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quarta-feira, 17 de setembro de 2014

Japão quer virada política de segurança baseada em 'ameaça chinesa'

Shinzo Abe, premiê japonês
Não há um dia em que a imprensa japonesa não repercuta as novas "intrusões" chinesas nas ilhas Senkaku, cuja soberania os dois países disputam, ou nas águas que cercam o minúsculo rochedo de Okinotorishima, perto de Taiwan.

Ou do que dizem as pesquisas do país vizinho sobre a possibilidade de que se desencadeie um conflito militar. Ou da corrida de seus primeiros-ministros para fechar acordos comerciais e de cooperação com o maior número possível de vizinhos. No que diz respeito à política externa, tudo para Tóquio gira em torno da China, seu expansionismo e a nova dinâmica geopolítica regional.

"Há temores de que o Japão não seja capaz de responder adequadamente aos desafios que tem pela frente, e então seu poder como nação se veja reduzido e, em consequência, a política japonesa se transforme em um verdadeiro caos", afirma Shinichi Kitaoka, diretor de pesquisa no Instituto Internacional de Análise Política e assessor do primeiro-ministro Shinzo Abe em políticas de segurança.

Sobre esses temores, o conservador Abe introduziu reformas sutis, mas substanciais em termos de política externa e de segurança, que alteram de forma considerável o quadro em que o país se moveu desde o final da Segunda Guerra Mundial. O Executivo não duvidou em pôr fim a uma década de cortes nos gastos militares, abriu a possibilidade de que as tropas japonesas participem de maneira ativa de missões coletivas no exterior e possam utilizar a força, e abrandou as limitações existentes à exportação de armas.

"As mudanças nos equilíbrios de poder global, os rápidos avanços na inovação tecnológica e a proliferação de armas de destruição em massa elevaram as tensões na região Ásia-Pacífico, e isso propicia uma situação na qual qualquer ameaça, independentemente de onde se produza, poderia acabar influindo diretamente sobre a segurança do Japão", explica Katsuro Kitagawa, diretor de Política de Segurança Nacional, em uma sala do Ministério das Relações Exteriores em Tóquio, diante de um grupo de jornalistas estrangeiros.

Na Constituição, imposta pelos EUA em 1947 após a derrota do Japão na Segunda Guerra Mundial,  o país renuncia à guerra. O artigo 9º lhe proíbe ter "forças de terra, mar e ar, assim como qualquer efetivo armamentista". Desde então, vários governos japoneses reinterpretaram o texto constitucional até permitir o estabelecimento das chamadas forças de autodefesa, sem que isso tenha envolvido uma reforma do texto constitucional e, portanto, a realização de um referendo. Caso seja feito, segundo uma pesquisa publicada pelo jornal "The Nikkei", 50% da população rejeitaria as mudanças, que só contariam com o apoio de 34% dos japoneses.

O governo de Tóquio argumenta também que "a nova geração de armamento é muito cara". "Precisamos estabelecer programas de desenvolvimento junto com outros países", afirma Kitaoka. Abe quer fazer dessa indústria um pilar da nova estratégia de revitalização econômica e estabeleceu acordos para desenvolver e produzir diferentes tipos de armamento com França, Reino Unido e Índia.

Em sua estratégia para contrabalançar o crescente poderio chinês, Tóquio acompanha essas mudanças com uma nova campanha para tentar reformar o Conselho de Segurança da ONU e conseguir um assento permanente ou semipermanente, embora sem direito de veto.

Apesar de tudo, o Japão quer preservar das tensões sua relação econômica com a China. "A China é um parceiro muito importante para o Japão. Nós não dizemos às empresas o que devem fazer, mas é verdade que nos preocupam sua falta de transparência e as crescentes tensões no mar do Sul da China", aponta Katsuro Kitagawa.

Um comentário:

  1. A industria armamentista dá uma boa grana... A Odebrecht tá descobrindo agora...

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