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sexta-feira, 31 de agosto de 2012

Le Monde: Opositores criticam a luxuosa "vida de escravo" de Vladimir Putin na Rússia

Putin

Vinte palácios e residências, quatro iates, aviões e montes de carros, relógios de coleção para dar e vender: o estilo de vida de Vladimir Putin, chefe de Estado russo reeleito em março para um terceiro mandato, “é comparável ao dos emires do Golfo e dos oligarcas”, criticam os opositores Boris Nemtsov e Leonid Martyniouk em um relatório publicado na terça-feira (28).

Bem documentado e munido de fotos, o relatório garante que Putin mentiu aos eleitores ao declarar uma renda anual inferior a 4 milhões de rublos (cerca de R$ 232 mil). Sua coleção de relógios vale sozinha 22 milhões de rublos (cerca de R$ 1,5 milhão), ou seja, mais de seis anos de salário, segundo o panfleto elaborado pelos opositores e intitulado “A vida de um escravo nas galés”.

Este título é uma referência à frase pronunciada pelo chefe do Kremlin em 2008, quando ele se preparava para ceder o lugar a seu protegido Dimitri Medvedev após oito anos no poder, já que a Constituição o impedia de disputar um terceiro mandato. “Não tenho por que me envergonhar diante dos eleitores. Todos esses anos, remei de manhã à noite como um escravo nas galés”, explicou Putin na época. Desde então, a expressão entrou em voga, sobretudo nas manifestações da oposição no inverno de 2011.

Os autores têm certeza, Vladimir Putin está se agarrando ao trono em razão “da riqueza e do luxo aos quais ele se acostumou e não quer renunciar a eles de jeito nenhum”. “É um estilo de vida luxuoso, insolente e cínico levado às custas dos contribuintes”, explicou Boris Nemtsov, um ex-vice-premiê da era Yeltsin, que está em seu terceiro relatório crítico sobre o número um russo. Nesse panfleto, o opositor coloca no mesmo saco as propriedades do Estado e os bens pessoais de Putin. “Trata-se de bens que pertencem ao Estado e Vladimir Putin, na condição de presidente eleito, os utiliza conforme a lei. Ele é até obrigado a fazê-lo”, respondeu Dimitri Peskov, porta-voz do Kremlin.

Opositores punidos
Editar o panfleto não foi fácil. Somente 5.000 exemplares foram imprimidos. Segundo Boris Nemtsov, “nenhuma das gráficas contatadas quis participar (...). Amigos próximos se recusaram. Isso prova que vivemos em um outro país desde março de 2012 (com a eleição presidencial) e que o medo das autoridades está maior.”

O opositor não tem medo de nada. Será que ele entrará para o grupo dos detratores do regime punidos pelo líder? O blogueiro anticorrupção Alexey Navalny está sofrendo processos judiciais; o deputado Guennadi Gudkov teve sua empresa fechada e perderá seu mandato no dia 12 de setembro por “ter um negócio”, assim como 90% de seus colegas da Duma, mas além disso ele faz críticas; já a musa dos ecologistas Yevgeniya Tchirikova, que disputa a prefeitura em Khimki (subúrbio de Moscou), é rastreada pelos Nashis, os “guardas vermelhos” do Kremlin.

Le Monde: No centro histórico de Aleppo, em tempos de "guerra incerta"


Diante da violência cega do aparelho repressivo, os combatentes do ELS lutam com meios irrisórios e os civis tentam sobreviver

Acima a Cidadela de Aleppo; Relatos dão conta que o monumento histórico foi bastante danificado devido aos embates entre as forças de Assad e os rebeldes 
Agora há pouco, descarregaram apressadamente uma caminhonete de melancias na ruela quase deserta, para abastecer as prateleiras de uma mercearia do tamanho de uma despensa. A batalha no centro histórico de Aleppo não conseguiu aniquilar todas as necessidades da sobrevivência diária, nem o avanço dos insurgentes que se expandem pela região.

Nos últimos cinco dias, mais um fragmento do mapa do centro histórico, Qastal al-Harami, passou para as mãos dos homens do Exército Livre Sírio (ELS), que avançaram até ter vista para a cidadela, no centro geográfico da parte mais antiga da grande cidade mercantil do norte da Síria.

Não longe de lá, os insurgentes parados há várias semanas em Bab al-Nasr partiram na direção da cidadela, ao sul. A partir de Qastal al-Harami, é na direção do norte que se encontra no inimigo, nos bairros controlados pelas forças governamentais.

O comandante Abdallah Yacine, um dos veteranos da batalha de Aleppo, um dos primeiros a entrar lá quando, após meses de preparação, os insurgentes organizados a partir de campos vizinhos se infiltraram no dia 23 de julho, veio lutar nas posições mais avançadas. “Nós controlamos agora quase 90% do centro histórico”, ele afirma, mostrando os bairros recentemente “libertados”, onde os grupos do ELS estão conduzindo uma guerra de manobras.

Mas, no centro histórico, o front oscila como uma corda excessivamente esticada. Ao chegar às ruelas de Qastal al-Harami, as forças governamentais voltaram correndo. O terreno não era favorável a elas. Não há tanque que consiga manobrar aqui. Os soldados de infantaria sírios se reagruparam em posições vantajosas a eles. Homens emboscados nos prédios mais altos atiram no rebelde de passagem ou no transeunte que não corra rápido o suficiente.

Mesmo de véu, saltos e óculos de sol, todos começam a acelerar o passo. Não é bom percorrer as ruas onde as esquinas de repente o expõem a um atirador invisível.

Mas a parte da população que não fugiu para outros bairros da cidade, para o interior ou para a vizinha Turquia, certamente é obrigada a fazer pequenas corridas para sobreviver aos combates e aos bombardeios que começam a qualquer hora do dia e da noite.

Perto de lá, a cidadela de belos muros de pedra dourada brilha sob o sol. Por trás de seus muros concebidos para resistir às invasões mongóis, os soldados do governo conduzem protegidos parte da batalha do centro histórico. Embora as ruelas pertençam cada vez mais aos combatentes do ELS, as posições são elásticas e as ações começam sem aviso.

O barulho da porta de ferro se fechando do vendedor de melancias de Qastal al-Harami se perde entre os primeiros tiros que ressoam na ruela. O pequeno grupo avançado do ELS, estacionado em uma mesquita vizinha há alguns dias, após a lenta e sangrenta conquista de vários terrenos a partir do bairro de Bab al-Nasr, tenta aumentar sua vantagem na direção de um prédio de um dos serviços de segurança, os torturadores do governo sírio.

Não será fácil. Do alto dos prédios, as posições de tiro das tropas leais ao governo são ideais para pegar uma rua atrás da outra. O entusiasmo do grupo insurgente é quebrado pelos tiros do governo, “a única chuva que temos neste momento em Aleppo”, brinca um combatente antes de descarregar seus cartuchos na rua de onde cai o aço letal.

Se ao menos as munições e as armas não fossem tão raras do lado do ELS... Com algumas kalashnikovs e um dragunov velho demais, os rebeldes não bastam, diante de um exército cujas linhas de frente não sofrem com a falta de armas mais pesadas ou de competência em matéria de tiro.

Um projétil cai exatamente no lugar onde estava o grupo alguns momentos antes. E quando um combatente tenta assumir uma posição de fogo mais vantajosa, no quinto andar de um edifício, um tiro de lançador de granadas bem mirado explode o local e põe um fim a essa vantagem.

As forças governamentais estão a menos de cem metros, e seus atiradores tiveram todo o tempo do mundo para aperfeiçoar seus tiros. O exército regular está fixo em suas posições, mas, do outro lado, o ELS só tem a vantagem de sua mobilidade contra eles. O grupo volta para o ponto de partida, e é repreendido por seu comandante, que grita com seus homens, rompendo suas cordas vocais: “Vocês atiram demais! É preciso atirar para matar, economizem suas munições.” Os outros grupos do ELS dispersos nas proximidades prestam atenção nas notícias do rádio.

Cada unidade, nesse dia a dia da guerra incerta, conta sobretudo consigo mesma. Algumas esquinas e algumas mesquitas do século 15 mais adiante, combatentes fumam à sombra, comendo uvas. É aqui o limite do bairro de Jdéidé, onde há uma grande comunidade cristã. Diante de sua lojinha, o óptico Abdul Masir lava a calçada com uma mangueira e recolhe do chão um cacho de uvas murchas. Não é porque estão atirando a algumas dezenas de metros de lá que se deve parar de cuidar de uma vizinhança tão antiga quanto o comércio.

Abdul Masir é membro da comunidade ortodoxa siríaca. Sua família se encontra em Souleymaniyé, um bairro vizinho, agora sob controle do governo. Persignando-se, ele agradece ao céu da Síria e aos homens que vivem abaixo dele pelo fato de as comunidades religiosas ainda viverem como velhas vizinhas, a essa altura dos acontecimentos. “O exército atira em todos os civis, sem lhes perguntar sua religião, mas nós vivemos muito bem juntos. Em Souleymaniyé ou em Aziziyé, as pessoas vivem sob controle do governo, mas elas têm medo. São obrigadas a se calar.” Em uma casa vizinha, combatentes descansam um pouco ao som reconfortante de uma máquina de costura. Um breve instante de respiro em uma guerra civil que não dá trégua.

Nessa mesma manhã, três homens foram levados para o hospital mais próximo da zona do ELS, o Dar al-Shifa (porta do remédio). Três homens cujas mãos ainda carregam os vestígios de suas amarras, e cujos rostos carregam os estigmas das torturas atrozes sofridas antes de serem executados. Eles foram encontrados em um terreno baldio da zona industrial, a leste da cidade. Quem teria desovado esses homens? A multidão acusa, entre sussurros, as forças de segurança. Particularmente as das aeronáutica, cuja sede fica próxima do local onde os corpos mutilados foram encontrados.

Uma van para cantando os pneus, e dela desce um primeiro homem que levanta o lençol que cobre um dos corpos e começa a tremer. Ele é irmão de uma das vítimas, e ele só consegue repetir seu nome: Mahmour Sifreni. Levam os restos mortais antes que caia um projétil sobre a multidão.

O hospital foi atingido diversas vezes por tiros do governo, como mostram as marcas que desfiguram sua fachada. Do lado de dentro, os feridos são tratados em linha de produção, basicamente civis atingidos por bombardeios ou tiroteios. O Dr. Ousmane acaba de receber um rapaz de 16 anos que teve um braço arrancado por um projétil, um pai e seus dois filhos estropiados pelo desabamento de sua casa, atingida por tiros do governo. “Dos outros, eu quase esqueço; de qualquer forma, não os conto mais. Estou cansado, tenho trabalhado 24 horas por dia”.

Ele cita, de memória, feridos que recebeu na véspera, vindos do bairro de Qaterji, tomado pelo ELS mas onde milicianos pró-governamentais atacaram os insurgentes. Sete feridos. “Tratamos todo mundo. Ah, se pelo menos o governo pudesse parar de atirar no hospital, há muitos projéteis que caem em todos os bairros vizinhos, é um massacre, não conseguimos dar conta”.

O hospital de Al-Shifa recebeu, no início da tarde de quarta-feira (29), 89 feridos desde a meia-noite da véspera. Enquanto terminavam a contagem, trouxeram em uma van um homem inconsciente, ferido na mão. Noventa. Sem contar os feridos de maior gravidade, levados para a Turquia. E os mortos. Um dia de batalha em Aleppo.

Projeto de gasoduto no Brooklyn, em Nova York, gera uma série de preocupações


Nova York precisa de energia mais limpa e mais barata. Essa é a única coisa em que concordam todos os que estão acompanhando um gasoduto de gás natural proposto nas Rockaways. Mas o projeto –um duto vindo do Oceano Atlântico, passando sob a península de Rockaways e Jamaica Bay, e então seguindo para o sudeste do Brooklyn– tem provocado preocupação e oposição desde que foi anunciado neste ano.

O gás natural faz os consumidores economizarem dinheiro, diminui a dependência de petróleo estrangeiro e é mais limpo do que outros combustíveis fósseis (apesar da extração por meio de fratura hidráulica levantar outras questões). Mas diante dos recentes vazamentos e explosões em gasodutos, os defensores do meio ambiente e moradores do Brooklyn dizem temer que o gasoduto possa danificar ecossistemas frágeis, criar riscos à segurança e comprometer a maior área de parque nacional do distrito, o Floyd Bennett Field. E o próprio processo de planejamento tem atraído críticas de grupos comunitários, que disseram que ele não foi suficientemente aberto para revisão pública.

A National Grid, a empresa que fornece gás ao Brooklyn, diz que à medida que aumenta a demanda por gás natural, o sistema precisa ser ampliado. “O Brooklyn não vê um novo ponto de fornecimento há 50 anos”, disse John Stavarakas, o diretor de planejamento de longo prazo e desenvolvimento de projeto da National Grid. “Nós estamos no limite de nossa capacidade.”

Até que os estudos de impacto ambiental sejam concluídos –especialmente sobre o efeito do gasoduto no lado do oceano da península de Rockaways, onde o plano pede por escavação mais invasiva do que no lado da baía– muitos ambientalistas estão evitando dar apoio.

“Se não reduzirmos os gases do efeito estufa, então os pântanos de Jamaica Bay acabarão debaixo d’água de qualquer forma”, disse Glenn Phillips, diretora executiva do grupo ambiental New York City Audubon. “Mas as perturbações temporárias poderiam ser muito danosas ao local, que é de importância crítica para pássaros, límulos e peixes.”

No domingo (2), oponentes do gasoduto, liderados por um grupo chamado Coalizão Contra o Gasoduto de Rockaway, planejam realizar um comício na praia no Jacob Riis Park, em Rockaways, Queens.

O projeto de US$ 265 milhões, que levaria cerca de um ano para ser concluído, consiste de três partes: uma conexão de cinco quilômetros, construída pelas Williams Companies, entre o gasoduto Transco existente no Oceano Atlântico e a península de Rockaways; e um trecho de 2,5 quilômetros começando na Rockaways e passando sob Jamaica Bay e a Área Nacional de Recreação Gateway, até o Floyd Bennett Field, o aeroporto desativado que faz parte da Gateway; e uma estação de medição construída em um hangar desativado no Floyd Bennett Field.

Os defensores dizem que a construção geraria 300 empregos e que a estação concluída daria à cidade US$ 8 milhões anuais em impostos.

O governo Bloomberg, que pede pela ampliação do uso de gás natural em sua iniciativa PlaNYC 2030, encorajou os deputados Gregory W. Meeks, de Queens, e Michael Grimm, de Staten Island, a apresentarem em conjunto um projeto de lei federal, aprovado em fevereiro, autorizando o uso de terras do parque nacional para o projeto.

A Regional Plan Association, um grupo sem fins lucrativos que estuda questões de desenvolvimento local, apoia o gasoduto. “A cidade precisa de gás natural para substituir o óleo para aquecimento, uma meta ambiental importante”, disse Robert Pirani, vice-presidente da associação para programas ambientais.

Mas a Coalizão Contra o Gasoduto Rockaway e outros críticos apontam para o histórico de segurança das Williams Companies e expressaram preocupação com uma possível explosão em um parque nacional ou em um bairro densamente habitado. Desde 2008, os gasodutos da empresa sofreram acidentes –incluindo vazamentos, rupturas e explosões– em pelo menos sete Estados. A empresa e suas subsidiárias enfrentam “ordens de ações corretivas” do governo em dois casos, incluindo uma explosão no Alabama no ano passado, e multas em dois outros. Um porta-voz da empresa disse que todas as questões levantadas pelos acidentes foram tratadas.

Brian O’Higgins, diretor de engenharia das Williams Companies, disse que grande parte do gasoduto seria instalada usando um método relativamente não invasivo que envolve perfuração horizontal, que abre um pequeno buraco, perfura subterraneamente e então gradualmente alarga o buraco. Isso evitaria escavação nas praias da Rockaways ou em Jamaica Bay. Mas 3,58 quilômetros do gasoduto no oceano seriam instalados por métodos convencionais, exigindo grande escavação, disse a empresa. Um porta-voz das Williams Companies, Chris Stockton, disse que a rota planejada evita “hábitat sensível”.

Dois defensores do meio ambiente –Don Riepe, o Guardião de Jamaica Bay pela Sociedade do Litoral Americano, e Dan Mundy Jr., cofundador da Jamaica Bay Ecowatchers– disseram estar muito preocupados com a conexão no oceano.

“É uma escavação de um buraco imenso em uma área extremamente crítica”, disse Mundy. “Há muita vida ali –solha, linguado, lagosta.”

Dois conselhos comunitários, o Nº14 em Queens e o Nº18 no Brooklyn, também fizeram objeções ao projeto. Para o conselho do Brooklyn, o problema é a proposta de construção da estação de medição e da estação reguladora no Floyd Bennett Field.

Em uma reunião em 15 de agosto, organizada pela Coalizão Contra o Gasoduto Rockaway, várias pessoas disseram que a entrega de terras de um parque público para o setor privado estabelece um precedente preocupante.

O processo de planejamento também foi um problema. Em fevereiro, depois que o Congresso autorizou o Serviço Nacional de Parques a dar andamento ao projeto, ultraje e teorias de conspiração passaram a tomar conta dos blogs locais, listas de discussão online e jornais.

Stockton, o porta-voz das Williams Companies, disse que o uso de terras de um parque nacional exigia apoio do Congresso e da presidência apenas para que o processo pudesse ter início. “Esse ainda é um passo bem, bem inicial”, acrescentou O’Higgins, com muitos outros ainda necessários, incluindo os estudos de impacto ambiental e as aprovações da Comissão Reguladora Federal de Energia e do Departamento de Conservação Ambiental estadual.

Ativistas e ambientalistas se queixaram de que o plano parece fato consumado e de que o serviço de parques se manteve em silêncio, nunca mencionando a proposta durante as reuniões públicas para discussão do futuro do Floyd Bennett Field. A revelação de que Grimm recebeu um total de US$ 3 mil da National Grid e das Williams Companies para sua campanha para reeleição depois de apresentar o projeto de lei também causou controvérsia. Grimm disse que não houve toma lá, dá cá.

Caso o projeto avance, outra briga se pronuncia, em torno do dinheiro; todos os envolvidos parecem ter uma ideia diferente sobre quanta receita será gerada e para onde será destinada. Os defensores locais disseram que se tiverem que conviver com o gasoduto, o dinheiro deve ir para Jamaica Bay, e não desaparecer no orçamento geral do Serviço Nacional de Parques.

“Isso ao menos deveria fornecer algum dinheiro ao parque”, disse Riepe, acrescentando que o dinheiro seria altamente necessário para recuperação do pântano, que ele descreveu como “a força vital de Jamaica Bay”.

Presidente do Afeganistão promove mudanças ministeriais e aumenta tensão com Parlamento

Hamid Karzai

O presidente do Afeganistão, Hamid Karzai, promoveu uma reforma ministerial envolvendo os ministros mais importantes de segurança e inteligência, demitindo o chefe de espionagem do país na quarta-feira (29) e, segundo autoridades ocidentais, escolhendo substitutos para esse posto e os dos ministérios da Defesa e Interior, sendo que pelo menos um deles provavelmente aumentará as tensões entre o Parlamento e o palácio presidencial.

Segundo duas autoridades ocidentais, que falaram sob a condição de anonimato devido à situação delicada, importantes assessores de Karzai disseram recentemente às autoridades do Ocidente que o presidente pretende nomear um comandante tajik politicamente influente, Bismillah Khan Mohammedi, para o Ministério da Defesa –uma decisão que provavelmente provocará os membros do Parlamento afegão, que votaram há três semanas pelo afastamento de Mohammedi de seu posto como ministro do Interior.

As autoridades disseram que os assessores de Karzai informaram as autoridades ocidentais de que um poderoso aliado de Karzai que enfrenta acusações de corrupção e violações de direitos humanos, Asadullah Khalid, é um dos candidatos para assumir a principal agência de inteligência do país, e que uma autoridade policial há muito tempo no serviço, Ghulam Mujtaba Patang, assumiria o Ministério do Interior.

Mas uma autoridade ocidental alertou que ainda há uma chance de os nomes serem apenas um balão de ensaio, com a intenção de provocar uma reação das autoridades americanas e da Otan, que ainda são responsáveis por fornecer grande parte da segurança do país, e dos legisladores afegãos, que precisam ratificar as escolhas. Nada está definido até que Karzai faça o anúncio formal, que poderia acontecer já no sábado, disse a autoridade. Também havia sinais na quarta-feira de que Mohammedi poderia enfrentar uma votação dura no Parlamento.

As mudanças concluiriam uma mudança completa nos cargos de segurança mais poderosos do país, no que muitos viram como um esforço de Karzai para maximizar sua influência antes das eleições planejadas para 2014, quando ele não poderá concorrer de novo devido à limitação de mandato.

“Com essa mudança ministerial, o presidente Karzai está tentando consolidar seu controle do poder”, disse Jawid Kohistani, um analista de segurança de Cabul. “Ele não está pensando apenas em seus dois anos remanescentes no cargo. Ele tem planos de longo prazo, e essa mudança é apenas o primeiro passo. De fato, ele quer ter pleno controle de todo o aparato do governo para assegurar que seja lá qual pessoa de sua equipe venha a disputar as próximas eleições, vença.”

Os assessores de Karzai confirmaram na quarta-feira que o atual chefe da agência de espionagem, Rahmatullah Nabil, deixará o cargo e se tornará embaixador em um país estrangeiro. Mas os assessores de Karzai se recusaram a falar sobre novas nomeações ministeriais.

Os homens identificados como prováveis nomeados provavelmente não provocarão objeções dos apoiadores do governo no Ocidente, disseram algumas autoridades. Mas pelo menos duas escolhas são acompanhadas de controvérsia.

Khalid, o novo chefe da espionagem, é um confidente influente de Karzai, que delegou a ele poder significativo sobre a segurança no sul do Afeganistão depois que Ahmed Wali Karzai, o irmão do presidente, foi assassinado no ano passado. Ultimamente Khalid, que também serve como ministro dos assuntos tribais e de fronteira, vem liderando os esforços do governo para apoiar os levantes contra o Taleban na província de Ghanzi, onde o chefe do conselho provincial, Qazi Sahim Shah, levou um tiro fatal na noite de quarta-feira, no que as autoridades locais disseram poder ter sido uma resposta dos insurgentes.

Sua nomeação para liderar o Diretório Nacional de Segurança pode ser considerada controversa para alguns, especialmente entre os grupos de direitos humanos: apesar de considerado um inimigo jurado do Taleban, Khalid também foi afastado de seu posto como governador da província de Kandahar em 2008, em meio a acusações de abusos de direitos humanos e corrupção. Ele negou as acusações e seus aliados as consideraram politicamente motivadas.

Contatado para comentários, Khalid insistiu que, apesar dos rumores que circularam pela capital durante toda a semana dizendo que foi escolhido, ele ainda não foi oficialmente contatado.

A nomeação de Mohammedi como ministro da Defesa pode parecer uma provocação direta ao Parlamento, mas também poderia ser uma forma de Karzai manter uma das autoridades tajiks mais poderosas do país do seu lado.

Mohammedi, que também serviu anteriormente como chefe do Estado-Maior do Exército afegão, enfureceu muitos outros políticos ao preencher agressivamente muitos cargos importantes de segurança com outros tajiks de Panjshir, a província a nordeste de Cabul que foi uma fortaleza da Aliança do Norte contra o Taleban. Um funcionário em seu gabinete se recusou a comentar as reportagens sobre a nomeação na quarta-feira, dizendo que se tratava de um assunto pessoal dele.

Mas ficou claro para Kohistani, o analista de segurança em Cabul, o motivo para Karzai estar arriscando a ira do Parlamento ao renomear Mohammedi.

“O presidente Karzai não pode abrir mão de Bismillah Khan, porque ele não deseja adicioná-lo às fileiras de seus oponentes”, disse Kohistani. “Ele fará tudo o que puder para mantê-lo.”

O catalisador imediato para as mudanças na segurança nacional foi a votação pelo Parlamento, neste mês, para o afastamento do ex-ministro da Defesa, Abdul Rahim Wardak, assim como Mohammedi.

Os membros do Parlamento se queixaram de problemas, incluindo o que consideraram ser um fracasso em responder de modo eficaz aos ataques na fronteira de militantes no Paquistão e a corrupção nos procedimentos de contratação.

Mas o Parlamento também pode ter agido porque seus membros ficaram frustrados por suas recomendações para nomeações não terem sido levadas em consideração e por não terem recebido sua parcela justa de contratos.

“Ela já tinha sido desqualificado uma vez pelo Parlamento, e não acho que ele ganhará de novo um voto de confiança”, disse Daud Kalakani, um legislador influente que disse que ele e outros membros do Parlamento foram informados sobre as escolhas pelo ministro dos assuntos parlamentares de Karzai.

Patang, que não conta com uma base de poder política e etnicamente profunda como a que os ministros costumam ter, é visto como um policial competente há muito tempo no serviço e alguém que Karzai pode controlar. Seu novo cargo seria crucial para assegurar eleições justas.

Em uma entrevista na quarta-feira, Patang disse que não conversou diretamente com Karzai, mas soube de sua decisão pela imprensa e pelo ministro dos assuntos parlamentares.

Na quarta-feira, a coalizão internacional anunciou que um agressor vestindo uniforme do exército afegão matou três membros da Otan no sul do Afeganistão na terça-feira. Uma onda semelhante de ataques por pessoas de dentro aumentou as tensões entre as forças de segurança afegãs e as tropas estrangeiras que trabalham com elas.

Habib Zahori, Jawad Sukhanyar, Sangar Rahimi e um funcionário do “The New York Times” contribuíram com reportagem.

Terra: Ninguém queria ser covarde, diz veterano do Brasil na 2ª Guerra


Quando o então presidente Getúlio Vargas declarou guerra à Alemanha e à Itália, no dia 31 de agosto de 1942, Geraldo Campos Taitson já havia deixado o Exército e nem imaginava que, um ano depois, estaria lutando nos campos de batalha na Europa. "Ninguém pensa em ser convocado", conta o tenente. Aos 91 anos, hoje ele é diretor do museu dedicado aos brasileiros que lutaram na Segunda Guerra Mundial em Belo Horizonte.

Brasil na Segunda Guerra Mundial: veja detalhes da participação brasileira
"Quando foi em janeiro de 43, ouvi o meu nome na convocação divulgada em uma rádio aqui de Belo Horizonte. Fiquei surpreso, ninguém gosta de ir para a guerra. Mas a gente cumpre a missão porque também ninguém quer bancar o covarde e omisso", lembra o tenente Taitson, que demonstra orgulho pelos feitos da Força Expedicionária Brasileira (FEB) na Europa. O então soldado conta que sofreu apenas um ferimento leve em combate, causado por estilhaços de grana, mas se negou a ir para o hospital porque não queria se separar dos companheiros mineiros.

O Brasil entrou oficialmente no conflito mundial há 70 anos, quando Vargas assinou o decreto 10.358 de 31 de agosto de 1942 declarando estado de guerra. A medida foi tomada semanas após o torpedeamento de cinco navios mercantes brasileiros na costa nordeste por um submarino alemão. Antes, em janeiro do mesmo ano, o governo brasileiro já havia rompido relações diplomáticas com os Países do Eixo (Alemanha, Itália e Japão).

Para o veterano, Getúlio não queria entrar no conflito "porque ele era tão ditador quanto Hitler (Adolf) e Mussolini (Benito)", mas a pressão popular, com a depredação de estabelecimentos comerciais de descendentes de alemães e italianos em várias partes do País, levou o então presidente a declarar guerra. "Ele foi obrigado pelo povo", afirma o tenente Taitson.

Outros motivos
A professora Dulce Pandolfi, do Centro de Pesquisa e Documentação de História Contemporânea do Brasil (CPDOC) da Fundação Getúlio Vargas (FGV), afirma que a entrada do Brasil na Segunda Guerra Mundial se deu por uma série de fatores. "Não foi nenhuma surpresa. Veio um acúmulo de forças que estava conduzindo para que acontecesse isso", defende Pandolfi. Ela concorda que os ataques aos navios brasileiros em agosto de 42 e a pressão popular influenciaram, mas alega que a tomada de posição do País só começou a ser definida após os Estados Unidos ingressarem no conflito. Além disso, o governo Vargas estava dividido, tendo em Oswaldo Aranha o principal defensor da aproximação com os Aliados.

"A ditadura do Estado Novo tinha uma aproximação grande com o que estava acontecendo nos Países do Eixo, mas Getúlio era um homem de muita visão. Os investimentos culturais e econômicos dos americanos no Brasil eram muito maiores e os Países do Eixo já demonstravam um certo fraquejo. Portanto, para ele, não foi tão doloroso assim a opção por apoiar os Estados Unidos", disse a professora da Escola de Ciências Sociais e História da FGV.

"O Brasil entrou já no final da guerra. Uma participação mais simbólica do que qualquer outra coisa", afirma Dulce Pandolfi. A opção do País por lutar com a Aliança foi acertada, na opinião da historiadora, não só porque se aliou aos que venceriam o conflito, mas também pelos vários ganhos que o País teve. "O principal deles foi a volta da democracia", afirma.

Preparação
Da declaração de estado de guerra até o envio da primeira tropa da Força Expedicionária Brasileira (FEB) para os campos de batalha transcorreram quase dois anos. Nesse período, o Brasil se preparou - com apoio dos americanos -, convocou e treinou seus soldados. "Eu já tinha dado baixa e fui o primeiro a ser convocado porque eu era motorista", lembra o major Antônio Felipe, 93 anos. O veterano, que hoje mora no Rio de Janeiro, foi enviado para a Itália em junho de 1944.

A missão da FEB durou sete meses e 19 dias e se dividiu em duas frentes. As conquistas de Monte Castelo, em fevereiro de 45, e de Montese, em abril do mesmo ano, foram os maiores feitos dos 25 mil soldados brasileiros. Em julho, os primeiros combatentes voltavam para o Brasil deixando em um cemitério da cidade de Pistoia, perto de Florença, 454 companheiros mortos em combate. O número é menor do que o total de vítimas dos ataques aos navios nacionais por um submarino alemão na costa brasileira, ocorridos dois anos antes. Após cinco embarcações torpedeadas em menos de 72 horas, 607 pessoas morreram, entre civis e militares.

Rússia desenvolverá sistema similar ao Aegis BMD americano

Destroier americano lançador de mísseis guiados USS Ross (DDG-71), classe Arleigh Burke, realiza um disparo com o seu sistema Aegis BMD

A Rússia está pronta para começar o programa de desenvolvimento de um sistema similar ao americano Aegis BMD (Aegis Ballistic Missile Defense System), disse nessa sexta-feira um alto oficial da indústria de defesa da Rússia.

O Aegis BMD foi projetado para interceptar mísseis balísticos na fase de pós-impulso (post-boost) e antes da reentrada e hoje é parte da estratégia americana defesa antimísseis.

“Essa tarefa foi atribuída (de defesa) indústria”, disse Anatoly Shlemov, diretor do departamento de armas da United Shipbuilding Corporation. Análogos do Aegis BMD está sendo construídos pelas empresas associadas a PVO Almaz-Antei (uma das mais renomadas empresas de defesa aérea do mundo)”, disse Shlemov.

Shlemov não quis dar mais detalhes do sistema russo.

Rússia desenvolve submarinos não-tripulados para missões especiais

Anatoly Shlemov

A Rússia está desenvolvendo submarinos não-tripulados para missões especiais, disse recentemente Anatoly Shlemov, diretor do departamento de armas da United Shipbuilding Corporation.

“Foi decidido em 1989 que seria mais oportuno realizar missões com o uso de equipamentos robóticos e não tripulados. São como os “drones”, mas submarinos. Os EUA faz o mesmo, disse Shlemov ao confirmar pela primeira vez que a Rússia desenvolve ditas tecnologias iniciadas no final da década de 1980 na antiga URSS.

Foi por isso, comentou Shlemov, que no final da década de 80 a Armada Rússia renunciou o uso dos mini submarinos da classe Losos (Project 865 Piranha), agora exportados para o exterior, e optou por novas tecnologias robotizadas, um setor “de maior potencial”.