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quarta-feira, 24 de outubro de 2012

O Líbano tornou-se refém da crise síria

Carro-bomba explode em Beirute, capital do Líbano 

De cara fechada e ar sério, Najib Mikati permaneceu no fundo, sem discursar, durante a homenagem prestada no domingo (21) ao general Wissam al-Hassan na sede das FSI (Forças de Segurança Interna). Quando sua longa silhueta apareceu na tela gigante colocada na praça dos Mártires, transmitindo a cerimônia oficial, o primeiro-ministro libanês foi vaiado pela multidão.

Desde o atentado perpetrado em um bairro cristão de Beirute, que na sexta-feira (19) custou a vida do chefe da inteligência das FSI, Mikati se tornou o bode expiatório dos partidários da oposição, que exigem sua demissão. O primeiro-ministro anunciou que permanecerá em seu posto a pedido do presidente Michel Suleiman, pelo “interesse nacional”.

Embora ele disponha do apoio de várias capitais ocidentais, entre elas Paris, que temem que se instale um vazio político no Líbano, o dirigente está vendo ressurgir, dentro da oposição e da comunidade sunita de onde saiu, os ataques dos quais ele foi alvo quando nomeado primeiro-ministro em janeiro de 2011.

Sucessor de Saad Hariri, cujo governo foi derrubado pela coalizão do Hezbollah, esse político nativo de Trípoli (norte) havia sido acusado de ser fantoche de Damasco e do Partido de Deus.  

Em 2005, Mikati, à frente de um gabinete interino, havia garantido a transição até as eleições, após o assassinato de Rafik Hariri. Sua missão hoje é igualmente delicada: o atentado contra Wissam al-Hassan, dirigente sunita de alto escalão próximo da família Hariri, provocou uma crise política, fragilizando um país já minado pelas repercussões do conflito sírio e pelas tensões religiosas.

No último dia 21, o presidente Michel Suleiman, centrista, se apresentou como conciliador. “Estou com a soberania, com a dignidade, com a segurança dos cidadãos”, ele disse durante a cerimônia na sede das FSI. “O martírio [de Wissam al-Hassan] deve nos levar a solidarizar e cooperar”.

O chefe do Estado não quis que nenhum dirigente “encobrisse os criminosos” no assassinato do general sunita.

Suleiman, cujas posições endureceram em relação ao regime sírio desde o verão, também pediu que a Justiça publicasse rapidamente a ata de acusação no caso Michel Samaha, estabelecendo uma ligação direta entre a prisão desse aliado de Damasco no Líbano, que o chefe da inteligência das FSI havia supervisionado, e o atentado de sexta-feira.

Será que o pedido por solidariedade lançado pelo presidente será recebido junto aos dois campos políticos que dividem o país? No domingo, a maioria do “8 de Março” não participou dos funerais, na Praça dos Mártires, e o líder cristão Michel Aoun, um de seus membros, criticou o uso político da morte “de um mártir de todos os libaneses”. Quanto à oposição do “14 de Março”, ela parece determinada a entrar em batalha para reconquistar o poder.

“A queda do governo é o único meio de o país iniciar o diálogo”, garantiu Saad Hariri, líder da oposição, instalado fora do Líbano por razões de segurança.

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