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quarta-feira, 9 de outubro de 2013

A guerra do Yom Kippur e a 'tentação nuclear' de Israel em 1973

Considerando os acontecimentos relacionados ao Irã e à questão nuclear das últimas semanas, é uma coincidência que o 40º aniversário da guerra árabe-israelense do Yom Kippur, iniciada no dia 6 de outubro de 1973, esteja sendo dominado, em Israel, por novos testemunhos sobre um episódio que aparentemente era bem conhecido: a tentação dos políticos israelenses de recorrer ao arsenal nuclear para conter um processo militar que começou muito mal diante da ofensiva egípcia no Sinai e do exército sírio nas Colinas de Golã.

Ainda que, no final do conflito, as tropas israelenses tenham parado perto do Cairo e de Damasco, os israelenses ainda guardam a lembrança de um fracasso retumbante, primeiramente dos serviços de inteligência, e também da cegueira dos militares e políticos da época que, assim como o país inteiro após a debandada das forças árabes durante a guerra dos Seis Dias, em 1967, haviam desenvolvido um excesso de confiança na onipotência das Forças de Defesa de Israel.

Esse trauma perdura, algo que pode ser percebido através de análises e interpretações publicadas na ocasião desse aniversário que, por ser visto como a lembrança de um fiasco, não dá lugar a nenhum tipo de celebração. Quatro décadas depois, os israelenses estão realizando uma espécie de introspecção nacional sobre as razões que quase levaram seu país a um desastre militar.

Será que Israel, uma potência nuclear reconhecida não oficialmente, que se gaba de ter feito a comunidade internacional se conscientizar da ameaça representada pelo programa nuclear do Irã, esteve a dois passos de desencadear o apocalipse atômico em outubro de 1973? Em um documentário feito para a TV, o ex-secretário de Estado americano Henry Kissinger acaba de trazer elementos inéditos para essa controvérsia.

Ele ressaltou que os Estados Unidos na época não dispunham de nenhuma indicação que permitisse supor que Israel estava a ponto de usar seu arsenal nuclear e, se fosse esse o caso, a administração Nixon "teria sido muito contrária" a essa opção. Tudo leva a crer, na verdade, que a tentação nuclear do Estado judaico se limitou a uma espécie de grupo isolado dentro do governo dirigido então pela primeira-ministra Golda Meir. O americano Avner Cohen, autor de livros sobre o programa nuclear israelense, acaba de trazer a público o depoimento de Arnan Azaryahou, conselheiro de Yisrael Galili, o ministro que foi o aliado político mais próximo de Golda Meir (1898-1978)

Visão apocalíptica
Essas revelações fragilizam seriamente a teoria --reproduzida há várias décadas por muitos historiadores-- segundo a qual o ministro da Defesa na época, Moshe Dayan, havia convencido o gabinete de guerra a preparar o país para possivelmente utilizar o arsenal nuclear.

A recusa de Moshe Dayan de mobilizar as unidades de reserva, apesar de informações concordantes sobre a iminência de uma ofensiva árabe, não é em si contestada. Assim como o estado próximo de um pânico que tomou conta desse herói da guerra dos Seis Dias, à medida que se proliferavam as informações que confirmavam um colapso das linhas de defesa israelenses. O episódio no qual o ministro da Defesa expõe a seus generais sua visão apocalíptica do desfecho do conflito, mencionando "a destruição do terceiro Templo" (o Estado de Israel) é confirmado por diversas fontes.

Foi nesse mesmo 7 de outubro que se realizou uma reunião de crise do gabinete israelense. Avner Cohen relata que Dayan convocou Shalhevet Freier, diretor da Comissão Israelense de Energia Atômica. O ministro da Defesa, convencido de que a sobrevivência de Israel estava em jogo, pediu à primeira-ministra a autorização para iniciar os preparativos para uma "demonstração" da capacidade nuclear de Israel.

Yisrael Galili e o vice-premiê Yigal Allon se diziam convictos de que Israel venceria por meios convencionais e eram contra a sugestão do ministro da Defesa. Golda Meir os ouviu e, alinhando-se a eles, pediu a Moshe Dayan que esquecesse sua recomendação. Este, declarando que não estava convencido, deu a seguinte resposta à primeira-ministra: "Bom, se é essa sua decisão, eu aceito." A sequência, a contraofensiva bem-sucedida do exército israelense, todos conhecem bem.

Um comentário:

  1. Se vc fosse invadido por 3 paises e com ajuda da Uniao sovietica, vc nao acharia apenas uma tentaçao.

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