marinha americana, ao jornal britânico “The Guardian”. Tanto é verdade que a Agência Governamental de Informações sobre Energia (EIA, em inglês) afirmou que as importações de óleo estrangeiro vem caindo desde 2005.

Ex-ministro das Relações Exteriores (1995-2001) e professor da ESPM, Luiz Felipe Lampreia avalia que a vulnerabilidade energética influencia as decisões da potência militar e foi determinante nas disputas após a Segunda Guerra Mundial. Mas descarta a substituição total do petróleo ainda que as barreiras aos biocombustíveis fossem levantadas. “Não haveria condição de produzir tanto nem se plantasse cana-de-açúcar em toda a Amazônia”, acredita.

“(A troca) levaria a uma mudança estratégica em que as Forças Armadas deixariam de ser ponta de lança da política externa dos EUA”, arrisca o brigadeiro Delano Teixeira Menezes, diretor da Escola Superior de Guerra em Brasília. Já o Brasil, compara, não costuma usar suas Forças Armadas como ferramenta de pressão internacional. Por aqui, a adoção de combustíveis “limpos” teria mais impacto econômico. “Estamos nos antecipando a um futuro próximo, em que teremos vantagem pela forte produção agrícola”, antevê o analista.

De qualquer forma, no Brasil existem projetos para a aviação desde o início dos anos 1980. Além de experimentos com bioquerosene, a Aeronáutica desenvolve um inédito motor flex para aviões, turbina exclusiva para etanol e ainda uma opção impulsionada por oxigênio líquido. Ter jogo de cintura é preciso.

Mohammad Ali Ghanezadeh: O papel dos países não-alinhados.


Países membros (azul escuro) e observadores (azul claro) do Movimento Não-Alinhado (2005)

O Irã, democracia religiosa, tem papel central na luta contra as ameaças criadas pelos países poderosos, como o acúmulo de armas nucleares e químicas

A cúpula do Movimento dos Países Não Alinhados (NAM, de Non-Aligned Movement) será realizada entre 30 e 31 de agosto em Teerã.

Ela tem como lema uma governança global compartilhada, que, com base na rejeição de unilateralismo, é uma das preocupações comuns dos Estados independentes e soberanos.

Neste evento, será debatido, entre outros assuntos importantes para os países-membros, as mais relevantes questões internacionais e regionais, incluindo o fortalecimento do multilateralismo, a reforma na estrutura das ONU, o desarmamento internacional, o combate ao terrorismo e o enfoque em uma solução pacífica para litígios e conflitos.

O NAM é um movimento que reúne 120 membros. Foi criado em 1961 por países que não queriam se associar a nenhum dos dois polos na estrutura internacional da época.

Há ainda os membros-observadores, 21 países, incluindo o Brasil, e dez organizações regionais e internacionais, incluindo a ONU, a Organização de Cooperação Islâmica, a União Africana e a Liga Árabe. Dois terços dos países na ONU são do NAM. Trata-se da segunda maior organização política mundial, depois da própria ONU.

Mas há uma questão: que papel o NAM pode desempenhar?

Como resposta, devo dizer que as necessidades atuais exigem que todas as nações participem da gestão global. Embora o sistema bipolar tenha sido desmantelado, a humanidade segue com vários problemas:

- O unilateralismo;

- As ameaças criadas pelo acúmulo de armamento nuclear, biológico e químico dos países poderosos;

- A continuação da fissura entre os países desenvolvidos e aqueles em desenvolvimento;

- A falta de reforma das velhas estruturas internacionais;

- E, entre outros problemas, a degradação ambiental.

As soluções passam pela determinação e pela cooperação coletiva. O NAM, com base na grande capacidade de seus países-membros, pode desempenhar um papel eficaz para enfrentar e controlar esses acontecimentos e assuntos supracitados.

Desde o início da vitória da Revolução Islâmica no Irã, em 1979, nosso país baseia os seus princípios e aspirações de política externa, incluindo uma mudança nas relações injustas que regem o mundo:

- À não dependência aos poderes dominadores;

- Ao respeito ao direito à autodeterminação das nações;

- À eliminação, a ocupação e a rejeição da dominação estrangeira.

Por isso, houve uma intrínseca sinergia com os ideais do Movimento Não Alinhado. Assim, o Irã teve uma presença ativa e eficaz nas atividades desse movimento.

O líder supremo e o presidente da República Islâmica do Irã destacaram várias vezes a importância da criação de sistemas justos na ordem internacional, mantendo a independência das nações e assegurando outros princípios do NAM.

A República Islâmica do Irã, como um dos membros pioneiros do Movimento Não Alinhado, ao fornecer padrões de uma democracia religiosa ganhou um papel central no processo de evolução das estruturas regionais e internacionais.

Sem dúvida, o encontro em Teerã será um importante novo passo na realização dos objetivos do Movimento Não Alinhado.

O Irã, como um dos principais membros, assumirá nos próximos três anos a presidência do NAM. Fará todo o esforço possível para tornar práticas as ideias dos fundadores do movimento, através da preservação da unidade e da empatia dos membros. O movimento tem de ter uma participação ativa nas relações internacionais, em busca dos interesses comuns dos membros.

O governo e o povo iraniano, de acordo com uma tradição de hospitalidade e de olhar pacífico ao mundo, recepcionarão todos os líderes dos países membros e observadores do Movimento Não Alinhado.

MOHAMMAD ALI GHANEZADEH, 59, é o embaixador da República Islâmica do Irã no Brasil

Produção bélica brasileira se reorganiza como em outros países


Acima, em destaque, a bomba inteligente brasileira SMKB 82, bomba brasileira desenvolvida pelo CTA (Comando-Geral de Tecnologia de Aeroespacial), a Britanite e a Mectron 

Considerações humanitárias à parte, e elas são várias, a reorganização da produção bélica brasileira em curso não é nada diferente do que aconteceu em países industrializados de grande porte.

O setor vive de benesses diretas ou indiretas do Estado desde a corrida armamentista de Reino Unido e Alemanha na virada do século 20.

Nos EUA e na Rússia, os maiores exportadores, o fim da Guerra Fria determinou a concentração na área. Antes, fabricantes diferentes disputavam contratos dentro do "complexo industrial-militar", termo celebrizado no discurso-denúncia de despedida do presidente dos EUA Dwight Eisenhower em 1961.

Sem um inimigo e com um mercado a conquistar, as indústrias dos EUA passaram por fusões: a Boeing engoliu a célebre McDonnell-Douglas, por exemplo. Na Rússia, as empresas aeronáuticas Mikoyan, Sukhoi, Ilyushin e Tupolev ficaram sob controle único. Na Europa, a EADS virou uma potência.

No Brasil, as grandes exportadoras incentivadas pelo governo na ditadura quebraram e ressurgiram, em parte, sob as bênçãos do Estado -a parte civil da Embraer sendo a exceção.

A empresa aeronáutica saiu na frente e organizou uma divisão de defesa, indo além de aviões consagrados como o Super Tucano. Também adquiriu empresas de tecnologia militar, como Atech e Orbisat.

O governo estimulou gigantes com dinheiro a entrar na área, criando um arcabouço jurídico favorecendo conteúdo com participação nacional. A francesa Thales, por exemplo, uniu-se à empreiteira Andrade Gutierrez visando defesa de fronteiras.

Já a Odebrecht é subcontratada da DCNS francesa para fazer o novo estaleiro de submarinos, associou-se a uma subsidiária da EADS e comprou a Mectron (mísseis).

O foco inicial é o Brasil, com demanda adicional de segurança para grandes eventos (Copa e Olimpíada), mas América Latina, África e Ásia/Oceania estão na mira.

Ditaduras e violadores de direitos humanos deverão estar entre clientes futuros, como no passado. Não é exclusividade brasileira: a Alemanha, cujo pacifismo está na Constituição, é a terceira vendedora de armas do mundo.

País como uma das 'maiores indústrias de defesa' é mito persistente


Um mito persistente, que dá voltas pela internet e às vezes pousa até na imprensa, é afirmar que o Brasil já teve uma das maiores indústrias de defesa do mundo.

Mesmo o Livro Branco de Defesa Nacional diz que a base industrial de defesa representou, há 30 anos, "importante segmento econômico, com relevante contribuição para a balança comercial".

De 1980 a 1992, o Brasil esteve em todos os anos, exceto 1981, entre os 20 maiores exportadores de armas, chegando à sua melhor colocação, o 10º lugar, em 1985. Depois de 1992, o país caiu fora da lista dos 20 maiores e não retornou desde então.

Pelas tabelas do Sipri, o recorde brasileiro de vendas foi em 1984, de US$ 269 milhões, o que colocou o país em 11º entre os exportadores. Naquele mesmo ano, a então União Soviética vendeu o equivalente a US$ 14 bilhões; os EUA, US$ 11 bilhões.

Em 1985, o ano em que o Brasil foi o 10º maior exportador, os números são US$ 202 milhões. Até a pequena Áustria vendeu mais armas nesse ano: US$ 330 milhões.

As exportações de armas brasileiras se concentraram na Engesa, fabricante de blindados como o Urutu e o Cascavel (que deverão ser substituídos no Exército pelo novo Guarani), na Embraer e, em menor grau, na Avibrás.

A Embraer é hoje a principal exportadora na área militar do país, com produtos como os aviões de treinamento e ataque leve Tucano e Super Tucano e as versões de avião-radar do EMB-145.

Com o fim da Guerra Fria, muito material bélico usado pode ser comprado a preços relativamente baratos. Sem uma política sustentada de compras pelas Forças Armadas, não há como atrair as indústrias brasileiras para voltar a produzir armamento.


'AMEAÇA'
Para Carlos Frederico Aguiar, que preside a Abimde, as ações do governo para consolidar sua base industrial de defesa são vistas "como ameaça" pelos principais produtores do mundo, o que mostra que o Brasil "poderá vir a ser um competidor a mais".

Aguiar, também presidente da Condor, com sede no Rio, comentou a foto publicada pela Folha em 23 de julho com um menino sírio segurando bomba de gás lacrimogêneo da sua empresa lançada pela polícia turca.

"A foto demonstra que a Turquia, diferentemente de países como Líbia e Síria, vem adotando soluções de uso diferenciado e proporcional da força, conforme orientação da ONU, de maneira a preservar a vida e os direitos humanos."

Brasil tem produção diversificada de armas, mas não exporta muito


Acima o MLRS (Artillery SaTuration ROcket System) brasileiro em uso pelo Exército da Malásio 

Venda de armamento convencional pelo país equivale a somente 0,1% do total mundial

Lista de compradores já teve Saddam Hussein e Gaddafi; lei recente prevê regime tributário especial para indústria

Apesar de mitos recorrentes, o Brasil não é nem nunca foi grande exportador de armas, embora tenha uma indústria bélica diversificada e que está de novo otimista quanto ao futuro do setor.

O que dava -e ainda dá- visibilidade à exportação de armas pelo Brasil é o ecletismo dos compradores e a ocasional descoberta de um negócio feito com clientes pouco recomendáveis.

No auge das exportações, dois dos melhores clientes eram os finados ditadores árabes Muammar Gaddafi (Líbia) e Saddam Hussein (Iraque). Também se descobriu agora venda de bombas ao ditador Robert Mugabe, no poder no Zimbábue desde 1980.

No ano passado, segundo o Sipri (Instituto Internacional de Pesquisa da Paz de Estocolmo), o Brasil foi o 27º maior exportador de armas convencionais. Mas isso é só 0,1% do mercado mundial de armamento. Apenas um país, os EUA, exporta um terço das armas do planeta, com Rússia e França logo depois.

Mesmo no auge do comércio de armas pelo Brasil, de 1980 a 1992, a melhor colocação do país no mercado foi 10º, em 1985. Ainda assim, isso significava menos de 1% do total mundial nesse ano.

O país exportou para 28 nações nesse período, a maioria do Terceiro Mundo, mas incluindo França e Reino Unido, clientes de aviões da Embraer como o versátil Tucano.

O Sipri, porém, analisa só as vendas de armas importantes, como tanques, caças e navios, deixando de lado produtos como armas portáteis e munições. Se o conceito for ampliado para materiais de defesa em geral -incluindo fardamento, rações etc.-, a posição da indústria brasileira já não fica tão feia.

A Abimde (Associação Brasileira das Indústrias de Materiais de Defesa e Segurança) tem 170 empresas associadas, das quais 35 exportam produtos e 20 o fazem com regularidade. Segundo a associação, elas geram cerca de 25 mil empregos diretos e 100 mil indiretos, movimentando mais de US$ 2,7 bilhões/ano, dos quais US$ 1 bilhão em exportação.

O otimismo da associação vem em parte da lei 12.598, sancionada em 22 de março passado. Essa lei criou o conceito de "empresa estratégica de defesa", que, por produzir equipamento considerado fundamental para a defesa do país, tem direito a regime tributário especial e financiamentos para projetos.

O documento que expõe a visão do governo sobre o tema, o Livro Branco de Defesa Nacional, foi enviado ao Congresso faz poucos dias. Nele se lê que, antes da lei 12.598, "as políticas do governo para o setor não se mostravam compatíveis com o crescimento da economia nem com as necessidades de equipamentos das Forças Armadas".

MERCADO INTERNO
Mais que nas exportações, a indústria de defesa está de olho na substituição de importações. Tradicionalmente, as Forças Armadas locais são os principais clientes de uma indústria de defesa.

Entre os principais projetos no Brasil estão o Sistema de Vigilância da Fronteira, o KC-390 (avião de transporte) e o Guarani (blindado sobre rodas), além de várias modernizações de aviões e navios.

"Cada vez mais as empresas brasileiras estão se apresentando como capazes de oferecer produtos e serviços com a qualidade requerida pelas Forças Armadas e órgãos de segurança pública", afirma Carlos Afonso Pierantoni Gambôa, vice-presidente executivo da Abimde.

A associação espera que a demanda gere 60 mil novas vagas diretas e 240 mil indiretas em 2030. Mas mesmo esse cenário só colocaria a indústria brasileira de defesa em 15º lugar no ranking, ao mesmo tempo em que o país seria o 5º ou 6º PIB mundial.

Canal Livre discutiu a violência nas cidades

General Adriano Pereira Júnior
O Canal Livre de ontem (29/07) debateu o crescimento dos índices de violência nas principais cidades do Brasil. O convidado é Adriano Pereira Júnior, comandante militar que coordenou a operação de pacificação do Complexo do Alemão, no Rio de Janeiro, no final de 2010. Obs.: É necessário aguardar alguns instantes até que os vídeos carreguem.