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segunda-feira, 28 de janeiro de 2013

Rebeldes sírios não convencem céticos


No momento em que a guerra civil síria chega perto de completar dois anos, os adversários do ditador Bashar Assad e seus defensores internacionais ainda não conseguiram trazer para seu lado muitos setores que ainda apoiam o governo, como as minorias. Elas são uma parcela da população cuja ajuda é essencial não apenas para resolver o conflito, mas, segundo analistas, para impedir que a Síria vire um Estado falido.

Líderes da oposição no exílio prometeram que o futuro governo sírio irá garantir direitos iguais a todos os cidadãos, independentemente da religião e da etnia, incluindo os membros da seita minoritária alauita, à qual pertence Assad. Além disso, eles dizem que os funcionários governamentais que não tiverem "sangue nas mãos" estarão seguros.

Porém, isso não vem ajudando a conquistar o apoio de muitos sírios que veem a insurreição com desconfiança. "A oposição está, na realidade, ajudando a manter o regime em seu lugar", disse Peter Harling, analista do International Crisis Group.

"Ela parece não ter estratégia alguma para preservar o que restou do Estado, para cortejar os alauitas do regime ou para buscar o apoio dos setores que não sabem quem odeiam mais -o regime ou a oposição."

Analistas dizem que a oposição não revelou até agora como lidará com questões políticas, como o destino a ser dado ao Partido Baath, aos soldados comuns do Exército e ao setor público -que emprega pelo menos 1,2 milhão de sírios-, nem como freará a violência sectária e os assassinatos por vingança. Críticos dizem que a oposição vem perdendo oportunidades de rachar a base de apoio ao governo e que ela deixou que Assad se mostrasse perante os indecisos como a melhor opção para conservar o Estado sírio.

O vazio de poder, dizem alguns, formou o pano de fundo do discurso proferido por Assad em 6 de janeiro, quando ele ofereceu negociações políticas com oponentes que considera aceitáveis. De acordo com Harling, o discurso permitiu que Assad persuadisse os indecisos de que ele ainda é uma opção viável.

O ministro do Exterior russo pediu à oposição que ofereça contrapropostas para uma solução política, em vez de simplesmente reclamar da recusa de Assad em negociar. O ex-secretário-geral da ONU Kofi Annan criticou os EUA e a Rússia por não se esforçarem mais para levar os dois lados para a mesa de negociações. Para Annan, a exigência da oposição de que Assad renuncie como condição prévia para negociações está perpetuando o impasse e gerando o risco de caos.

Esses receios são compartilhados por um ex-assessor sobre a Síria na administração Obama, que reconheceu a oposição como representante legítima do país. O assessor em questão, Frederic C. Hof, escreveu no mês passado que, embora a oposição tenha oferecido garantias aos grupos minoritários, que compõem um terço da população, é provável que poucos tenham acreditado. Ainda mais porque grupos jihadistas transmitem chamados gravados em vídeo pela restauração do califado islâmico.

"Por que deveriam acreditar?" escreveu Hof em artigo publicado pelo Atlantic Council, instituto de pesquisas com sede em Washington. "O que pesaria mais na cabeça de um árabe não sunita (ou de um árabe sunita comprometido com a governança secular): um discurso ocasional sobre a primazia da cidadania ou as palavras de ordem gritadas por guerreiros barbudos e transmitidas na TV?"

O problema é, em parte, que a oposição não tem voz unificada. Ela divide-se entre membros seculares e religiosos, exilados e pessoas que combatem dentro da Síria e apoiadores e adversários da luta armada. Mesmo depois de se reorganizar, sob pressão do Ocidente, a coalizão ainda não conseguiu chegar a um acordo para formar um governo no exílio.

Mas a coalizão entende o perigo, disse um de seus membros, Samir Nachar, falando da Turquia.

"Infelizmente, não temos nada que possa realmente aliviar os medos e as ansiedades que atormentam as minorias neste momento", disse.

Nachar rejeita as críticas feitas à oposição, dizendo que a radicalização dos combatentes em campo é culpa de Assad, "por retratar essa revolução como uma revolução sunita", e dos Estados Unidos e outros países, por eles não terem feito uma intervenção militar em apoio à oposição.

Enquanto isso, o governo vem investindo em mais que persuasão. Ele continua a pagar salários e benefícios sociais em algumas áreas sob controle rebelde. Desde o discurso de Assad, a mídia estatal vem divulgando notícias sobre preparativos para um "diálogo nacional".

Esse processo pode estar aplacando os indecisos, escreveu recentemente na revista "Foreign Policy" o analista Emile Hokayem. "Custa pouco para Assad inundar esse público com promessas de progresso político, por mais sem sentido que elas possam ser."

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