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terça-feira, 22 de janeiro de 2013

Chefe de máfia russa com célula na Espanha tem 'morte de cinema'

O "avô" Aslan Usoyan caiu aos 75 anos como no melhor dos filmes: de um disparo certeiro feito à distância por um franco-atirador. Teve uma morte honorável, se se levar em conta o código que move os mafiosos russos, segundo o qual se pode morrer de muitas maneiras, inclusive cortado em pedaços.

Ele era um "empresário" (uma forma mais evoluída do clássico termo 'ladrão na lei', organização nascida em prisões soviéticas que agregava condenados e que era regida por códigos de honra típicos de máfias) que é como eles gostam de ser considerados, porque o crime, afinal de contas, não é nada mais do que uma forma de negócio.

Era o número um? Em nenhum sistema mafioso é tão complicado fixar hierarquias como na máfia russa, uma organização de estrutura horizontal, muito diferente da clássica pirâmide italiana. Qual é a diferença? Que nunca se sabe onde se começa e onde acaba uma organização. Dois grupos podem se enfrentar num negócio e colaborar em outro: isso acontece na Rússia.

Também há muita bibliografia (e nada depreciável) sobre as conexões entre os poderes do Estado e as organizações criminosas. Parece que o grande inimigo de Usoyan era, por fim, Tariel Oniani. Ambos, originários da Geórgia. Como Alexander Kalashow, o preso "número um" de uma organização criminosa russa na Espanha durante anos.

De fato, Tariel Oniani era o objetivo da polícia espanhola quando foi realizada a Operação Avispa em 2005, uma das principais atuações policiais contra as máfias russas na Espanha. Oniani não estava em sua luxuosa residência de Barcelona no dia previsto para sua detenção: alguém o avisou.

A promotoria espanhola deduziu que Usoyan era uma espécie de protetor de Kalashov e, portanto, alguém que podia velar pelos interesses que ele havia deixado na Rússia enquanto esteve na prisão espanhola.

Resumindo: sobre Usoyan (o morto), Oniani (o suspeito) e Kalashow (o amigo do morto), sabia-se muito na Espanha. Entre outras coisas porque, pelo menos Kalashov e Oniani, e quem sabe Usoyan, compareceram à festa de aniversário do primeiro que aconteceu em 30 de março de 2003, quando o hotel Montiboli de Villajoyosa (em Alicante) foi fechado para eles a sete chaves.

Os convidados chegaram em jatos privados ao aeroporto de Alicante, incluindo os artistas que deveriam amenizar a festa. Na época, Oniani e Kalashov deviam ser amigos e colaboradores. Como Ivankov, o "Japonesito", alguém que quis meditar entre Usoyan e Oniani e que levou três tiros na saída de um restaurante em 2009.

A Guarda Civil espanhola chegou a gravar a festa, embora as imagens tenham sido de péssima qualidade. O mais curioso é que os mafiosos russos estavam cientes todo o tempo da presença da Guarda Civil. Não lhes incomodou porque pensaram que os agentes, embora à paisana, estavam lá para protegê-los.

O encontro foi uma cúpula mafiosa no geral: não havia nenhum inocente entre os convidados. Oniani chegou a ser extraditado para a Espanha em 2011 e interrogado pelo juiz Fernando Andreu como consequência das investigações que aconteciam no país e que, depois da Operação Avispa, desencadeariam Operação Troika.

Não serviu de muita coisa porque ele se negou a declarar e foi devolvido a Moscou, onde estava na prisão. As últimas notícias que se têm de Oniani são que ele ganhou poder, outra das características dessas organizações: não se perde poder por estar na prisão.

A polícia espanhola teve informações de Oniani quando teve contatos com Alexander Litvinenko, ex-tenente coronel da KGB, que informou sobre as importantes conexões de Oniani com políticos russos.

Litvinenko morreu em Londres envenenado com uma substância radioativa (Polônio-210), outra prova da imaginação dos russos na hora de matar.

O mais curioso de tudo é que Oniani foi durante algum tempo suspeito de ser um confidente/colaborador do FSB, o serviço secreto russo herdeiro da mítica KGB.
Algumas fontes também declararam o mesmo em relação a Aslan Usoyan. E é possível que ambos estivessem na folha de pagamento. Porque ninguém sabe onde acaba e onde começa a teia de aranha da máfia na Rússia.

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